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Falácias sobre a irrigação
A irrigação desempenha papel estratégico na segurança alimentar, na estabilidade da produção agrícola e no desenvolvimento regional. Contudo, diversos equívocos persistem no debate público sobre sua adoção e seus impactos. A seguir, apresentam-se as principais falácias relacionadas à agricultura irrigada, acompanhadas de breves esclarecimentos técnicos.
1. “Irrigação desperdiça água”
Falácia: Supõe-se que irrigar sempre aumenta o consumo hídrico.
Realidade: Sistemas bem projetados (gotejamento, pivô central, automatização) aumentam a eficiência, reduzindo perdas por evaporação e percolação. Em muitos casos, usar irrigação é mais eficiente do que depender exclusivamente da chuva.
A ideia de que a irrigação necessariamente aumenta o desperdício hídrico é equivocada. Tecnologias modernas, como gotejamento, irrigação pressurizada e sistemas automatizados, elevam a eficiência no uso da água e reduzem perdas por evaporação e percolação.
2. “Toda irrigação causa degradação ambiental”
Falácia: Irrigação é automaticamente associada à salinização, erosão e contaminação.
Realidade: Problemas ambientais surgem de má gestão, não da irrigação em si. Boas práticas conservacionistas, manejo integrado e monitoramento de solo e água evitam impactos negativos.
Problemas ambientais associados à irrigação — como salinização e erosão — decorrem de manejo inadequado. Quando realizada de forma planejada, com monitoramento de solo e água, a irrigação é compatível com práticas conservacionistas e com a sustentabilidade ambiental.
3. “Água para irrigação compete diretamente com água para uso humano”
Falácia: A irrigação “desvia” água que seria usada pela população.
Realidade: O uso agrícola normalmente ocorre em bacias com volumes planejados para múltiplos usos, e existe regulação (outorga). Além disso, a eficiência no campo evita conflitos.
A irrigação utiliza, predominantemente, água bruta proveniente de fontes específicas e reguladas por outorga. O uso agrícola é planejado de forma integrada com outros usos múltiplos da bacia hidrográfica, evitando conflitos de alocação.
4. “Áreas irrigadas sempre aumentam o desmatamento”
Falácia: A expansão da irrigação é sinônimo de derrubar novas áreas.
Realidade: A irrigação frequentemente é usada justamente para intensificar a produção em áreas já abertas, reduzindo a pressão por expansão horizontal.
A irrigação frequentemente tem o papel de intensificar a produção em áreas já consolidadas, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas para cultivo.
5. “Agricultura irrigada é só para grandes produtores”
Falácia: Irrigação seria economicamente viável apenas em grandes propriedades.
Realidade: Hoje existe uma gama de tecnologias acessíveis para pequenos e médios produtores, como kits de gotejamento, microaspersão e sistemas de baixo custo. O avanço tecnológico e a diversidade de sistemas disponíveis permitem a adoção da irrigação por pequenos e médios agricultores, com soluções de baixo custo e escaláveis.
6. “Irrigação usa água potável”
Falácia: A água usada seria a mesma destinada ao consumo doméstico.
Realidade: A irrigação utiliza principalmente água bruta, não tratada, e muitas vezes proveniente de fontes específicas (canais, rios, poços, reservatórios).
7. “A irrigação resolve todos os problemas de produtividade”
Falácia: Basta irrigar que a produção aumenta automaticamente.
Realidade: Sem manejo adequado de fertilidade, variedade, solo, clima e pragas, a irrigação não garante produtividade.
8. “Basta instalar o equipamento; não é preciso manejo”
Falácia: Irrigação é totalmente automatizada e exige baixo acompanhamento.
Realidade: É necessário monitorar lâmina, turno de rega, evapotranspiração, qualidade da água, manutenção e calibração. A irrigação exige operação contínua, com avaliação de evapotranspiração, lâmina aplicada, turno de rega e manutenção do equipamento. O desempenho do sistema depende de gestão ativa.
9. “Água aplicada = água consumida”
Falácia: Todo o volume irrigado seria perdido.
Realidade: Parte significativa retorna ao sistema hídrico por recarga de aquífero e drenagem superficial. Parte do volume retorna à bacia por recarga de aquíferos, drenagem e percolação, integrando o ciclo hidrológico.
10. “Irrigação é incompatível com sustentabilidade”
Falácia: Irrigação e sustentabilidade seriam opostas.
Realidade: Irrigação bem manejada aumenta a eficiência do uso da água, reduz perdas de produção e permite maior segurança alimentar, sendo compatível com práticas de conservação.