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Discurso no brinde durante jantar oferecido em homenagem ao Presidente Mário Soares, no Palácio de Queluz, Portugal - 23 de outubro de 1990
Esta noite cabe-me a honra de presidir o jantar com que o Brasil quer homenagear Portugal e agradecer a sua gente por tantas e tão constantes atenções. Minha mulher e eu ainda guardamos vivos na memória a elegância, a fidalguia e o carinho com que fomos ontem recebidos no seio da família portuguesa, nossa família de além-mar. Na noite de hoje, pretendemos prolongar o ambiente de fraternidade e afeto, tão típico desta terra de Pedro Álvares Cabral, nosso primeiro emérito brasileiro. Senhor Presidente, Vim à Europa pela porta generosa de Portugal. Provavelmente, minha agenda de viagens para o próximo ano incluirá outras importantes capitais européias, além de uma visita à sede da Comunidade Econômica, em Bruxelas, e ao Parlamento Comunitário, em Estrasburgo. De nossas prioridades de política externa, desponta claramente o projeto, reclamado pela recuperação da economia brasileira, de marcar a presença do País no núcleo dinâmico das atuais tendências da modernidade internacional. E, nesse contexto, a Comunidade Econômica Européia constitui, sem dúvida, interlocutor privilegiado, não só por ser hoje o principal parceiro do Brasil, mas também pelas ricas e múltiplas perspectivas que se abrem ao relacionamento de parte a parte.
Senhor Presidente,
A sabedoria de portugueses e brasileiros tem-nos permitido, sobre o extraordinariamente fértil terreno da fraternidade, inovar sempre em matéria de ampliação e aprofundamento de nossas relações bilaterais. Jamais deixamos que o lirismo de nossa tradicional amizade substituísse a consistência de nossa cooperação. Apenas cultivamos em prosa e verso o que poucos países conseguiram por quaisquer outros meios. Afinal, Senhor Presidente, Portugal-Brasil, Brasil-Portugal, onde começam, onde terminam? É dentro desse espírito, e sob o alento de nossas fecundas e objetivas conversações, que convido os presentes a me acompanharem num brinde a meus irmãos portugueses, a seus irmãos brasileiros, à prosperidade de ambos os países e, muito particularmente, à felicidade pessoal de nossos homenageados, meu estimado amigo Presidente Mário Soares e sua digníssima mulher, a Doutora Maria de Jesus Barroso Soares.