Produtora de caprinos no Ceará conquista seu lugar no campo

 

A mesa farta e animais bem tratados chamam a atenção de quem passa pela pequena propriedade. "Uma realidade bastante diferente de cinco anos atrás", conta Iriam Custódio, de 52 anos. "Apesar de ter nascido no campo, não tinha muitas esperanças de sobreviver por aqui. A seca severa e a pobreza da região não nos davam condições de progredir."

 

Criadora de ovinos e caprinos há pouco mais de sete anos, a produtora rural achou apoio nas ações do programa Rotas de Integração Nacional, do Ministério da Integração Nacional. Ela recebeu capacitação e treinamento para controle sanitário e nutricional dos animais. "Encontrei na Rota do Cordeiro uma chance de construir um futuro aqui mesmo, nas terras onde cresci. O apoio do programa foi fundamental para garantir a qualidade do meu rebanho e me tornar apta a competir com os grandes revendedores comerciais", explica.

 

Iriam garante que a nutrição adequada, com baixo custo, durante todo o ano, e o melhoramento genético do gado foram fundamentais para aumentar a produtividade, reduzir a mortalidade entre os animais e garantir a rentabilidade dos negócios. "Formei três filhos e ajudei meu marido a abrir um negócio na cidade. Hoje temos cerca de 80 animais, e uma demanda cada vez maior. Chego a revender mais da metade do rebanho a cada feira que participo", diz a produtora. "Já consegui alcançar um produto de qualidade. Meu objetivo agora é investir na plantação de mudas forrageiras, para alimentar meu rebanho e atender à região."

 

A produção de cordeiros é uma atividade tradicional em Tauá. Porém, ela ganhou fôlego com o programa. Iriam conta que a capacitação abriu novas portas para o negócio, além de ensiná-la formas diferentes de dispor a carne para comercialização.

 

Um exemplo é a preparação da carne. O corte em manta, mais valorizado pelo mercado consumidor, era antes feito apenas pelos frigoríficos; hoje ela mesma é capaz de preparar o produto. "O (programa) Rotas nos mostrou outras possibilidades de revender a carne do cordeiro. A derivação do produto é mais lucrativa e valorizada do que o animal vivo", diz a produtora.

 

A qualidade da carne do "cordeiro da caatinga" produzida em Tauá, com sabor e consistência diferenciados, já é reconhecida em todo o Estado. O produto corresponde a 80% do faturamento comercial de Tauá.

 

A Rota do Cordeiro tem como principal parceira a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). "A criação de cordeiro é hoje uma das principais atividades econômicas de Tauá e já alcança status de melhor carne de cordeiro do estado. A tradição na criação de animais de pequeno porte somada ao trabalho de padronização do produto gerou a fama", explica o especialista Octávio Morais, da Embrapa.

 

Além do trabalho com os animais, Morais conta que a Rota do Cordeiro também auxiliou os produtores a identificarem e lucrarem com atividades derivadas da produção de animais.

 

"Além de padronizar a carne do cordeiro de Tauá, nós também investimos no apoio nutricional dos animais, com a disponibilização de mudas de plantas forrageiras ricas em água, o que é muito importante no sertão, e com grande potencial nutricional. Isso resultou em animais mais saudáveis e uma carne ainda mais saborosa", explica o pesquisador.

 

 

O Programa Rota do Cordeiro é uma iniciativa do Ministério da Integração Nacional, via Secretaria de Desenvolvimento Regional, com a participação da Embrapa Caprinos e Ovinos e diversos parceiros locais, regionais e nacionais. O objetivo é apoiar a atividade de produção de cordeiros e cabritos no Nordeste e todas as atividades que estão ligadas a essa cadeia produtiva, como a frigorificação, distribuição e comércio, além do beneficiamento da carne, culinária e gastronomia.