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TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO
Esther Dweck destaca o papel central do Estado para o desenvolvimento econômico do país
“O Brasil nunca deu saltos senão com impulsos do próprio Estado”. A lição da economista Maria da Conceição Tavares foi relembrada pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, em aula magna, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (9/12), para a primeira turma da Escola de Governo e Desenvolvimento que leva o nome da intelectual luso-brasileira, uma das mais influentes da América Latina no século XX.
Evidenciando a atualidade do pensamento de Conceição Tavares, Esther Dweck defendeu o protagonismo do Estado nas transformações necessárias ao enfrentamento dos desafios do século XXI e a importância da integração regional. A ministra abordou as iniciativas do governo federal brasileiro e focou em três frentes da atuação do MGI: a valorização das pessoas, a transformação digital e o fortalecimento das organizações.
“A transformação do Estado brasileiro se dá por meio das pessoas, por isso a formação do servidor público é essencial" - Esther Dweck
“A transformação do Estado brasileiro se dá por meio das pessoas, por isso a formação do servidor público é essencial. E, se falamos em integração regional – com América Latina e Caribe –, esta escola tem um papel fundamental: o de criar pontes e promover o relacionamento entre as pessoas, o que favorece a integração produtiva”, disse a ministra no início de sua apresentação.
Para Esther Dweck, é preciso compreender a nova realidade global e garantir a inserção soberana dos países da América Latina e Caribe. “Somos importantes para a Europa, para os Estados Unidos, para a China”, lembrou antes de mencionar algumas iniciativas do governo brasileiro para o desenvolvimento: Reforma Tributária com foco na equidade social, novo Plano de Aceleração do Crescimento, Plano de Transformação Ecológica e as medidas do MGI de transformação do Estado.
A ministra reforçou, ainda, a importância da reestruturação de políticas públicas como o Bolsa Família e o Programa Nacional de Vacinação. “É fundamental termos o Estado como promotor de justiça social – mais um dos lemas professora Maria da Conceição”, disse.
Realizada em auditório do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a aula marcou o início das atividades da escola Maria da Conceição Tavares, criada a partir de um acordo celebrado em novembro entre o Banco, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Antes da ministra, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, proferiram também suas aulas magnas, apontando os principais desafios ao desenvolvimento global, com destaque para as mudanças climáticas, a revolução tecnológica disruptiva, as disputas geopolíticas, a crise da democracia e o enfraquecimento das instituições multilaterais.
“Vivemos uma crise global de grandes proporções, com a ruptura do paradigma ocidental de governança liberal. A institucionalidade foi bastante impactada e não apresenta capacidade de resposta às fragilidades. Não há instituições multilaterais focadas na reconstrução de países com urgências e emergências”, apontou Mercadante.
José Manuel Salazar chamou a atenção para os problemas da América Latina e Caribe, ressaltando a baixa capacidade de crescer, a alta desigualdade, a governança pouco efetiva e a dificuldade de mobilização de recursos. “O desenvolvimento é um processo complexo e de longo prazo, resultado das decisões tomadas e dos esforços feitos. Um futuro melhor vai depender da nossa capacidade coletiva de definir rumos e segui-los por vários governos”, citou.
Capacitação
A capacitação em desenvolvimento econômico, social e ambiental tem por objetivo aprimorar a formação dos gestores públicos, ressaltando especificidades socioculturais e econômicas dos países latino-americanos. As aulas serão realizadas em três etapas ao longo do ano.
Esta primeira se estende até o fim da semana, com um total de cinco dias de atividades presenciais na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. A segunda etapa será virtual com aulas transmitidas ao vivo, por 11 semanas. A etapa final ocorrerá em setembro, com dois dias de atividades presenciais na sede da Cepal, em Santiago, no Chile.
A primeira turma da Escola de Governo e Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares conta com 68 alunos, todos gestores públicos – 35 brasileiros e 33 de 10 diferentes nacionalidades, representando um amplo espectro de instituições (bancos públicos de desenvolvimento, ministérios, secretarias, agências reguladoras, agências de fomento, entre outros). Eles foram selecionados entre um total de 673 inscritos.