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CONCURSOS PÚBLICOS
MGI divulga resultados de estudo comparativo sobre experiências internacionais em concursos públicos
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançou, nesta sexta-feira (31/10) uma página em seu portal que apresenta os resultados de um estudo comparativo sobre experiências internacionais em concursos públicos. O trabalho demonstrou que, de modo geral, os 12 países analisados vêm enfrentando desafios semelhantes, como a necessidade de ampliar a eficiência temporal dos processos seletivos, de tornar mais transparentes os critérios e etapas dos concursos, de incorporar tecnologias digitais com segurança e equidade, e de responder à crescente demanda por justiça social e representatividade no acesso ao serviço público.
“O Brasil está permanentemente em busca de aperfeiçoar seu modelo de concursos públicos e encontra nesse trabalho mais um subsídio para reflexão, que permite vislumbrar inovações possíveis e obstáculos recorrentes a serem superados. O estudo evidencia que não há uma fórmula única a ser seguida, mas que há diretrizes estratégicas que podem orientar a formulação de políticas públicas adaptadas às especificidades de cada país”, ressalta a diretora de Provimento e Movimentação de Pessoal do MGI, Maria Aparecida Chagas Ferreira.
O estudo, desenvolvido por Fernando Luz Brancoli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve o objetivo de apresentar uma análise comparativa aprofundada dos modelos de seleção para o serviço público adotados em diferentes países, com especial atenção às metodologias de recrutamento, marcos legais, instrumentos de avaliação, mecanismos de transparência e estratégias de inclusão e diversidade nos processos seletivos.
Foram analisados 12 países com distintos arranjos administrativos e jurídicos: África do Sul, Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Portugal e Singapura. Para essa avaliação, foram realizados levantamentos bibliográficos e documentais, entrevistas com especialistas, bem como a organização e tratamento de dados institucionais oriundos de fontes oficiais. O relatório final consolida essas informações, articuladas em torno de dimensões comparáveis, que permitem observar padrões, assimetrias e inovações.
A análise foi conduzida a partir de 18 indicadores, que incluem as etapas e instrumentos de avaliação, a digitalização de processos, os tipos de cotas, a periodicidade dos processos seletivos, a percepção pública e a aplicabilidade no Brasil. O estudo oferece ao governo brasileiro e à sociedade um quadro crítico e comparado das experiências internacionais, contribuindo para o debate público sobre o aprimoramento dos concursos no Brasil.
O trabalho destaca que o Brasil tem empreendido esforços relevantes de atualização nos últimos anos, como a promulgação da Lei nº 14.965/2024, que normatiza princípios e procedimentos dos concursos públicos em âmbito federal, e a criação do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), que introduz um novo paradigma de coordenação centralizada, de forma a selecionar candidatos com perfil compatível às exigências contemporâneas da administração pública.
O estudo revela também a importância de uma institucionalidade robusta como base para a credibilidade e eficiência dos concursos públicos. Experiências internacionais mostram que instituições independentes, com mandatos legais claros, recursos adequados e corpo técnico qualificado são determinantes para garantir processos transparentes e meritocráticos.
Outro ponto relevante é a coordenação nacional, capaz de alinhar diretrizes gerais — como padrões mínimos e princípios de equidade — às especificidades regionais e setoriais, respeitando a diversidade federativa. O estudo destaca também a importância da adoção de políticas inclusivas, desde que acompanhadas de metas claras, avaliações periódicas e análise de impacto sobre o desempenho administrativo. A digitalização e a transparência, por sua vez, surgem como práticas centrais para aumentar a eficiência, reduzir custos e ampliar o acesso da população aos certames.
O trabalho foi promovido no âmbito de um projeto de cooperação técnica internacional firmado entre o MGI, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Essa iniciativa tem o objetivo de promover estudos que subsidiem a gestão pública, visando maior eficiência, transparência e inovação.
Serviço público com a cara do Brasil
No Brasil, a recomposição da força de trabalho no serviço público em andamento pelo MGI já autorizou 15.915 vagas entre 2023 e 2025, distribuídas entre 142 carreiras, o que marca a retomada dos concursos federais após um longo período de restrições. Apesar dessa ampliação, o gasto com pessoal do Executivo permanece estável em 2,6% do PIB, evoluindo dentro dos parâmetros estabelecidos pelo regime fiscal sustentável.
Para renovar o quadro de forma diversa, eficiente e justa, o MGI realizou a primeira edição do CPNU e já conduz a segunda, consolidando uma nova fase nos concursos públicos federais. As provas da primeira edição e da primeira etapa da segunda edição foram aplicadas em 228 municípios de todo o país.
A primeira edição ofertou 6.640 vagas. A aplicação em todo o território nacional resultou em perfil diverso entre os aprovados, com 24,5% de pessoas negras, 2,29% de indígenas e 6,79% de pessoas com deficiência. A participação desses grupos representa um terço do total de vagas. Os novos servidores vieram de todos os 27 estados e de 908 municípios, o que evidencia o caráter nacional e inclusivo do modelo unificado. A segunda edição do CPNU, em andamento, oferta 3.652 vagas.
Além disso, o MGI participou ativamente da revisão da legislação que resultou na nova Lei de Cotas no Serviço Público, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho de 2025. A lei ampliou de 20% para 30% a reserva de vagas em concursos públicos, beneficiando pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas, com alcance em toda a administração pública federal, incluindo autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União.
Consulte mais informações, números, destaques em cada país e o relatório final do estudo aqui.