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TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO
"Reforma administrativa integra a modernização em curso no Estado", defende MGI na Câmara dos Deputados
Secretário Francisco Gaetani representou o MGI na Comissão Geral para debater a proposta de Reforma Administrativa, na Câmara do Deputados. Foto: André Corrêa
O secretário extraordinário para a Transformação do Estado do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Francisco Gaetani, participou nesta quarta-feira (3/9) de Comissão Geral no plenário da Câmara dos Deputados para debater a proposta de Reforma Administrativa. A sessão, conduzida pelo presidente da Casa, deputado Hugo Motta, reuniu parlamentares, especialistas e representantes da sociedade civil.
Em sua participação, Gaetani destacou que a modernização do Estado já está em andamento. Ele citou medidas adotadas pelo governo, como a criação do MGI, a retomada dos concursos públicos, a recomposição do poder aquisitivo dos servidores, a implementação de sistemas de avaliação de desempenho e o avanço da transformação digital. Desde janeiro de 2023, o MGI já implementou 38 medidas para tornar o Estado mais eficiente e melhorar a entrega de políticas públicas para a população.
“É com satisfação que vejo boas práticas do governo sendo incorporadas à proposta. A reforma administrativa é parte de um processo de transformação permanente do Estado. Estamos revisando marcos legislativos históricos, como o Decreto-Lei nº 200/67, e avançando em temas como direito de greve e digitalização”, afirmou.
O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, anunciou que a reforma é uma prioridade legislativa. “O compromisso é conduzir um processo transparente, com ampla participação, que produza resultados concretos para a nossa sociedade”, salientou. Segundo Motta, a reforma é parte de um esforço mais amplo para tornar o Estado brasileiro mais próximo da realidade de seus cidadãos, sem descuidar da responsabilidade fiscal e do equilíbrio das contas públicas.
O coordenador do Grupo de Trabalho da reforma administrativa no âmbito da Câmara dos Deputados, deputado federal Pedro Paulo, acrescentou que a proposta vai além de ajustes fiscais. “O objetivo não é reduzir ou ampliar o tamanho do Estado, mas aprimorá-lo e adaptá-lo às necessidades de cada governo”, ponderou. Antecipou que será apresentada Proposta de Emenda Constitucional baseada em três eixos: gestão estratégica, transformação digital e gestão de pessoas, além do combate a privilégios.
Entre as medidas a serem apresentadas pelo parlamentar estão a obrigatoriedade de planejamento estratégico em até 180 dias após a posse de um novo governo, metas associadas a contratos de gestão, bônus por resultados, revisão anual de gastos (“spending review”) e racionalização de despesas.
Supersalários e combate a privilégios
O debate trouxe forte convergência em torno da necessidade de enfrentar os chamados “supersalários” e outros privilégios no setor público. Representantes da sociedade civil e especialistas alertaram para o impacto econômico e simbólico dessas distorções. “O combate a privilégios é condição indispensável para restaurar a confiança da população no serviço público”, reforçou Gaetani, ao elogiar a Câmara dos Deputados pelo enfrentamento do tema.
A diretora-executiva do Movimento Pessoas à Frente, Jéssica Moreira, alertou que a questão corrói a confiança da população, além da legitimidade do governo e das instâncias públicas. O professor João Bachur, professor de Direito Constitucional e advogado, lembrou que os supersalários representam uma forma de concentração de renda, com impacto superior a R$ 10 bilhões anuais. Já o pesquisador da Fundação Dom Cabral, Bruno Carazza, projetou que o custo dessas distorções cresce de forma acelerada, em especial no Judiciário. “O risco não é só fiscal: provoca mal-estar na sociedade”, avaliou.
Democracia e fortalecimento institucional
Diversos participantes também ressaltaram que a reforma administrativa deve ser vista como uma oportunidade para fortalecer a democracia e a legitimidade do Estado democrático de direito. Para Maria Bucci, professora de Direito do Estado, a proposta deve considerar o papel estatal como fator de coesão social e soberania nacional. “Não podemos pensar em uma reforma apenas para atender pobres ou ricos, mas para toda a sociedade. Caso contrário, o país ficará mais dividido e enfraquecido”, afirmou.
O consultor legislativo especialista em reforma administrativa, Felipe Drumond, ressaltou que a capacidade do Estado vai além da prestação de serviços, pois se trata de cumprir o pacto constitucional estabelecido em 1988. Já a professora Gabriela Lotta (FGV) defendeu que a reforma seja estruturada para “um Estado melhor, não menor”, com foco em servidores éticos, responsáveis e protegidos de pressões políticas.
Proteção da estabilidade do servidor
A estabilidade do servidor público também foi defendida por diferentes participantes da Comissão Geral como elemento-chave para o fortalecimento do Estado e da democracia. O secretário do MGI Francisco Gaetani defendeu a estabilidade e explicitou que ela é essencial no contexto de um regime democrático “em que precisa existir continuidade administrativa e segurança para o servidor, a fim de que ele preste seu serviço permanente ao Estado”.
Os deputados Hugo Motta e Pedro Paulo ressaltaram a importância de valorizar o “bom serviço público”, sem fragilizar a estabilidade, mas aprimorá-la com mecanismos de avaliação. Já a professora Gabriela Lotta destacou que é fundamental proteger os servidores de assédios e politização, contribuindo para um Estado ético e comprometido com justiça social, perspectiva partilhada por outros debatedores que apontaram a estabilidade como fator em prol do interesse coletivo.
Planejamento estratégico e gestão de pessoas
O deputado Pedro Paulo apontou a inclusão do planejamento estratégico na Constituição como um marco da reforma. A cada início de mandato, o governante deverá apresentar, em até 180 dias, um plano estratégico detalhado, com metas e indicadores derivados do programa de governo aprovado nas urnas. No campo da gestão de pessoas, estão em debate a criação de uma tabela remuneratória única, com maior número de níveis salariais, a modernização do estágio probatório com cursos de formação, como já vem sendo feito pelo MGI, regras claras para contratos temporários e a regulamentação do teletrabalho.
Nesse tema, a professora Regina Pacheco salientou que a reforma administrativa deve ser guiada pelo princípio de que "não existe direito adquirido a privilégios", que seria um verdadeiro slogan da transformação em curso. Citou também o desenvolvimento de lideranças capazes de engajar equipes, pois incentivos financeiros isolados não resolveriam os desafios do setor público, segundo a literatura acadêmica.
Transformação digital
A transformação digital, ou seja, a adoção de soluções tecnológicas a processos já estabelecidos, foi apontada como eixo fundamental da reforma. O objetivo é ampliar a digitalização de serviços, reduzir custos de transação e simplificar procedimentos, seguindo o exemplo de inovações bem-sucedidas como o Pix e a plataforma Gov.br.
O deputado Pedro Paulo destacou a necessidade de acelerar: “Na Constituição vai-se deixar claro que todo ato ou decisão pública tem que ser digital e rastreável”. Francisco Gaetani recordou as iniciativas mais recentes desenvolvidas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos: “A infraestrutura nacional de dados, a expansão da Carteira de Identidade Nacional e outras ações que resultam em ganhos para pessoas, para produtividade, para custos de transação, para desregulamentação e desburocratização são exemplos desse processo”.
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