O cometa e os impostos
O aparecimento de cometas sempre provocou pânico entre as populações do nosso mundo. Os astrólogos, desorientados com o surgimento de um astro que não estava previsto, aumentavam os temores prognosticando desastres naturais, pestes e guerras. Especialmente no Oriente essas crenças eram muito arraigadas, mas o Ocidente não estava livre de preconceitos contra tais astros.
Mesmo a passagem do cometa de Halley em 1910 foi cercada de boatos aterrorizantes. Diziam uns que ele iria se chocar com a Terra, outros sustentavam que sua cauda era venenosa e mataria todos os seres vivos quando a atravessássemos (não deixavam de ter um pouco de razão: há gases tóxicos nela, mas numa proporção inofensiva), e, finalmente um bom número acreditava que ele era um mensageiro de desgraças, um ser de mau-augúrio (também estes acabaram acertando: pouco tempo depois o Titanic afundou e em 1914 estourou a Primeira Guerra Mundial).
Na verdade, a única consequência científica comprovada da passagem dos cometas é o aumento periódico de meteoritos ("estrelas cadentes"), resultante do esfacelamento de alguns deles ou de suas caudas.
Mas, por incrível que pareça, já houve efeitos tributários provocados pela passagem de um cometa. O imperador da China Tai-Song, que reinou de 976 a 997 d.C., determinou uma redução de impostos após aparecimento de um grande cometa, acreditando que ele representava uma advertência dos céus contra sua forma de governar. (CÉSARE CANTU, História Universal, 15:342)
Se estivéssemos na China de Tai-Song, a Receita Federal teria que montar um observatório astronômico, para evitar surpresas na arrecadação...