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Discurso do Embaixador Denis Fontes de Souza Pinto, Secretário de Gestão Administrativa, na cerimônia de posse dos alunos do Instituto Rio Branco
Boa tarde a todas e todos.
Cumprimento a Senhora Diretora do Instituto Rio Branco, Embaixadora Mitzi Gurgel Valente da Costa,
A Senhora Diretora do Departamento do Serviço Exterior, Embaixadora Daniella Ortega de Paiva Menezes,
E gostaria de cumprimentar especialmente cada um dos aprovados no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata no ano de 2024, seus familiares e demais convidados.
O dia de hoje marca uma grande conquista de vocês. Conquista que reflete uma escolha profissional que influenciará a forma como vocês passarão a viver daqui para frente e o lugar de vocês no mundo.
Lembrem-se: com a posse hoje, vocês assumem a condição de servidores públicos, antes mesmo de se tornarem diplomatas plenos.
Essa condição, nova para a maioria de vocês, impõe, primordialmente, o compromisso com a democracia, que figura já no primeiro artigo da Constituição.
Nesses termos, ao longo de suas carreiras, vocês deverão ter sempre presente que a diplomacia tem por objetivo principal servir à sociedade brasileira, o que significa defender o interesse nacional formulado sob a égide dos princípios democráticos
Para cumprir essa missão, é imprescindível conhecer essa sociedade, sua composição, seus anseios e suas transformações, de modo que possamos aproximar nossa instituição, o Itamaraty, dessa realidade.
O Itamaraty carrega uma enorme bagagem histórica, uma tradição de reconhecida excelência de nossa atuação, em todos os períodos da formação do Brasil.
É importante levarmos adiante essa tradição, sem, contudo, deixar que ela nos amarre ao passado e se torne um estorvo para a modernização necessária ao cumprimento de nossa missão institucional.
É importante que vocês tenham a cabeça aberta para trabalhar pela adaptação do Itamaraty às aceleradas transformações do Brasil e do cenário internacional.
Isso só será possível por meio da modificação de diversas referências nas quais muitos de nós tradicionalmente pautamos nossas carreiras.
No mundo de hoje, não interessa mais à sociedade brasileira manter uma política externa de atuação limitada, que atinja somente os antigos centros de poder.
A atuação e a visão de mundo do Brasil são amplas, consideram não apenas o Norte, mas também elevam o Sul Global a espaço prioritário, onde o País tem muito a desenvolver, contribuir e ganhar.
Nos colocamos, assim, o enorme desafio de lotar todos os postos de nossa ampla rede diplomática, bem como as divisões da Secretaria de Estado, que são as unidades base que apoiam todo o trabalho de articulação dos Gabinetes.
Para sermos bem-sucedidos nessa empreitada, é preciso engendrar uma mudança cultural em nossa instituição sobre o sentido da carreira.
Uma mudança cultural que valorize o trabalho feito nas divisões e que transforme a concepção de posto D, hoje encarado como D de difícil, em posto D de desbravador.
Vocês adentram o Itamaraty em momento de profundo debate interno sobre a estruturação das carreiras do Serviço Exterior.
Estamos trabalhando em uma nova lei de reforma da carreira e em novo decreto de promoções que contribuam para essa mudança cultural e que melhorem as perspectivas profissionais e fluxo de carreira de todo o nosso corpo de funcionários.
Ao avaliar os aprovados no concurso, recebi com satisfação a informação de que 32% desta turma é composta por mulheres. Muito significativo é o dado de que 10% da turma é composta por mulheres negras.
O número total de mulheres não é suficiente, mas já é um avanço em relação à representação feminina em nossos quadros, hoje em 23% do total de diplomatas.
Esse resultado pode ser, em grande parte, atribuído a uma das medidas incluídas no Plano de Ação Afirmativa do Itamaraty, lançado no ano passado, que reservou quotas para mulheres na primeira fase do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata.
Esta nova turma também se destaca por ser composta por 26% de pessoas negras e por 10% de pessoas com deficiência, percentuais que superam as quotas estipuladas para esses grupos nos concursos públicos.
Embora ainda haja muito a ser feito para tornar o Itamaraty mais diverso e inclusivo, esses dados reforçam minha percepção geral de que estamos logrando transformar e atualizar nossa instituição de forma ampla.
Nesse esforço de transformação, vocês todos comporão o que será a Diplomacia brasileira do futuro e, ao longo desse caminho, o que posso lhes desejar de mais importante é que sejam muito felizes.
Sejam muito bem-vindos ao Itamaraty!