O Brasil e os Países Baixos
A história do Brasil e dos Países Baixos se entrelaça há quase quatrocentos anos, desde que o Conde neerlandês, João Maurício de Nassau, chegou ao Nordeste brasileiro, nas primeiras décadas do século XVII.Os neerlandeses perceberam a vulnerabilidade das colônias portuguesas instaladas no Brasil e se dirigiram para região Nordeste. A Países Baixos já contavam, então, com uma poderosa tecnologia naval, e crescia em seu importante comércio de tecidos,.
O primeiro ataque ocorreu na segunda década do século XVII, quando 1700 neerlandesas aportaram na Bahia, o que deu início a uma confrontação a região urbana. Os neerlandeses se dirigiram, em seguida, para as áreas onde ficavam as instalações dos engenhos de cana-de-açúcar. Muitos pesquisadores consideram que foi, nessa região, que os neerlandeses conheceram melhor o modelo de produção escravocrata, até então exclusivo dos portugueses. Em maio de 1625 uma frota portuguesa conseguiu retomar a região baiana
Em 1630, os neerlandeses fizeram novo ataque, agora em Pernambuco, região extremamente desenvolvida na produção açucareira. 3800 homens chegaram na região e lego receberam reforço de mais aproximadamente 6000 homens. O domínio por parte dos neerlandeses consolidou-se, assim, de maneira incontestável, atingindo todo litoral nordestino até o Maranhão.
Em janeiro de 1637, quando a ocupação militar já estava praticamente estabilizada, chegou à cidade de Recife o Conde Maurício de Nassau. Sem dúvida uma personagem de muito destaque durante o período da presença neerlandesa, o Conde trouxe consigo uma equipe cultural, composta por pintores, arquitetos, escritores, médicos, etc. Nesse período, Recife sofreu uma verdadeira reformulação urbana. Surgiram jardins, lagos e até um palácio, localizado na ilha de Antônio Vaz. Em 1639, Nassau acompanhou a construção de uma cidade inteira a seu gosto, denominada Cidade Maurícia, localizada ao lado de Recife, entre a foz do Capibaribe e Beberibe.
Por meio da Companhia das Índias, o Conde Nassau concedia créditos aos senhores de engenho. Entretanto, em maio de 1644, os Países Baixos convocaram Maurício de Nassau para que se apresentasse proposta de renegociação dos financiamentos concedidos no Brasil. Em 1645, após tomarem conhecimento de que teriam de que acelerar os pagamentos, os colonos revoltaram-se e rebelaram-se contra a presença neerlandesa. Somente em 1654 os neerlandeses deixaram o território brasileiro.
Atualmente, as relações entre os dois países beneficiam-se de uma forte tradição de estabilidade, sem registro de diferendos em qualquer área. Tanto no campo político quanto no econômico, esse relacionamento continua a se desenvolver com resultados vantajosos para ambas as partes.
O Brasil e os Países Baixos formam uma parceria natural. Os dois países fazem parte de importantes associações regionais – Mercosul e União Europeia - cuja aproximação desejam estimular. Além disso, ambos estão comprometidos com a promoção dos valores democráticos, dos direitos humanos, do meio ambiente, da educação, do desenvolvimento científico e tecnológico, entre outros. No plano internacional, principalmente diante do acirramento das tensões no mundo, é importante que países como Brasil e Países Baixos continuem, com base em suas tradicionais posições, a dar o exemplo da moderação e da busca de soluções negociadas, em favor da paz.
As afinidades entre nossos países, contudo, vão bem além da pauta bilateral ou da coincidência histórica. O Brasil é conhecido nos Países Baixos como uma potência emergente. O crescente turismo holandês ao Brasil contribui, igualmente, para aproximar os dois povos. Há intenso intercâmbio de visitas e missões oficiais, com contatos no mais alto nível político.