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SIPEC 2025
Gestão pública na América Latina é tema de painel no Encontro Nacional do SIPEC 2025
Mayra Jurua (Cepal), José Celso Cardoso (MGI) e Mariano Lafuente (BID) debatem capacidades estatais e gestão de pessoas na América Latina, durante painel do Encontro Nacional de Gestão de Pessoas do SIPEC 2025. Foto: Washington Costa
Capacidades do Estado e gestão de pessoas na América Latina estiveram no centro do debate de um dos painéis realizados na manhã desta segunda-feira (16/6), durante o Encontro Nacional de Gestão de Pessoas do SIPEC 2025. Intitulado “Panorama da Gestão Pública na América Latina: capacidades estatais e gestão de pessoas”, o painel teve a mediação conduzida pelo secretário de Gestão de Pessoas do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), José Celso Cardoso e contou com a participação de Mayra Jurua, oficial de Gestão de Projetos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), e Mariano Lafuente, especialista principal em Modernização do Estado no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
José Celso Cardoso destacou que há tendência, no Brasil, em não se voltar para as experiências dos países vizinhos, mas isso poderia contribuir para aprimorar a avaliação sobre os erros e acertos em termos de sociedade, economia, estado e burocracia. “Para romper ou pelo menos reduzir essa lacuna de conhecimento sobre a América Latina, na sua relação com os projetos de desenvolvimento que temos, criamos esse painel. Hoje contamos com a presença de dois grandes parceiros do governo brasileiro na produção de estudos, reflexões e proposições de políticas públicas, que são a Cepal e o BID”, ressaltou o secretário.
Mayra Jurua afirmou que é importante promover o pensamento conjunto de como se pode construir um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável a partir da coordenação de esforços e da compreensão da importância do papel do estado no fortalecimento das instituições. A representante da Cepal assinalou a heterogeneidade dos países da região, que vive uma crise de desenvolvimento devido à dificuldade de superar questões históricas como baixo crescimento, desigualdades como a social e de gênero, fragilidade institucional, alto custo de financiamento de políticas públicas e governança pouco efetiva e necessidade de aprimorar a educação. “Essas questões não serão resolvidas apenas com a mão do mercado ou a incorporação de novas tecnologias importadas. Precisamos reforçar a integração na América Latina, que vem avançando a passos curtos. Falta percepção não apenas do setor público, mas do cidadão de que há grande potencialidade para interagir com nossos vizinhos e aproveitar oportunidades de cooperação técnica e científica”, ponderou Mayra.
Jurua afirmou que as parcerias podem levar ao progresso coletivo, porém ressaltou que para a Cepal crescimento econômico não é necessariamente sinônimo de desenvolvimento, que realmente ocorre com transformações estruturais na forma de produzir e dividir a riqueza, gerando aumento na qualidade de vida das pessoas. Segundo ela, esse caminho, que pode ter grande contribuição brasileira, passa por setores estratégicos como transição energética, bioeconomia, agricultura de baixo carbono voltada à segurança alimentar, turismo sustentável e indústria farmacêutica.
Referência na gestão de pessoas
Mariano Lafuente lembrou que, em 2004, o BID iniciou a publicação de relatórios sobre a situação do serviço público na América Latina. O último diagnóstico foi apresentado no Encontro Nacional de Gestão de Pessoas de 2024. Lafuente mencionou que parte dos países latino-americanos não têm avançado na área de gestão de pessoas. Alguns, segundo ele, até retrocederam. Porém, o representante do BID declarou que Brasil, Chile e Uruguai foram os que mais evoluíram na área levando-a para um patamar institucional mais elevado. “Esse cenário se verifica na formação de normativos, de estruturas e de sistemas”, exemplificou Mariano.
O especialista comentou que a gestão pública na América Latina precisa lidar com questões como a fiscal, relacionada ao limite com as despesas com pessoal, e o aspecto da formação de gestores e lideranças. Citou como exemplo iniciativas da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), parceira do MGI no Programa LideraGov, justamente voltado à formação de líderes inovadores e de alto impacto. “Esse tipo de ação contribui para tornar mais efetivo o desempenho das instituições públicas”, disse.
Mariano Lafuente falou da dificuldade do poder público na região em atrair profissionais da área de inovação e tecnologia, capazes de atuar na transformação digital, mas que costumam a receber salários bem mais elevados na iniciativa privada. Lafuente elogiou o modelo brasileiro que possui carreira na área e destacou as capacitações no terreno digital realizadas pelo governo com os servidores para incentivar o desenvolvimento da gestão de pessoas.
Encontro Nacional de Gestão de Pessoas
Promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o Encontro Nacional de Gestão de Pessoas do SIPEC reúne participantes de todo o Brasil para discutir os caminhos da transformação do Estado a partir da valorização e qualificação dos servidores públicos. A programação ocorre nos dias 16 a 18 de junho das 9h às 18h, no auditório do DNIT, com painéis, arenas de discussão, feira temática e lançamento de publicações. O evento também será transmitido ao vivo pelo canal do MGI no YouTube.