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Enem: Saiba mais sobre as provas em braile
“Para as pessoas que não fazem o Enem, ou não querem fazer somente pela deficiência ou por medo de não ter o apoio, eu diria que todos nós conseguimos e temos o direito de ter um bom futuro”. Aos 18 anos, Thayna da Silva Rodrigues, moradora de Itabira, Minas Gerais (MG), pauta-se na sua própria experiência para indicar as portas que podem ser abertas com a participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A jovem esteve entre os 195 participantes cegos e surdocegos que fizeram provas no Sistema Braile, cujo dia nacional é celebrado nesta terça-feira, 8 de abril.
Ao longo dos anos, o Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aprimorou a acessibilidade nas aplicações, com o objetivo de oferecer condições cada vez mais isonômicas nos exames e avaliações. Além das provas em braile, os participantes podem solicitar recursos como: sala individual; mobiliário com dimensões adequadas para o manuseio da prova e dos recursos assistivos; auxílio para leitura e transcrição; tempo adicional; leitor de tela; prova ampliada; prova super ampliada; guia-intérprete e sala de fácil acesso.
- As provas em braile e outros atendimentos especializados fazem parte da Política de Acessibilidade e Inclusão do Inep.
Durante as aplicações, também é permitido utilizar material próprio, incluindo máquina de escrever em braile, além de outros recursos, como lâmina overlay; reglete; punção; sorobã ou cubaritmo, caneta de ponta grossa; tiposcópio; assinador; óculos especiais; lupa, telelupa; luminária; tábuas de apoio; multiplano e plano inclinado. O participante também pode ser acompanhado por cão-guia.
- Os participantes também podem escrever e ter a redação corrigida em braile.
- Quem solicita a prova em braile recebe automaticamente o recurso de mesa e cadeira sem braço, além de contar com um profissional ledor e transcritor.
Estudante do 3º ano do ensino médio até o ano passado, Thayna fez o Enem 2024, com a perspectiva de cursar a educação superior em psicologia. Ela contou com provas em braile e com o auxílio de um ledor. “Tive todo o apoio possível e todos os recursos que precisei para fazer uma prova com total autonomia e tranquilidade”, avaliou. Segundo Thayná, tudo correu bem, desde a solicitação do atendimento especializado até o momento do exame. “Precisei somente fazer o pedido e, no dia, lá estava todo o recurso e apoio necessário para eu fazer uma boa prova”, afirmou.
Morador de Senador Canedo, em Goiás (GO), Luziano Silva Neves, 27 anos, também fez as provas do Enem no Sistema Braile. Em um primeiro momento, em 2019, o objetivo era cursar análise e desenvolvimento de sistemas, mas as notas o levaram à ciência da computação. Passado um período, Luziano trancou a sua matrícula e lançou mão da nota no Enem novamente. Desta vez, para cursar a graduação que sempre quis, com uma bolsa parcial. “Eu tive um bom desempenho a ponto de conseguir uma boa nota para ingressar no curso que eu queria e no qual acabei me formando”, disse.
- Desde 2023, o Cartão-Resposta das provas, que até então era impresso em fonte padrão (tamanho 12) para todos os participantes, é adaptado, no caso das pessoas com deficiência visual (tamanho 18).
Na avaliação de Luziano, o contato com pessoas que já passaram pela experiência pode ajudar a entender aspectos do exame. “É importante tentar. Acho que o contato com outros cegos ou pessoas com deficiência que já fizeram o Enem também ajuda a abrir o leque de experiências”, pontuou. Luziano chamou a atenção para a colaboração, em relação a matérias de estudo para o exame voltado a pessoas com deficiência. “Eu doei os meus livros que usei para estudar. Não joguei fora. Acho que é uma forma de ajudar outras pessoas”, disse.
De acordo com ele, é fundamental buscar auxílio para lidar com possíveis intercorrências, mas ter a iniciativa de fazer o exame. “Sobre as pessoas com deficiências em geral, acho que é questão de confiar em você mesmo, não ter medo de buscar, fazer a prova e buscar ajuda, se precisar”, analisou.