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Banco Mundial destaca geração de emprego e renda a partir de iniciativas como o Cadastro Único
Andresa Santos e sua filha Bella Ayla em um Centro de Referência de Assistência Social em Salvador. Elas estão inscritas no Cadastro Único, que lhes garante acesso a serviços governamentais voltados às populações mais vulneráveis. (Foto: Mariana Ceratti/Banco Mundial.)
Em artigo assinado por Iffath Sharif, diretora global de Proteção Social e Empregos do Banco Mundial, e Cécile Fruman, diretora do Banco Mundial para o Brasil, a instituição destaca como iniciativas estruturantes, a exemplo do Cadastro Único, são decisivas para impulsionar a geração de emprego e renda em larga escala. O texto evidencia que a integração entre proteção social, qualificação profissional e acesso ao mercado de trabalho permite ao país avançar além da transferência de renda, promovendo inclusão econômica, mobilidade social e redução sustentável da pobreza.
Confira abaixo:
Gerando empregos em escala: como o Brasil está redefinindo o primeiro degrau da escada do trabalho
A verdadeira compreensão do impacto dos programas de inclusão econômica vem de ver vidas sendo transformadas — estar ao lado de mulheres construindo pequenos negócios, de jovens ingressando em empregos formais e de famílias começando a planejar o futuro. Esses momentos se tornam possíveis — e inevitáveis — quando governos e seus parceiros investem tempo e recursos para desenhar e implementar políticas de inclusão econômica para os mais pobres.
No Brasil, uma nova geração de programas de inclusão econômica está ganhando forma, indo muito além do mundialmente conhecido Bolsa Família. Por trás dessas transformações está um componente muitas vezes invisível, mas essencial para viabilizar ações em larga escala: o cadastro social. O Cadastro Único, Registro Unificado para Programas Sociais do Governo Federal, tornou-se uma ponte fundamental entre a proteção social e os mercados de trabalho.
Por meio do Programa de Impacto Jobs for the Poor (J4P), do Banco Mundial, líderes governamentais de 11 países se reuniram para aprender como esse sistema de intermediação de empregos permite a inclusão econômica em grande escala. O debate já não é mais se esses programas funcionam — as evidências são agora incontestáveis.
Cadastros sociais: viabilizando a escala
O Cadastro Único atende 93 milhões de pessoas — 43% da população brasileira — por meio de três funções-chave. Primeiro, identifica quem é mais difícil de alcançar: 75% dos inscritos vivem em domicílios com renda inferior à metade do salário mínimo. Segundo, funciona como porta de entrada para oportunidades, conectando as pessoas não apenas a transferências de renda, mas também à qualificação profissional, ao apoio ao empreendedorismo e ao emprego formal. Terceiro, possibilita a coordenação, permitindo que programas federais e estaduais atuem de forma integrada — conectando transferências de renda à capacitação, apoio ao empreendedorismo ao microcrédito e integrando empregadores do setor privado. Assim, o cadastro se transforma de uma ferramenta de focalização em uma plataforma de mobilidade econômica.
Como isso se materializa no território
Os impactos já são visíveis. Em um mercado de Salvador, por exemplo, agricultores familiares apoiados por programas de inclusão produtiva rural passaram a fornecer para grandes compradores e a acessar novos mercados. Em centros comunitários urbanos de capacitação, mulheres recebem apoio empresarial e equipamentos para transformar atividades domiciliares em microempreendimentos viáveis. Em um site de call center, parcerias entre o governo e empregadores privados estão abrindo portas para empregos formais com salário para jovens.
Todos esses participantes estavam inscritos no Cadastro Único. O cadastro os conectou a apoios coordenados, incluindo qualificação profissional, agentes de estruturação de negócios e acesso ao microcrédito produtivo.
A urgência e a oportunidade
As evidências são claras. Quando o apoio à renda é combinado com capital produtivo, capacitação, mentoria e acesso a mercados, famílias pobres e vulneráveis conseguem gerar renda, poupar e investir. Elas sobem o primeiro degrau da escada de oportunidades. As mulheres ganham voz. Os jovens encontram caminhos para o trabalho. E as famílias conquistam estabilidade.
A verdadeira questão é quão rápido — e quão longe — essas abordagens podem chegar às pessoas. Essa pergunta é urgente. Em todo o mundo, os países enfrentam enorme pressão para responder a crises de emprego cada vez mais profundas, que atingem primeiro e com mais força os domicílios pobres.
O Brasil mostra que alcançar essas populações em escala exige infraestrutura fundamental. Os cadastros sociais funcionam como o elo crítico entre os sistemas de proteção social e os mercados de trabalho. Entre os inscritos no Cadastro Único com as menores rendas, a taxa de desemprego chega a 44% — muito acima da média nacional. Entre os ocupados, 86% trabalham na informalidade. O cadastro social torna possível alcançar essas pessoas de forma sistemática, conectando-as a trilhas de qualificação, serviços de estruturação de negócios, acesso a mercados e apoio protetivo durante as transições.
Do aprendizado compartilhado à ação compartilhada
Escala não é algo que os países conseguem alcançar sozinhos. O Programa de Impacto J4P ajuda governos a aprender com inovações como as do Brasil, explorando como cadastros sociais, programas de inclusão econômica e parcerias com o setor privado podem ser combinados para expandir oportunidades.
A abordagem do Programa de Impacto — “Aprender. Adaptar. Escalar.” — capturou esse espírito. Líderes governamentais participantes refletiram sobre as lições aprendidas, adaptaram-nas aos seus próprios contextos e começaram a identificar ações para avançar, incluindo o aprimoramento de mecanismos de coordenação, o fortalecimento da capacidade institucional e a mobilização de financiamento.
Por meio de intercâmbio entre pares, apoio técnico e coalizões para a mudança — respaldadas por financiamento do Banco Mundial e forte engajamento de parceiros da Parceria para Inclusão Econômica e da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza — o programa está ajudando países a acelerar o progresso rumo à meta de alcançar 500 milhões de pessoas com proteção social e apoio ao emprego até 2030.
O que começou no Brasil agora avança como um novo capítulo de colaboração. Com prioridades mais claras, coordenação mais forte e parcerias mais profundas, os governos estão melhor posicionados para mobilizar coalizões nacionais, alinhar investimentos e transformar programas comprovados de inclusão econômica em esforços nacionais de grande escala que gerem empregos, oportunidades e resiliência.
O caminho da pobreza à produtividade não começa com um emprego ou um empréstimo para negócios — começa com ser visto, ser contado e ser conectado por meio de sistemas como os cadastros sociais. Essa é a revolução silenciosa que está tornando o crescimento inclusivo uma realidade para os milhões que mais precisam.
Reprodução Banco Mundial
Assessoria de Comunicação - MDS