O Agronegócio no Estado: Base Econômica e Social
O Estado de Santa Catarina consolida-se como um dos polos agropecuários mais dinâmicos do Brasil, combinando eficiência produtiva, diversidade territorial e uma estrutura econômica fortemente alicerçada na agricultura familiar e na inovação tecnológica. Ocupando 1,1% do território nacional, com uma população estimada em 7,6 milhões de habitantes, o estado ocupa a 20ª posição em extensão territorial no país, mas figura entre os oito maiores estados brasileiros em destaque no agronegócio, com territórios que abrangem do litoral ao planalto e uma ampla diversidade de atividades agropecuárias, que incluem suinocultura, avicultura, fruticultura, horticultura, maricultura, algicultura e produção de grãos.
Este documento apresenta uma análise integrada da estrutura do ecossistema de inovação agropecuária catarinense, mapeando seus principais atores institucionais, redes de cooperação, oportunidades estratégicas e desafios emergentes para o fortalecimento da agroinovação no estado.
O Agronegócio em Santa Catarina: Base Econômica e Social
Relevância Econômica:
Em Santa Catarina, a agropecuária ocupa posição estratégica na economia estadual, respondendo a 64,2% das exportações em 2024, contribuindo na base socioeconômica de centenas de municípios rurais. Essa força decorre da integração entre dois modelos produtivos complementares: a agricultura familiar e as cadeias agroindustriais consolidadas.
A agricultura familiar representa cerca de 78% dos estabelecimentos agropecuários e constitui a base social e produtiva do território catarinense. Esse segmento não apenas assegura a segurança alimentar, mas também impulsiona o sistema de crédito e investimentos no campo, promovendo inclusão produtiva e desenvolvimento local. Em 2024, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) destinou R$ 8,2 bilhões ao estado, o equivalente a 13,3% do total nacional, consolidando Santa Catarina como a terceira unidade federativa que mais acessou recursos do programa.
O segundo pilar do setor é formado por cadeias produtivas integradas, sustentadas pela cooperação entre produtores, cooperativas e agroindústrias, que garantem escala, padronização e competitividade internacional. Essa estrutura explica o destaque catarinense em mercados globais. Segundo dados da Epagri/Cepa (2024), o Valor da Produção Agropecuária (VPA) estadual atingiu R$ 63,6 bilhões, sendo 60,7% provenientes da produção animal, 34% das lavouras e 5,3% produção florestal.
Esse desempenho produtivo reflete-se nas exportações. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), em 2024, Santa Catarina liderou as exportações brasileiras de carnes suínas e derivados, com faturamento de US$ 1,7 bilhão. O estado também ocupou a primeira posição na exportação de móveis de madeira (US$ 236 milhões), além de registrar destaque em banana (US$ 10,8 milhões), suco de maçã (US$ 18,7 milhões) e carnes de peru, pato e derivados (US$ 77,1 milhões). Esses resultados consolidam o agronegócio catarinense como um dos mais diversificados e competitivos do país.
Cadeias Produtivas de Destaque:
Segundo o levantamento do IBGE (2017), Santa Catarina abriga cerca de 183 mil estabelecimentos agropecuários, que ocupam aproximadamente 6,4 milhões de hectares. Essas propriedades geram cerca de 502 mil pessoas ocupadas, sendo 81,2% com laços de parentesco, movimentando as economias locais e assegurando a subsistência de milhares de famílias em todas as regiões do estado.
O território catarinense é marcado por sistemas intensivos de produção, majoritariamente conduzidos pela agricultura familiar, que adota tecnologias avançadas em segmentos como fruticultura, produção animal e olericultura. A produção primária responde por cerca de 7% do valor adicionado à economia estadual.
A agropecuária catarinense destaca-se também por sua diversidade produtiva. Em 2024, foram contabilizados 1,97 milhão de hectares cultivados, dos quais 1,89 milhão correspondem a lavouras anuais e 77 mil hectares a lavouras permanentes. Esse mosaico produtivo é impulsionado, sobretudo, pela força das cadeias de proteína animal, que sustentam a competitividade estadual e projetam Santa Catarina no mercado global.
Entre os principais segmentos de destaque:
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Atividade Produtiva |
Destaque e Dados Relevantes |
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Suinocultura |
Lidera na produção brasileira de carne suína, 29,5% da produção nacional. O setor movimenta R$ 13,82 bilhões (21,7% do VPA estadual), sendo referência mundial em qualidade, rastreabilidade e sanidade animal |
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Maçã |
Maior produtora de maçã do Brasil, com 593,1 mil toneladas, equivalentes a 50,1% da produção nacional. A cadeia é referência em tecnologia, qualidade e exportação de frutas de clima temperado |
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Cebola |
Campeão nacional na produção de cebola, com 377,6 mil toneladas, o que corresponde a 23% da produção nacional |
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Aquicultura (Maricultura) |
Líder absoluta nacionalmente na produção de ostras, vieiras e mexilhões, com 8,1 mil toneladas de, representando 93,1% da produção brasileira |
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Avicultura |
Segunda maior produtora de carne de frango do país, correspondendo a 13,3% da produção nacional. Cadeia integrada e voltada à exportação, responsável por R$ 10,49 bilhões (16,5%) do VPA estadual |
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Arroz |
Produção de 1,1 milhão de toneladas, representando 11,4% da produção nacional. Produção concentrada no sul do estado, com alta eficiência produtiva e sustentabilidade |
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Agroindústria (Fumo e Palmito) |
Cadeias organizadas e exportadoras: fumo com 183 mil toneladas (26,7%) e palmito com 25,3 mil toneladas (23,1%) |
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Pêra |
Segunda maior produtora do país, com 4,9 mil toneladas (31,2% da produção nacional), concentrada no Planalto Norte, com grande potencial de expansão |
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Aquicultura Continental (Truta e Carpa) |
Referência nacional em piscicultura de águas frias. Produção de 484,6 mil toneladas de truta (29,4%) e 5,1 mil toneladas de carpa (34%) |
Esses indicadores consolidam Santa Catarina como um polo estratégico e diversificado da produção de alimentos no Brasil. Além disso, o estado é o único do país reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação, condição que lhe garante acesso privilegiado aos mercados internacionais mais exigentes e reforça sua reputação como referência em sanidade, rastreabilidade e qualidade agropecuária.