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Discurso noo almoço oferecido ao Senhor Vaclav Klaus, Primeiro-Ministro da República Tcheca - no Palácio Itamaraty, Brasília - 25 de abril de 1994
Ao dirigir a Vossa Excelência e à delegação que o acompanha a mais calorosa saudação de boas-vindas, desejo expressar, em nome do Governo Brasileiro e em meu próprio, a grande satisfação que experimentamos em receber sua visita ao Brasil. Muito nos distingue a presença em terra brasileira do eminente Chefe de Governo da República Tcheca. Na pessoa de Vossa Excelência mesclam-se, em simbiose, o intelectual e o estadista. Senhor Primeiro-Ministro, A visita de Vossa Excelência tem, para o Governo Brasileiro, o significado da renovação, entendida como a reafirmação de antigos sentimentos e propósitos dentro de novo contexto.
Em 1993, a comunidade internacional acolheu, ern reconhecimento ao desejo de autodeterminação, expresso de maneira democrática pelo povo tcheco, a récem-criada República Tcheca. O Brasil foi o primeiro país a manifestar sua disposição de estabelecer com o novo Estado relações de amizade e cooperação. O gesto brasileiro refletiu os mais de oitenta anos de relações frutíferas que mantivemos com a extinta Tchecoslováquia e o património de amizade acumulado durante esse longo período.
Senhor Primeiro-Ministro,
No Brasil, alcançada a plena democratização das instituições políticas, os esforços concentram-se agora no desenvolvimento económico do País com justiça social. Também no plano internacional, a democratização do processo decisório nos foros multilaterais é fundamental para o encontro de soluções satisfatórias para os grandes problemas que o mundo enfrenta. Concomitantemente, o Brasil procura cada vez mais ampliar os horizontes de suas relações bilaterais, buscando afirmar sua condição de parceiro multifacetado e competitivo. Nosso raio de ação externa mais imediato é, sem dúvida, a América Latina. A experiência exitosa do processo de integração económica com países vizinhos do Mercosul tem demonstrado a viabilidade da cooperação regional. Não nos descuidamos, todavia, de aprofundar nossas relações com a Europa Centro-Oriental, região em que se produziu a mais formidável transformação da ordem internacional desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Deploramos que a afirmação da identidade nacional em certos casos tenha degenerado em conflitos cruentos, como na ex-Iugoslávia. Temos grande esperança de que possam ser solucionados em breve pela via da negociação, e não temos nos furtado a contribuir para esse propósito. Por outro lado, registramos, com apreço, a forma pacífica e democrática pela qual as Repúblicas Tcheca e Eslovaca proclamaram sua soberania nacional. Esta vocação manifesta da República Tcheca para o diálogo e para o entendimento a torna país de destaque no espectro da atuação diplomática brasileira na Europa Central e cria condições favoráveis para que o relacionamento bilateral se desenvolva de maneira positiva.
Senhor Primeiro-Ministro,
Ao longo das conversações que mantivemos, foi possível verificar a grande convergência de pontos de vista de nossos governos sobre os principais temas da atualidade internacional. Pudemos tratar, de maneira objetiva, das perspectivas de incremento das relações bilaterais e do potencial de cooperação entre nossos dois países. O Acordo de Comércio e Cooperação Económica entre os governos do Brasil e da República Tcheca, celebrado hoje, constitui instrumento apropriado às novas condições económicas prevalescentes em ambos países e favorece o crescimento do intercâmbio bilateral. Imbuído do espírito construtivo e cordial que presidiu nossos encontros, convido todos os presentes a erguerem um brinde pela saúde e felicidade pessoal de Vossa Excelência, pelo fortalecimento dos laços de amizade e cooperação entre o Brasil e a República Tcheca e pela crescente prosperidade do povo tcheco.
Muito obrigado.