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Dívida Pública Federal encerra setembro em R$ 8,122 trilhões
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou setembro em R$ 8,122 trilhões, representando redução de R$ 22,98 bilhões em relação a agosto (R$ 8,145 trilhões), ou seja, queda de 0,28%, em termos nominais. Essa variação reflete resgate líquido de R$ 93,12 bilhões, neutralizado, em parte, pela apropriação positiva de juros de R$ 70,14 bilhões, explica o Tesouro Nacional.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque reduzido em 0,31% (termos nominais), ao passar de R$ 7,844 trilhões (agosto) para R$ 7,820 trilhões (setembro). Essa movimentação ocorreu devido ao resgate líquido de R$ 100,06 bilhões, neutralizado, em parte, pela apropriação positiva de juros de R$ 75,77 bilhões.
Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), houve variação positiva de 0,43% sobre o estoque de agosto, encerrando setembro em R$ 301,53 bilhões (US$ 56,69 bilhões), sendo R$ 251,36 bilhões (US$ 47,26 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 50,17 bilhões (US$ 9,43 bilhões) relativos à dívida contratual.
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a setembro de 2025, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados do material foram detalhados nesta quarta-feira (30/09) em coletiva de imprensa virtual, transmitida ao vivo pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube.
Participaram da entrevista o coordenador de Operações da Dívida Pública, Hélio Henrique Miranda; o coordenador de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Daniel Mário Alves de Paula; o coordenador de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Fausto José Araújo Vieira; e o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto, Fabio Barbosa.
Conjuntura
Em análise de conjuntura, indicando os principais fatores que impactaram na gestão da dívida em setembro, o RMD destaca a redução na taxa de juros promovida pelo Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] e a perspectiva de aceleração no ritmo de cortes aumentaram o apetite por risco e levaram ao fechamento de prêmios de emergentes.
O Tesouro ressalta também que, em setembro, a curva de juros local apresentou alta dos vencimentos curtos e queda dos longos, reagindo à expectativa quanto à política monetária local e o desempenho das taxas globais.
“A percepção do risco-Brasil, medida pela CDS de cinco anos, reduziu cerca de meio por cento, fechando o mês em 136 pontos-base, em linha com os pares da região”, apontou o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional. CDS é o Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país.
“Setembro foi mais um mês favorável para a gestão da dívida pública. A redução da taxa de juros promovida pelo banco central norte-americano e a perspectiva, por parte dos analistas, de aceleração do ritmo de corte geraram uma intensificação do ambiente de propensão ao risco que estávamos vendo desde o mês de agosto. É um movimento que beneficiou principalmente países emergentes, promovendo a redução de taxas mundo afora, especialmente da taxa de mais longo prazo”, detalhou Hélio Henrique Miranda.
Acesse material técnico referente ao Relatório Mensal da Dívida de setembro de 2025
Emissões e resgates
No mês de setembro, as emissões da DPF corresponderam a R$ 174,953 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 268,076 bilhões, resultando em resgate líquido de R$ 93,122 bilhões. Nesse total, houve parcela de R$ 100,06 bilhões referentes ao resgate líquido da DPMFi e de R$ 6,93 bilhões relativos à emissão líquida da DPFe.
Do total das emissões da DPMFi em setembro, houve R$ 66,68 bilhões de prefixados, R$ 52,91 bilhões remunerados por taxa flutuante e R$ 37,65 bilhões por índice de preços.
Detentores
As Instituições Financeiras permaneceram sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com participação de 32,53% na DPMFi em setembro, seguidas por Previdência (23,07%), Fundos de Investimento (20,87%) e Não-residentes (10,19%).O grupo de Instituições Financeiras aumentou sua participação no estoque de DPMFi no período, saltando de R$ 2,494 trilhões, em agosto, para R$ 2,544 trilhões, em setembro. O segmento de Previdência reduziu sua fatia, indo de R$ 1,842 trilhão para R$ 1,803 trilhão. Os fundos de investimento caíram de R$ 1,669 trilhão (agosto) para R$ 1,632 trilhão (setembro). Os Não-residentes ampliaram participação de R$ 771,45 bilhões, em agosto, para R$ 797,06 bilhões, em setembro.
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses subiu de 11,65% ao ano, em agosto, para 12% anual, em setembro. O prazo médio da DPF aumentou de 4,09 anos (agosto) para 4,16 anos (setembro).
O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses subiu de 12,06% ao ano (agosto) para 12,32% anual (setembro).
O custo médio do estoque da DPFe aumentou de 1,90% ao ano, em agosto, para 3,64% anual, em setembro. Isso reflete principalmente a depreciação do dólar em relação ao real de 1,99%, em setembro de 2025, contra a depreciação de 3,68% ocorrida no mesmo período do ano anterior.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez apresentou redução, em termos nominais, de 14,78%, passando de R$ 1,134 trilhão, em agosto, para R$ 1,032 trilhão, em setembro. “É uma redução nominal explicada principalmente pelo resgate líquido do mês, mas ainda tem um nível muito acima do nível prudencial considerado, que é o valor de três meses de vencimento à frente”, destacou o coordenador de Operações da Dívida Pública.
O índice de liquidez correspondeu a 9,33 meses em setembro, ante 7,78 meses em agosto. “Isso, na prática, significa que já somos capazes de pagar, mesmo sem nenhuma emissão, todos os vencimentos até junho de 2026 e parte da torre de julho de 2026”, reforçou Hélio Henrique Miranda.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto (TD) contabilizou vendas de R$ 6,86 bilhões e resgates de R$ 3,34 bilhões em setembro, resultando em emissão líquida de R$ 3,52 bilhões no período. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (51,83%).
O estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 195,34 bilhões em setembro, alta de 2,7% em relação a agosto. Os títulos indexados à inflação representaram 50,84% do estoque.
“Estamos nos encaminhando para atingir a marca de R$ 200 bilhões ainda em 2025, muito provavelmente no próximo mês ou, no mais tardar, em dezembro”, afirmou o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto.
As operações até R$ 5 mil responderam por 80,63% das compras no Tesouro Direto no mês passado. “No último mês, tivemos crescimento tanto das operações até R$ 5 mil como das operações até R$ 1 mil, reforçando o caráter social do programa de incluir os pequenos investidores do contexto de investimento da dívida pública federal”, pontuou Fabio dos Santos.O Tesouro Direto registrou 3,21 milhões de investidores ativos (variação de 20,4% nos últimos 12 meses) no mês passado, com 60.424 novos investidores ativos no período.
Outubro
O Tesouro Nacional destaca que, em outubro, a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos impulsionou ativos emergentes. Aponta, ainda, que a percepção de risco Brasil foi afetada, por incertezas fiscais.
No cenário interno, a curva de juros local apresentou perda de nível, reagindo à expectativa quanto à política monetária local e às taxas globais.
“Em outubro, o cenário externo foi um pouco diferente dos meses anteriores, com certo arrefecimento daquele ambiente de propensão ao risco observado em agosto e setembro”, afirmou o coordenador de Operações da Dívida Pública. Isso ocorreu em reflexo a fatores como a intensificação dos atritos comerciais entre Estados Unidos e China e o shutdown (paralisação orçamentária) norte-americano.
No cenário doméstico, Hélio Henrique Miranda citou que em outubro houve alta do CDS de cinco anos para 141 pontos, refletindo as incertezas internas.
Confira a entrevista coletiva concedida pelo Tesouro Nacional sobre o Relatório Mensal da Dívida de setembro de 2025