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Uso estratégico de dados e de inteligência artificial no diagnóstico da força de trabalho marca debates do Seminário Nacional sobre DFT
O segundo dia do Seminário Nacional sobre Planejamento e Dimensionamento da Força de Trabalho (DFT), promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), nesta quarta-feira (19/11) reforçou o papel dos dados como base para decisões estratégicas na administração pública. O uso de tecnologia e inteligência artificial no mapeamento de serviços e diagnóstico da força de trabalho também foi destaque na última mesa temática do evento.
O secretário de Gestão de Pessoas, José Celso Cardoso, destacou que o evento integra um ciclo contínuo de discussões que vem fortalecendo a agenda de gestão de pessoas desde 2023. Ele lembrou que a SGP realizou, ao longo do ano, encontros sobre concursos, People Analytics e temas ligados ao ciclo laboral, e que a área se prepara para novas entregas, como o Conecta Gente Extraordinário, em dezembro. Será lançada a nova edição da revista Gestão de Pessoas em Evidência, desta vez, dedicada ao Programa de Gestão e Desempenho (PGD).
Para 2026, de acordo com o secretário, estão previstos seminários dedicados a carreiras, gestão de desempenho e gastos com pessoal. “Buscamos consolidar uma visão integrada e estratégica da gestão de pessoas, essencial para recuperar a capacidade estatal e melhorar a entrega de políticas públicas”, afirmou.
A primeira mesa temática do dia tratou sobre como o DFT tem ampliado a capacidade dos órgãos de identificar gargalos, perfis profissionais e necessidades estruturais com base em evidências. A mediação foi feita pela analista Ana Volpi, da CGEFOR. Ela destacou que o diagnóstico gerado pela metodologia somente é possível graças ao comprometimento dos órgãos no preenchimento e acompanhamento dos dados. “É isso que garante precisão na identificação de gargalos e perfis profissionais, e que orienta ações concretas como concursos e movimentações”, afirmou.
A diretora de Governança e Inteligência de Dados, Miriam Guimarães, trouxe uma reflexão sobre como a integração entre tecnologia, gestão de pessoas e organização de dados está permitindo superar limitações históricas. Para ela, projetos como o DFT, aliados às informações dos currículos do SouGov e às análises geracionais produzidas pela pesquisa Vozes do Serviço Público, representam um marco para o avanço do People Analytics no governo federal. “O que estamos construindo abre caminho para resgatar a gestão por competências, agora sustentada por dados, tecnologia e velocidade que antes não existiam”, ressaltou.
O representante da diretoria de Carreiras e Desenvolvimento de Pessoas, Rafael Macedo, afirmou que a arquitetura de carreiras depende cada vez mais de informações consolidadas para orientar decisões sobre transformação de cargos, perfis transversais e planejamento de longo prazo. “Uma carreira não existe só na lei. Ela precisa estar alinhada a necessidades reais, e isso só se revela quando temos clareza sobre processos, perfis e demandas dos órgãos”, explicou.
As discussões evidenciaram um consenso: o DFT vem permitindo conectar dados antes dispersos e transformá-los em ações concretas, do planejamento de concursos à movimentação de servidores, passando pelo aprimoramento das carreiras e pela execução das políticas públicas. A consolidação dessa “visão integrada”, mencionada por várias falas, tem sido apontada pelos gestores como um passo decisivo para ampliar a capacidade estatal e qualificar a entrega do Estado ao cidadão.
Também participaram da mesa representantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Coordenação-Geral de Movimentação de Pessoal (CGMOP) e da Coordenação-Geral de Planejamento da Força de Trabalho (CGEFOR), que contribuem diretamente para o aprimoramento da metodologia e para a implementação do dimensionamento nos órgãos federais.
IA no diagnóstico da força de trabalho
O uso de tecnologia e inteligência artificial no mapeamento de serviços e diagnóstico da força de trabalho foi tema da última mesa promovida no Seminário. O diretor de Soluções Digitais e Informações Gerenciais do MGI, Antônio Fiuza, moderou e fez a abertura da mesa. “Temos que pensar de forma integrada, buscando formas de tornar a gestão de pessoas mais estratégica. Precisamos potencializar a gestão de pessoas na tomada de decisões baseada em evidências, não pensando em sistemas, tecnologia ou processos isoladamente, todos esses aspectos devem ser trabalhados juntos. Usar a tecnologia a nosso favor, desonerando nossa gestão de pessoas de trabalhos operacionais e trazendo ferramentas que efetivamente possam apoiá-la”, afirmou.
A coordenadora de Serviços Digitais em Gestão de Pessoas do MGI, Alana Santos, anunciou que o Sistema de Dimensionamento de Pessoas (Sisdip), que contribui com o cálculo e a análise da força de trabalho na Administração Pública Federal, será integrado ao Sistema de Gestão de Pessoas (Sigepe), transformando-se em um novo módulo: Sigepe DFT. “Isso vai melhorar a usabilidade e a disponibilização de serviços para os gestores”, declarou. A integração, entre outros benefícios, evitará a duplicidade de dados e a necessidade de cadastrar informações em múltiplas plataformas, além de padronizar e facilitar o acesso ao conteúdo. Outros avanços programados para o futuro são a integração com outros sistemas, como o Petrvs e o Perfil Profissiográfico, visando a melhoria dos processos e entregas mais eficientes.
O coordenador de Planejamento da Força de Trabalho do MGI, Diego Tannús Dórea, iniciou sua apresentação com um histórico da evolução do DFT nos últimos anos, mostrando posteriormente alguns de seus principais números. Até julho de 2025, o dimensionamento foi concluído em 4.727 unidades de 114 órgãos públicos, uma ampliação expressiva em comparação com as 2.188 unidades dimensionadas em 85 órgãos até janeiro de 2025, e uma evolução ainda maior em relação às 1.143 unidades dimensionadas em 61 órgãos em 2024. “À medida que foi crescendo o dimensionamento dentro dos órgãos, também foi aumentando a quantidade de entregas registradas no Sisdip, saindo de cerca de 7 mil entregas no começo de 2024 para chegar hoje a quase 30 mil entregas”, informou.
Em seguida, o professor Yuri Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), abordou o Termo de Execução Descentralizada (TED) relacionado ao MGI que, em sua primeira etapa, envolveu a elaboração de um fluxo semiautomatizado de análise do banco de informações sobre as entregas do DFT, fazendo a classificação das entregas, a identificação de duplicidades e a definição de fluxos de trabalho. Na segunda parte, foi desenvolvida uma metodologia de avaliação do potencial impacto de tecnologias de automação sobre os fluxos de trabalho mapeados pelo DFT, estimando o tempo que um(a) servidor(a) levaria para executar cada tarefa e analisando a possibilidade de ferramentas tecnológicas apoiarem a realização dessas tarefas.
A coordenadora-geral de Planejamento da Força de Trabalho do MGI, Lorena Ferreira, apresentou o painel de Business Intelligence (BI) que está sendo desenvolvido pelo MGI para facilitar o acesso aos dados do DFT, com diversas opções de filtragem do conteúdo, como o recorte por órgão, e com exibição dos resultados de forma visual e intuitiva. O painel proporcionará transparência das informações para a população e poderá ser utilizado para subsidiar a tomada de decisão por gestores. Os dados permitem análises, por exemplo, sobre a distribuição do tempo das equipes em cada atividade, a existência de demandas reprimidas e a necessidade de pessoal para atingir os objetivos de cada órgão. A fala de Lorena Ferreira foi complementada por Pedro Baena, da mesma coordenação-geral, que demonstrou a evolução do painel em suas diferentes fases de desenvolvimento.
DFT
O DFT é uma das principais iniciativas do MGI para melhoria dos processos de contratação e alocação de pessoal na administração pública federal. Em agosto, conquistou o segundo lugar no prêmio Agilidade Brasil 2025 — Setor Público durante o evento Agile Trends GOV 2025.
Sua metodologia de coleta de dados, desenvolvida pelo MGI em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), revela ao gestor os principais gargalos e demandas reprimidas, além de informações sobre o perfil profissional condizente com as entregas. O uso do DFT permite aprimorar as atividades de capacitação e os pedidos de concursos públicos, contratações temporárias e movimentação de pessoal.
No último ano, a implantação do DFT foi acelerada devido à realização pelo MGI de um programa de mentoria para sua disseminação assistida em diversas unidades simultaneamente. Até julho de 2025, o dimensionamento foi concluído em 4.727 unidades de 114 órgãos públicos, um crescimento expressivo em comparação com as 2.188 unidades dimensionadas em 85 órgãos até janeiro de 2025, e uma evolução ainda maior em relação às 1.143 unidades dimensionadas em 61 órgãos em 2024.
Seminário
O Seminário Nacional sobre Dimensionamento da Força de Trabalho reúne especialistas, pesquisadores e gestores federais na sede do MGI, em Brasília (DF), nos dias 18 e 19 de novembro, para discutir práticas e evidências voltadas ao aprimoramento da gestão de pessoas no setor público. O evento tem transmissão ao vivo pelo canal do MGI no YouTube.
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