Fotografia "Casacas no Cerrado" (1960), de Raymond Frajmund
Instalada no Palácio Itamaraty em Brasília, uma foto sintetiza os grandes desafios que envolveram a mudança da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, e o papel das missões diplomáticas nesse processo.
No dia 7 de julho de 1960, após apresentarem suas credenciais ao Presidente Juscelino Kubitscheck, os Embaixadores da Noruega e da Austrália, acompanhados de diplomatas de suas embaixadas, caminharam de cartola e fraque para a inauguração da Embaixada do Irã. A caminhada foi curta, mas a falta de pavimentação até a embaixada dificultou sua localização, em meio ao cerrado brasileiro. Da esquerda para a direita veem-se John Kelso, primeiro-secretário australiano, Stewart Jamieson, Embaixador da Austrália, Johan Z. Cappelen, Embaixador da Noruega, e Per C Proitz, primeiro-secretário norueguês.
A ‘cena inusitada’, como observou o fotógrafo Raymond Frajmund, foi incorporada ao acervo do Itamaraty e se tornou um símbolo do início da história diplomática em Brasília.

- Fotografia Casacas do Cerrado. Raymond Frajmund. 1960.
Em 2025, com apoio das Embaixadas da Noruega e da Austrália em Brasília, a fotografia original foi restaurada, emoldurada e equipada com vidro museal, e sua reinstalação foi celebrada em 25 de novembro de 2025, em cerimônia no Palácio Itamaraty.

- Da esquerda para a direita: Patricia Frajmund, filha de Raymond Frajmund; Embaixador Flávio Goldman, Diretor do Departamento de Europa do MRE; Odd Magne Rudd, Embaixador da Noruega no Brasil; Sohpie Davies, Embaixadora da Austrália no Brasil; Embaixadora Susan Kleebank, Secretária de Ásia e Pacífico do MRE; Embaixador Denis Pinto, Secretário de Gestão Administrativa do MRE.
O artista
Raymond Frajmund (Varsóvia, Polônia, 1927 - Brasília, Distrito Federal, 2016)

- Rajmond Frajmund. (Créditos: Museu do Holocausto de Curitiba)
Nascido em 1927 na Polônia e criado na Bélgica, Raymond Efraim Frajmund chegou ao Brasil em 1953. Na bagagem, trazia memórias dramáticas da Segunda Guerra Mundial e do campo de concentração de Auschwitz, de onde fugiu após dois anos de confinamento.
Chegou a Brasília em 1960, 50 dias após a inauguração da cidade, como repórter fotográfico do jornal O Estado de São Paulo, onde trabalhou por mais de duas décadas. Foi casado por 69 anos com a artista plástica e gravadora Rose Dorion Frajmund.
Com registros fotográficos que fizeram história, conquistou inúmeros prêmios, sendo os mais importantes o Prêmio Esso de Fotografia, o mais tradicional e importante do jornalismo brasileiro (1960 e 1963); o Prêmio Mergenthaler de Fotografia, da Inter American Press Association (1964); e o prêmio hors-concours no Concurso Nacional de Jornalismo (1967). Também recebeu várias homenagens, incluindo o de Comendador da Ordem do Rio Branco e da Ordem do Mérito Cultural do Distrito Federal. Faleceu em 2016, em Brasília, aos 89 anos.
(Fonte: Projeto Brasília Museu Aberto. Adaptado)
Referências
ADB, Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, Ano X n.42 Jan/Março 2003.ISSN 01404-8503.
BRASÍLIA MUSEU ABERTO. Disponível em: < https://www.brasiliamuseuaberto.com.br/ >
MENDES, Manuel. O cerrado de casaca. Brasília, Thasaurus, 1995.
MUSEU DO HOLOCAUSTO DE CURITIBA. Milhões de vozes - Raymond E. Frajmud. Disponível em: < https://youtu.be/7MYtbX2NWpc?si=pEDZ6_OzmW_SvzUk >. Acesso em 26 nov. 2025.
Quer visitar o Palácio Itamaraty?
O Palácio Itamaraty oferece visitas mediadas gratuitas, de terça a domingo, em vários idiomas. Saiba mais e agende a sua visita.
Quer saber mais sobre o Palácio Itamaraty e seu acervo?
Baixe a publicação "Palácio Itamaraty" (edição bilíngue português-inglês).
Acesse a lista de vídeos sobre o acervo histórico, artístico e de representação do Itamaraty no YouTube.
Acesse a exposição virtual “Elas no Itamaraty: Artistas Mulheres no Acervo do Ministério das Relações Exteriores”.
Conheça e baixe as atividades educativas sobre o acervo do Itamaraty.