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Discurso do Ministro Mauro Vieira na abertura do conselho de desenvolvimento econômico e social sustentável - 05/08/2025
Poucos são os países que contam com instância que reúna empresários, acadêmicos, comunicadores, militantes, intelectuais, profissionais da sociedade civil organizada e governo. Temos homens, mulheres, diversos grupos étnico-raciais brasileiros e representantes de todas as regiões do país.
Este colegiado apresentará hoje contribuições para o desenvolvimento tecnológico, a inclusão digital, a política de cuidados na primeira infância e a promoção da igualdade racial. Não raro, as atividades e avanços alcançados aqui repercutem na política externa brasileira.
Daqui nasceu o Bolsa Família, que hoje ecoa internacionalmente com a Aliança global de Combate à Fome e à Pobreza. Esta experiência de coordenação intersetorial é referência no debate sobre participação social em Política Externa. Na semana passada, este Conselho se reuniu com seu homólogo europeu, reforçando sinergias na governança digital, na pauta climática e na defesa da democracia.
Senhor Presidente,
Senhoras e senhores,
Este encontro é oportunidade para o governo, o empresariado e a sociedade civil dialogarem sobre a recente crise comercial.
Nosso governo, sob orientação do Presidente Lula e seguindo as melhores tradições da política externa brasileira, trabalha para soluções negociadas desde março, antes mesmo de serem anunciadas as novas tarifas impostas pelo governo norte-americano. O Vice-Presidente Alckmin realizou 2 reuniões com o Secretário de Comércio dos EUA. O Ministro Fernando Haddad reuniu-se com o Secretário do Tesouro dos EUA.
O Itamaraty também está totalmente mobilizado para o tema. Encontrei-me, na semana passada, com o Secretário de Estado dos EUA. Falei duas vezes com o Representante de Comércio Exterior da Casa Branca, o USTR. O Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE visitou Washington em março último e realizamos 6 reuniões técnicas entre negociadores dos dois países.
As tratativas empreendidas pelo governo brasileiro foram fundamentais para a exclusão de cerca de 700 itens comerciais da ordem executiva sobre tarifas, o que preservou setores estratégicos, como a indústria de aviões, a produção de suco de laranja e o setor de celulose. Negociações pragmáticas são a solução mais promissora para o empresariado, os trabalhadores e os consumidores de Brasil.
Sobre a investigação da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso PIX e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no dia 18 de agosto.
Em resposta às medidas protecionistas adotadas pelo governo norte-americano, o Brasil propôs ao Conselho Geral da OMC item de agenda sobre “Respeito ao sistema multilateral de comércio baseado em regras”. Abrimos, também, procedimento de consultas na OMC sobre as tarifas. Estas tarifas, contrárias aos princípios multilaterais de comércio, ameaçam lançar a economia mundial em uma espiral de inflação e estagnação.
Senhor Presidente,
Senhoras e senhores,
Lembrando os mais de 200 anos de relações amistosas entre os dois países, disse ao Secretário de Estado na reunião que mantivemos no dia 30 de julho em Washington, que estamos abertos a discutir os temas comerciais. Ressaltei, por outro lado, que a integridade das instituições constituídas, a democracia e a soberania brasileiras não são negociáveis.
Todas as lideranças empresariais e sociais aqui reunidas praticam a negociação como parte do seu cotidiano. Sabem que acordos duradouros e bem sucedidos são impossíveis sem equilíbrio e respeito entre as partes.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável agrega talentos, experiência e articulação. Representa a independência, a força e o dinamismo do povo brasileiro. Será, não tenho dúvidas, instância estratégica no amplo esforço de defesa da economia nacional e do direito soberano do Brasil definir o seu próprio destino.
Muito obrigado