Ecossistema de Inovação Agropecuária de Minas Gerais

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1. Introdução
O estado de Minas Gerais destaca-se historicamente pela força e relevância de seu agronegócio, que é um dos pilares da economia estadual e nacional. Com cadeias produtivas diversificadas, presença expressiva no mercado interno e externo, e uma base sólida de cooperativas, produtores e agroindústrias, o setor agropecuário mineiro desempenha papel estratégico na geração de emprego, renda e desenvolvimento regional.
Esse protagonismo é resultado de fatores como a vocação natural para a produção agropecuária, políticas públicas consistentes, e uma cultura de associativismo e cooperação entre os diversos elos da cadeia produtiva. Minas Gerais é líder nacional em diversos segmentos, como café e leite, além de apresentar forte crescimento na produção de grãos, frutas e carne bovina.
Nos últimos anos, o estado também tem se consolidado como referência em inovação e tecnologia voltadas ao campo, impulsionando uma nova fase de modernização da agropecuária mineira. Esse avanço é fruto da atuação conjunta de instituições de ensino e pesquisa, startups (AgTechs), centros tecnológicos, produtores rurais e órgãos públicos, que vêm promovendo soluções sustentáveis e digitais para os desafios do setor.
2. O Agronegócio em Minas Gerais: Base Econômica e Social
Minas Gerais ocupa uma posição estratégica na economia brasileira, sendo o segundo maior estado em extensão territorial e um dos líderes no setor agropecuário. O agronegócio mineiro não apenas impulsiona o crescimento econômico, mas também desempenha um papel fundamental na geração de empregos, no fortalecimento da coesão social e na promoção da inovação tecnológica.
2.1. Relevância Econômica
O setor agropecuário mineiro representa aproximadamente 13% do PIB agropecuário nacional, conforme estimativas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempenho expressivo é resultado da diversificação produtiva, da infraestrutura logística em desenvolvimento e da localização privilegiada no Sudeste, que facilita o acesso aos principais mercados consumidores do Brasil e do mundo.
Além do impacto econômico, o agronegócio em Minas Gerais tem forte influência na geração de empregos diretos e indiretos, fomentando o desenvolvimento regional e promovendo a inclusão social. As cooperativas agrícolas desempenham um papel crucial nesse contexto, organizando pequenos e médios produtores, agregando valor à produção e viabilizando a inserção no mercado nacional e internacional. A digitalização do agro, impulsionada por tecnologias como Big Data, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), também tem sido um diferencial na modernização da gestão agropecuária e no aumento da competitividade.
Outro fator relevante é a participação do estado no cenário da sustentabilidade agropecuária. Minas Gerais tem avançado na adoção de práticas de agricultura regenerativa, rastreabilidade de produtos e certificações ambientais, alinhando-se às novas exigências do mercado global e consolidando sua reputação como um produtor de alimentos sustentáveis e de alta qualidade.
2.2. Cadeias Produtivas de Destaque
A força do agronegócio mineiro se reflete na diversidade e robustez de suas cadeias produtivas estratégicas, que combinam tradição, inovação e sustentabilidade para atender às crescentes demandas do mercado nacional e internacional. Entre os principais segmentos, destacam-se:
- Café: Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, respondendo por cerca de 54% da produção nacional, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, Safra 2023/2024). Regiões como o Sul de Minas, o Cerrado Mineiro e a Mantiqueira de Minas são referências na produção de cafés especiais, com certificações como Indicação Geográfica (IG), Denominação de Origem (DO) e selos de sustentabilidade reconhecidos nacional e internacionalmente. Segundo o MAPA (2023), a valorização desses cafés tem impulsionado a adoção de tecnologias digitais, como rastreabilidade via blockchain e venda por marketplaces especializados, reforçando a competitividade global do setor.
- Leite: Minas Gerais lidera a produção de leite no país, sendo responsável por aproximadamente 26% do volume nacional, conforme dados do IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal (2022). A cadeia láctea do estado é sustentada por cooperativas, laticínios e agroindústrias, que têm investido fortemente em inovação tecnológica, certificações sanitárias, e automação dos processos. Segundo a Embrapa Gado de Leite, essas práticas têm elevado os padrões de qualidade, segurança alimentar e sustentabilidade da produção mineira, ampliando inclusive o acesso a mercados internacionais.
- Grãos: A produção de milho, soja, feijão e trigo vem crescendo de forma constante em Minas Gerais, com destaque para o uso de agricultura de precisão, biotecnologia e manejo sustentável. Segundo a CONAB (2024), a produção de grãos no estado tem se beneficiado de melhorias em irrigação, tecnologia genética e uso racional de insumos, contribuindo para maior produtividade e menor impacto ambiental. A demanda por biocombustíveis, especialmente no contexto da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio, Lei nº 13.576/2017), também tem estimulado o cultivo de oleaginosas, como a soja, para a produção de biodiesel.
- Fruticultura e Cana-de-Açúcar: Regiões como o Norte de Minas e o Triângulo Mineiro concentram a produção de frutas tropicais — como banana, manga e abacaxi — e de cana-de-açúcar, setores que vêm se destacando na diversificação econômica regional e no crescimento das exportações, segundo dados do IBGE (2022) e da Emater-MG. A adoção de sistemas irrigados, cultivares resistentes a pragas e clima e parcerias com centros de pesquisa como Embrapa e Epamig têm impulsionado ganhos em eficiência, produtividade e qualidade, fortalecendo a fruticultura e o setor sucroenergético no estado.
Diante desse panorama, o agronegócio mineiro consolida-se como um dos principais motores do desenvolvimento estadual e nacional, reunindo tradição produtiva, inovação tecnológica, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Desafios persistem — como a infraestrutura logística, a inclusão de pequenos produtores e a capacitação técnica da mão de obra rural —, mas a crescente sinergia entre ciência, tecnologia, políticas públicas e iniciativa privada tem criado um ambiente fértil para a modernização e expansão sustentável do setor.
3. Pesquisa, Desenvolvimento e Educação para a Inovação Agropecuária
O avanço da inovação agropecuária em Minas Gerais está fortemente associado à atuação de suas universidades, centros de pesquisa e instituições de fomento. O estado dispõe de um ecossistema robusto de ciência, tecnologia e inovação voltado ao desenvolvimento do agronegócio, com destaque para pesquisas de ponta nas áreas de biotecnologia, automação agrícola, melhoramento genético e gestão sustentável da produção agropecuária.
As instituições de ensino superior e pesquisa exercem papel estratégico nesse contexto, promovendo a formação de capital humano altamente qualificado, além da geração, difusão e transferência de tecnologias para o setor produtivo. Essa articulação entre ciência, tecnologia e mercado tem contribuído de forma decisiva para o aumento da competitividade e da sustentabilidade do agronegócio mineiro.
A relevância e a consolidação desse ecossistema de inovação são sustentadas por importantes marcos legais e programas de incentivo, em níveis federal e estadual. Destacam-se, entre os principais instrumentos normativos:
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Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004): incentiva a criação de ambientes de inovação e a integração entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo;
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Lei dos Biocombustíveis (Lei nº 13.576/2017): institui a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), fomentando práticas agropecuárias sustentáveis e a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Essas iniciativas têm impulsionado a transformação digital e ambiental da agropecuária em Minas Gerais, consolidando o estado como um dos principais polos de inovação agropecuária do país.
3.1. Instituições de Ensino e Pesquisa
Minas Gerais conta com um conjunto expressivo de universidades, institutos federais, centros de pesquisa e empresas públicas que desempenham papel essencial no avanço da inovação agropecuária, sendo referência nacional e internacional na geração e difusão de tecnologias para o campo.
Entre as instituições de destaque estão:
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Universidade Federal de Viçosa (UFV): Reconhecida mundialmente por sua excelência em ciências agrárias, a UFV desenvolve pesquisas em áreas como biotecnologia, melhoramento genético, agricultura de precisão e gestão rural sustentável, mantendo parcerias com empresas, cooperativas e órgãos públicos;
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Universidade Federal de Lavras (UFLA): Referência em ciência do solo, horticultura, zootecnia e automação agrícola, a UFLA atua na produção de conhecimento aplicado e desenvolvimento de tecnologias voltadas à eficiência produtiva, sustentabilidade e digitalização da agricultura;
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Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): Com abordagem multidisciplinar, a UFMG contribui com pesquisas sobre o uso de Inteligência Artificial, Big Data, IoT e Blockchain no agronegócio, favorecendo a rastreabilidade, análise preditiva e inovação em cadeias produtivas;
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Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG): Vinculada ao Governo do Estado, a EPAMIG atua na adaptação de cultivares, sistemas integrados de produção, práticas sustentáveis e capacitação técnica, com forte presença regional e contribuição para a extensão rural;
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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): Presente em Minas Gerais com unidades de relevância nacional:
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Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora): Lidera pesquisas em genética, nutrição, qualidade do leite, bem-estar animal e sustentabilidade da cadeia leiteira;
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Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas): Desenvolve soluções para a produção de grãos, sistemas integrados, manejo de pragas e uso eficiente da água e do solo;
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Embrapa Café (Viçosa): Atua em parceria com universidades e instituições estaduais no desenvolvimento de tecnologias para a cafeicultura, incluindo cultivares adaptadas, manejo sustentável e inovação digital.
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Além dessas instituições, outras universidades públicas e privadas, institutos federais, centros de inovação e hubs tecnológicos também contribuem ativamente para a pesquisa, o desenvolvimento e a formação de profissionais no setor agropecuário.
Essa ampla rede de conhecimento e inovação impulsiona avanços tecnológicos que fortalecem a competitividade, a sustentabilidade e a modernização do agronegócio mineiro, consolidando o estado como um polo estratégico no cenário nacional.
3.2. Redes de Pesquisa e Parcerias
A colaboração entre instituições de ensino, empresas e órgãos governamentais vem sendo intensificada por meio de redes de pesquisa e parcerias estratégicas. Esses arranjos colaborativos aceleram a validação de tecnologias e o desenvolvimento de soluções práticas para os problemas enfrentados pelos produtores rurais.
3.3. Fazendas Experimentais
As fazendas experimentais da EPAMIG, distribuídas em diferentes regiões de Minas Gerais, são elementos-chave para a geração e validação de tecnologias. Nelas, ocorrem estudos sobre novas cultivares, manejo de irrigação, controle integrado de pragas e implantação de modelos de agricultura de baixo carbono. Essa infraestrutura auxilia no desenvolvimento de tecnologias aplicadas a diferentes escalas de produção (da agricultura familiar ao agronegócio empresarial).
4. Startups e Tecnologia no Agro: As AgTechs Mineira
Nos últimos anos, Minas Gerais consolidou-se como um dos principais polos de inovação e empreendedorismo do Brasil, com destaque para o ecossistema de startups do San Pedro Valley, em Belo Horizonte. Esse ambiente inovador tem favorecido o surgimento e o amadurecimento de startups em diversas áreas, incluindo o agronegócio, onde as chamadas AgTechs (startups de tecnologias para o campo) desempenham papel fundamental na transformação digital e sustentável do setor.
As AgTechs mineiras vêm oferecendo soluções inovadoras para desafios complexos da agropecuária, abrangendo áreas como:
- Agricultura de precisão e sensoriamento remoto;
- Análise de Big Data e inteligência preditiva;
- Biotecnologia e genética vegetal e animal;
- Automação de processos e robótica agrícola;
- Gestão da produção, logística e comercialização;
- Sustentabilidade ambiental e rastreabilidade com Blockchain.
Segundo o Radar AgTech Brasil 2023, Minas Gerais é o segundo estado brasileiro com o maior número de AgTechs, totalizando 231 startups ativas voltadas ao setor agropecuário — atrás apenas de São Paulo. O estado se destaca especialmente nas categorias de "Serviços ao Produtor Rural", "Biotecnologia e Genética" e "Gestão e Monitoramento da Produção", refletindo a diversidade e a maturidade do seu ecossistema de inovação.
Grande parte dessas startups nasce em incubadoras, centros de pesquisa e parques tecnológicos ligados a instituições como a Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS) e outras instituições de ensino superior presentes em todas as regiões do estado.
Além disso, políticas públicas estaduais e federais têm impulsionado significativamente o setor. Programas de fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), linhas de crédito do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e parcerias com o MAPA, SEAPA-MG, Emater-MG e Epamig têm estimulado a pesquisa aplicada, a criação de novos negócios e a adoção de tecnologias emergentes no campo.
Esse cenário fortalece a posição de Minas Gerais como um dos ecossistemas mais promissores do país em inovação agropecuária, combinando empreendedorismo tecnológico, base científica sólida e políticas públicas estruturadas para alavancar um agro mais eficiente, competitivo e sustentável.
4.1. Perspectivas Futuras e Desafios
Apesar do avanço significativo das AgTechs mineiras, ainda existem desafios a serem superados para consolidar a transformação digital no setor agropecuário. Entre os principais desafios, destacam-se:
- Conectividade no campo: Muitas regiões agrícolas ainda sofrem com a falta de acesso à internet de alta velocidade, o que limita a adoção de tecnologias baseadas em Internet das Coisas (IoT) e Big Data;
- Capacitação e adoção tecnológica: Pequenos e médios produtores, em especial, necessitam de maior capacitação para integrar novas tecnologias em seus processos produtivos;
- Acesso a financiamento e investimentos: Embora existam programas de incentivo, muitas startups agro enfrentam dificuldades para captar investimentos em estágios iniciais de desenvolvimento;
- Regulação e normativas: O avanço de novas tecnologias exige um arcabouço regulatório adequado, garantindo segurança jurídica para startups e produtores que adotam inovações;
Diante desse cenário, a colaboração entre startups, instituições de pesquisa, setor produtivo e governo será essencial para impulsionar a inovação agropecuária e garantir que Minas Gerais continue a se destacar como um polo de referência no desenvolvimento de tecnologias para o campo.
5. Políticas Públicas e Programas de Fomento
A inovação no setor agropecuário é impulsionada por um conjunto de políticas públicas e programas de fomento estruturados para atender às demandas da pesquisa, do desenvolvimento tecnológico e da modernização do agronegócio. Em Minas Gerais, iniciativas estaduais e federais desempenham um papel crucial na criação de um ambiente favorável à adoção de novas tecnologias, ao fortalecimento das cadeias produtivas e à melhoria da competitividade do setor.
5.1. Incentivos Governamentais
A estrutura de fomento à inovação em Minas Gerais é robusta, contando com mecanismos de financiamento e incentivos governamentais voltados ao desenvolvimento sustentável do setor agropecuário. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) é uma das principais entidades responsáveis pelo financiamento de pesquisas científicas e tecnológicas no estado, operando em conformidade com a Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004) e o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei nº 13.243/2016).
A FAPEMIG lança editais de fomento que contemplam desde projetos de pesquisa básica e aplicada até iniciativas de transferência de tecnologia e inovação aberta, promovendo a interação entre universidades, empresas e produtores rurais. Entre os principais programas de incentivo, destacam-se:
- Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE), que visa impulsionar a inovação em micro, pequenas e médias empresas do setor agropecuário;
- Editais para Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), fortalecendo a gestão da propriedade intelectual e a transferência de tecnologia;
- Apoio à criação e manutenção de parques tecnológicos e incubadoras de empresas agropecuárias.
Além do suporte da FAPEMIG, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) coordena diversas ações estratégicas voltadas ao aprimoramento da produção rural, à modernização da agricultura familiar e à consolidação de cadeias produtivas de alto valor agregado. A secretaria articula programas que promovem:
- Adoção de tecnologias agropecuárias inovadoras, incluindo agricultura de precisão e automação rural;
- Capacitação e assistência técnica para pequenos e médios produtores;
- Estímulo à agregação de valor por meio da certificação de produtos e rastreabilidade;
- Desenvolvimento de políticas de financiamento rural diferenciadas, como subsídios e linhas de crédito com taxas reduzidas.
A articulação entre o setor público e o privado tem sido um fator determinante para o avanço da inovação no agronegócio mineiro, criando um ambiente propício ao empreendedorismo e à modernização do setor.
6. Protocolo de Intenções de Minas Gerais
Minas Gerais tem se destacado no cenário nacional pela articulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade, rastreabilidade e valorização das cadeias produtivas agropecuárias. Esse esforço resultou na criação do Protocolo de Minas Gerais para a Sustentabilidade Agropecuária, uma iniciativa estratégica que define diretrizes e critérios técnicos para fomentar boas práticas de produção, sustentabilidade ambiental, bem-estar animal, sanidade agropecuária e transparência na rastreabilidade.
A construção desse protocolo foi inspirada em experiências bem-sucedidas, como o Protocolo de Sustentabilidade da Região do Cerrado Mineiro, desenvolvido a partir da articulação entre produtores, cooperativas, certificadoras e instituições públicas. Esse modelo pioneiro introduziu uma nova lógica de valorização dos produtos agropecuários com base em critérios técnicos e ambientais, tornando-se referência nacional e influenciando o desenvolvimento de políticas públicas similares em outras regiões.
Diante da crescente demanda por alimentos sustentáveis e rastreáveis nos mercados interno e externo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em parceria com o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), estruturou o Protocolo Estadual de Intenções Agropecuário. A iniciativa contempla diversas cadeias produtivas estratégicas, como café, leite, frutas, carne bovina, entre outras, buscando alinhar as práticas locais a padrões internacionais de sustentabilidade e conformidade regulatória, promovendo a competitividade e a diferenciação dos produtos mineiros.
📄 Clique aqui para acessar o Protocolo de Intenções de Minas Gerais
📄 Clique aqui para acessar o Extrato Publicado no DOU
6.1 Comitê Gestor do Ecossistema de Inovação Agropecuária de MG
Para garantir a governança, legitimidade e efetiva implementação do protocolo, foi instituído o Comitê Gestor do Agro de Minas Gerais, um espaço de governança compartilhada formado por representantes de instituições públicas, privadas e da sociedade civil. Integram o Comitê:
- Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG);
- SFA/MG - Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - (MAPA)
- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG);
- Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig);
- Federações, cooperativas, universidades, produtores rurais e organizações da sociedade civil.
As principais atribuições do Comitê são:
- Definir os critérios técnicos e operacionais dos protocolos setoriais;
- Promover a articulação institucional entre os diferentes atores das cadeias produtivas;
- Acompanhar a implementação e o monitoramento das ações em campo;
- Estimular a adesão voluntária de produtores e facilitar o acesso a mercados diferenciados por meio da certificação e da rastreabilidade.
Essa estrutura de governança participativa fortalece a legitimidade do protocolo e promove um ambiente favorável à inovação, à sustentabilidade integrada e à valorização do agro mineiro.
Com esse modelo, Minas Gerais consolida-se como referência nacional na formulação de políticas públicas agropecuárias inovadoras, inclusivas e replicáveis, fortalecendo sua posição como protagonista do agronegócio sustentável no Brasil.
6.1.1 Repositório de Arquivos do Comitê Gestor
📄 Clique aqui para acessar a Composição do Comitê Gestor de Minas Gerais
📄 Clique aqui para acessar o Estatuto e o Regimento Interno do Comitê Gestor de Minas Gerais
📄 Clique aqui para acessar o Repositório de Arquivos do Comitê Gestor de Minas Gerais
6.2 Consultor de Inovação
O consultor do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) em Minas Gerais atua como elo estratégico entre a Superintendência Federal de Agricultura (SFA/MG), o ecossistema de inovação agropecuária e os demais atores envolvidos na formulação e execução de políticas públicas voltadas ao setor. Sua função transcende a atuação local, integrando uma rede nacional de especialistas que contribuem com diagnósticos, propostas e articulações para o fortalecimento da inovação, sustentabilidade e competitividade da agropecuária brasileira.
Entre as atribuições principais do consultor, destacam-se:
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Articulação com universidades, centros de pesquisa, órgãos estaduais e instituições do setor produtivo para o fortalecimento das ações de inovação agropecuária;
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Apoio técnico à implementação de políticas públicas do MAPA no estado, especialmente aquelas relacionadas à modernização do setor agropecuário;
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Promoção de eventos, oficinas e visitas técnicas para fomentar a integração entre ciência, tecnologia e produção rural;
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Apoio à estruturação e dinamização de ambientes de inovação, como os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e os Polos de Inovação Agropecuária;
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Identificação de demandas regionais e oportunidades para projetos estratégicos de inovação e desenvolvimento sustentável.
6.2.1 Consultor de Minas Gerais
Lucas Ferreira é Doutorando em Inovação Tecnológica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestre em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento, Bacharel em Sistemas de Informação, Bacharel em Direito e Tecnólogo em Serviços Jurídicos, Cartorários e Notariais.
Atua como Bolsista Especialista Visitante I no projeto "Fortalecimento do Ecossistema de Inovação Agropecuária no Estado de Minas Gerais", desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Possui ampla experiência em governança pública, políticas de inovação e articulação interinstitucional, com forte atuação em projetos voltados ao desenvolvimento do agronegócio e da ciência e tecnologia no setor público.
📄 Clique aqui para acessar o Lattes do Consultor
📧 lucas.cristiano@apoio.agro.gov.br
7. Projeto Mapa Conecta – Fortalecendo a Inovação no Agro
O Mapa Conecta é uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com entidades regionais, que busca fortalecer a inovação agropecuária por meio da conexão entre diferentes ecossistemas estaduais de agronegócios.
🔗 Objetivos e Diretrizes Principais
Mapear agentes e ambientes regionais de inovação — entre universidades, startups, parques tecnológicos, instituições de pesquisa e produtores rurais — visando identificar potenciais parceiros e lacunas nos ecossistemas locais;
Conectar os agentes identificados por meio de eventos, mentorias e ações estratégicas que facilitem o intercâmbio de conhecimento entre universidades, empreendedores, aceleradoras e investidores;
Fomentar o desenvolvimento de startups (AgTechs) do agronegócio, promovendo o acesso a capital, aceleração e redes de suporte;
Integrar-se ao programa Agro Hub Brasil, fortalecido por estratégias conjuntas entre MAPA e agentes institucionais, e promover inovações tecnológicas alinhadas com os desafios atuais do campo;
🛠️ Infraestrutura e Apoio
O Projeto inclui a implantação de plataforma digital colaborativa, que reúne conteúdos, eventos, agendas de mentoria, conexões com investidores e métricas de desempenho do ecossistema. Além disso, a plataforma abriga campanhas temáticas, como o desafio “Mapa Conecta Proteína Animal”, que conecta AgTechs de proteína com aceleradoras e investidores.
Benefícios Esperados
- Aceleração de startups agropecuárias e bioinovações com impacto econômico e ambiental;
- Criação de redes sistêmicas entre academia, governo e setor privado;
- Estruturação de ecossistemas regionais mais resilientes, preparados para adoção de tecnologias digitais e acesso a mercados;
- Inserção de produtores rurais e pesquisadores em cadeias de inovação, fortalecendo a competitividade do agro brasileiro.
8. Oportunidades e Desafios
O setor agropecuário mineiro apresenta um cenário dinâmico, repleto de oportunidades para expansão e modernização, mas também enfrenta desafios estruturais que precisam ser superados para garantir competitividade e sustentabilidade. A seguir, são analisadas algumas das principais oportunidades e desafios do setor.
8.1 Oportunidades
- Expansão de Exportações: A crescente demanda global por alimentos sustentáveis e de alta qualidade abre espaço para a ampliação das exportações de produtos mineiros, como café especial, lácteos e frutas. A valorização de selos de certificação, como Indicação Geográfica (IG) e Denominação de Origem (DO), pode agregar valor aos produtos, tornando-os mais competitivos no mercado internacional;
- Tecnologias Disruptivas: A adoção de Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Blockchain e Big Data na agropecuária tem o potencial de otimizar cadeias produtivas, aumentar a rastreabilidade e fornecer ferramentas de gestão em tempo real. Essas tecnologias permitem uma produção mais eficiente e sustentável, reduzindo desperdícios e melhorando a previsibilidade da produção e comercialização;
- Sustentabilidade e Bioeconomia: O avanço de práticas sustentáveis, como a agroecologia e a agricultura regenerativa, impulsiona a competitividade dos produtos mineiros, atendendo às exigências de consumidores e mercados que priorizam a rastreabilidade, o uso racional de recursos naturais e a redução da pegada de carbono;
- Integração com o Ecossistema de Inovação: Minas Gerais abriga diversos polos tecnológicos, centros de pesquisa e incubadoras agropecuárias que podem potencializar a inovação no setor. A colaboração entre universidades, centros de pesquisa, startups e produtores pode acelerar a implementação de novas soluções, favorecendo a modernização da produção agropecuária.
8.2 Desafios
- Infraestrutura Logística: A competitividade dos produtos mineiros no mercado interno e externo depende de uma infraestrutura logística eficiente. Estradas precárias, gargalos em portos secos e a necessidade de modernização das ferrovias representam entraves ao escoamento da produção. Investimentos em transporte multimodal e melhorias na conectividade rural são fundamentais para reduzir custos e evitar perdas na cadeia produtiva;
- Inclusão de Pequenos Produtores: A agricultura familiar representa uma parcela significativa da produção mineira, mas enfrenta dificuldades no acesso a tecnologias digitais, linhas de crédito e assistência técnica especializada. A falta de conectividade em algumas regiões impede o uso de ferramentas modernas de gestão e comercialização, limitando a competitividade desses produtores no mercado;
- Capacitação Técnica e Formação Profissional: O avanço tecnológico na agropecuária exige um esforço contínuo para capacitar trabalhadores rurais e produtores. A adoção de boas práticas agrícolas, manejo sustentável e uso eficiente de tecnologias depende da qualificação da mão de obra. Programas de formação e extensão rural precisam ser ampliados para garantir que as inovações cheguem a todos os elos da cadeia produtiva;
- Regulação e Burocracia: O excesso de exigências regulatórias pode representar um obstáculo para pequenos e médios produtores, dificultando a regularização de produtos e o acesso a novos mercados. A simplificação de processos e a digitalização dos serviços públicos podem contribuir para a redução da burocracia e maior eficiência na gestão agrícola.
Diante desse cenário, a implementação de políticas públicas eficazes, aliadas ao fortalecimento da inovação e à ampliação do acesso às tecnologias, é essencial para que o setor agropecuário mineiro alcance um novo patamar de competitividade e sustentabilidade.
9. Referências
- BRASIL. Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm. Acesso em: 20 jun. 2025.
- BRASIL. Lei nº 13.576, de 26 de dezembro de 2017. Institui a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13576.htm. Acesso em: 20 jun. 2025.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Boletim de Progresso da Rastreabilidade no Agro Brasileiro. Brasília: MAPA, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/. Acesso em: 20 jun. 2025.
- COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos – Safra 2023/2024 – 8º levantamento. Brasília: CONAB, maio 2024. Disponível em: https://www.conab.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2025.
- EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Tecnologias para produção de leite sustentável. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2023. Disponível em: https://www.embrapa.br/gado-de-leite. Acesso em: 20 jun. 2025.
- EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS (EMATER-MG). Boletim Técnico da Fruticultura em Minas Gerais. Belo Horizonte: Emater-MG, 2023. Disponível em: https://www.emater.mg.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2025.
- EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS (EPAMIG). Tecnologias para o Agronegócio. Belo Horizonte: EPAMIG, 2023.
- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa da Pecuária Municipal 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2025.
- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produção Agrícola Municipal – PAM 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2025.
- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produção Agrícola Municipal – PAM 2023. Rio de Janeiro: IBGE, 2024.
- SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS (SEAPA-MG). Relatório Técnico de Produção de Leite. Belo Horizonte: SEAPA-MG, 2023.
10. Notícias e Reportagens do Ecossistema Mineiro
📄 Ecossistema de Inovação Agropecuária de Minas Gerais
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