Cassação da patente de general de Ruy Barbosa
Ruy Barbosa, a "Águia de Haia", glória da inteligência nacional, jurista emérito, diplomata, orador e escritor, foi Ministro da Fazenda nos primeiros dias da República, no governo do Marechal Deodoro da Fonseca, no período de 15 de novembro de 1889 a 22 de janeiro de 1891. Imediatamente após a proclamação da República, um decreto do Marechal Deodoro nomeou vários republicanos ilustres, entre os quais Francisco Glicério e Ruy Barbosa, "Generais de Brigada Honorários", e como tais, integrantes do Exército.
Deodoro, entretanto, logo se desentendeu com a maior parte dos republicanos, inclusive com o seu vice-presidente, o também Marechal Floriano Peixoto. A tentativa do Marechal Deodoro de dissolver o Congresso e governar sozinho fracassou e ele renunciou, arrastando consigo todo o seu ministério, inclusive Ruy Barbosa. Floriano Peixoto assumiu a Presidência e estabeleceu um regime bastante autoritário. Alguns generais protestaram contra certas medidas do governo e foram presos. Ruy Barbosa impetrou um "habeas-corpus" junto ao Supremo Tribunal Federal, que não foi acolhido.
Essa instabilidade política acabou por gerar a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. Ruy Barbosa, malvisto pelo Presidente Floriano, se auto-exilou na Inglaterra, onde escreveu alguns artigos criticando o governo.
Floriano, homem agressivo e cioso de sua autoridade, não teve dúvidas em reagir. O Diário Oficial da União, de 25 de novembro de 1893, publicou um decreto cassando a patente do general de brigada Ruy Barbosa e o expulsando do Exército...
Anos mais tarde, houve uma anistia. Ruy já havia voltado ao país, mas não consta que tenha querido se reintegrar ao seu posto de general. Sua rápida carreira militar não deixou traços na sua biografia. Ele continuou a ser o jurista e homem de letras que sempre fora.