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Segurança Alimentar
No enfrentamento às mudanças climáticas, Programa Cisternas promove acesso à água no Semiárido e na Amazônia
Em Morada Nova (CE), a beneficiária Diana Assunção da Silva e o marido Francisco Regivaldo Amaral Assunção (na foto) receberam uma cisterna de enxurrada, utilizada para auxiliar na produção. Foto: Marcelo Curia/ MDS - Foto: Marcelo Curia
As mudanças climáticas estão intensificando secas, desertificação e perda de biodiversidade. Segundo o fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis/Ufal), meteorologista Humberto Barbosa, isso afeta diretamente a segurança alimentar e aumenta a pobreza.
A situação se agrava com o crescimento de fenômenos como a “seca-relâmpago” – evento climático intenso e rápido, ligado a temperaturas muito altas, que está se tornando mais comum.
O meteorologista observou que as áreas secas e degradadas do Semiárido brasileiro estão recebendo mais radiação de calor e tendo menos formação de nuvens. Como resultado, a diminuição das chuvas e o aumento da aridez em diversos municípios.
“A aridez no Brasil tem aumentado nas últimas duas décadas, representando uma transição de regiões semiáridas para áridas, que abrangem 8% do território nos últimos 20 anos. Além disso, observou-se uma transição de regiões subúmidas secas (como as do Agreste) para semiáridas, correspondendo a um aumento de 55% nesse mesmo período”, revelou Humberto Barbosa.
A alteração nas condições climáticas torna a disponibilidade de água menos previsível e intensifica os episódios de estresse hídrico extremo, uma realidade ainda enfrentada por milhares de brasileiros em pleno 2025.
É muito interessante observar que as cisternas exercem um impacto socioeconômico significativo no Semiárido brasileiro. Além de garantir a segurança hídrica, a água armazenada proporciona também certa autonomia à população local”
Humberto Barbosa, meteorologista e fundador do Lapis/Ufal
Em resposta a essa crise, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) tem ampliado os investimentos na instalação de cisternas nas áreas afetadas pelas mudanças climáticas.
A meta do Governo Federal é construir 220 mil equipamentos pelo Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para atender 905 municípios até o fim de 2026. O investimento previsto é de R$ 2 bilhões.
Para isso, a União conta com 30 parcerias firmadas com 20 atores diferentes (estados, consórcios públicos e organizações da sociedade civil), resultando em 200 contratos com entidades previamente credenciadas pelo MDS.
Da meta de 220 mil cisternas, foram contratadas 186.242 entre 2023 e maio de 2025. Neste período, já foram entregues mais de 68,4 mil tecnologias de acesso à água.
“É muito interessante observar que as cisternas exercem um impacto socioeconômico significativo no Semiárido brasileiro. Além de garantir a segurança hídrica, a água armazenada proporciona também certa autonomia à população local”, destacou o pesquisador.
A construção das 186.242 cisternas representará um investimento de R$ 1,7 bilhão. Deste valor, R$ 500 milhões serão provenientes do edital, lançado no fim de 2024, para a recuperação de 2,5 mil cisternas com mais de dez anos de uso e para a construção de mais 50 mil tecnologias sociais, sendo 46 mil de 1ª água, quatro mil de 2ª água e 245 cisternas escolares. O quantitativo previsto no edital será realizado em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), por meio da AP1MC.
"Muitas dessas regiões atualmente áridas, são diagnosticadas como áreas extremamente degradadas, onde o processo de desertificação já está em curso. Isso afeta diretamente a produtividade, inviabilizando a segurança alimentar da agricultura nesses municípios que se tornam áridos”, acrescentou Humberto Barbosa.
Além dos recursos do Novo PAC, existem outras fontes de financiamentos para o Programa Cisternas. Por meio da Fundação Banco do Brasil e do BNDES, foram destinados R$ 40 milhões, desde 2023, para implementação de tecnologias de água para produção de alimentos, voltados para o atendimento de 1,4 mil famílias no Semiárido.
Para a região Norte, que também sofre com as mudanças climáticas, uma fonte alternativa de recursos vem do Fundo Amazônia, no valor de R$ 150 milhões. O recurso irá beneficiar 4,3 mil famílias extrativistas, quilombolas e assentadas.
Nos últimos anos a seca tem afetado os níveis dos rios, especialmente o Rio Negro, que atingiu o menor nível em 122 anos de medições. Os impactos incluem isolamento de comunidades, dificuldades no transporte e desabastecimento de alimentos.
Assessoria de Comunicação - MDS