O armazenamento de dióxido de carbono no solo é essencial para a mitigação das mudanças climáticas e para o fortalecimento da resiliência dos sistemas produtivos. Ao aumentar o teor de carbono orgânico, o solo passa a atuar como um reservatório natural capaz de remover CO₂ da atmosfera, reduzindo a concentração de gases de efeito estufa. Esse processo também melhora a estrutura e a fertilidade do solo, ampliando sua capacidade de retenção de água, diminuindo a erosão e favorecendo a produtividade agrícola. Além disso, solos mais ricos em carbono contribuem para sistemas agropecuários mais sustentáveis, fortalecendo práticas conservacionistas e reduzindo vulnerabilidades diante de eventos climáticos extremos. Por essas razões, o sequestro de carbono no solo é reconhecido mundialmente como uma das estratégias mais eficazes, econômicas e de longo prazo para promover segurança climática e alimentar.
A irrigação contribui de forma significativa para a mitigação climática ao favorecer o aumento do sequestro de carbono no solo e na biomassa vegetal. Diversos estudos brasileiros mostram que a irrigação, quando associada ao manejo adequado, eleva o acúmulo de carbono orgânico no solo (COS) por ampliar a produção de biomassa e estimular sistemas mais intensivos. Estudos conduzidos pela Embrapa e instituições federais de pesquisa demonstram que áreas agrícolas irrigadas podem apresentar entre 10% e 25% mais carbono orgânico no solo do que áreas de sequeiro, devido ao maior crescimento radicular e ao aporte contínuo de resíduos vegetais. Em cultivos irrigados de fruticultura no Vale do São Francisco, os incrementos chegam a 0,4 a 0,7 tonelada de carbono por hectare ao ano, resultado da maior produção de biomassa proporcionada pela estabilidade hídrica.
Sistemas rotacionados irrigados também registram acúmulos expressivos, chegando a 2 toneladas adicionais de carbono por hectare após cinco anos. Esses dados reforçam que a irrigação, quando associada a práticas conservacionistas, fortalece a resiliência dos sistemas produtivos e contribui diretamente para a redução dos riscos climáticos. Pesquisas com pastagens de capim-Tifton irrigadas no Nordeste registram incrementos de 15% a 30% no carbono armazenado no solo em comparação com pastagens não irrigadas. A razão: irrigação aumenta o número de cortes, o volume radicular e a densidade de biomassa, ampliando o retorno de carbono ao solo.