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STATES OF THE FUTURE 2
Instrumentos econômicos e transição justa marcam 4° seminário do States of the Future 2
Especialistas discutem o papel do Brasil e dos instrumentos econômicos para impulsionar uma transição justa, durante o seminário States of the Future 2. Foto: Ana Carolina Fernandes
O evento States of the Future 2: Rumo à COP30 continuou na manhã desta terça-feira (7/10) com o 4° seminário: Instrumentos Econômicos para Acelerar a Transição Justa. Para o debate, estiveram presentes a secretária nacional de Planejamento , Virgínia de Ângelis; o chefe de departamento de meio ambiente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Nabil Kadri; o professor visitante da London School of Economics, Luiz Awazu; o coordenador da rede de pesquisa de Desenvolvimento Sustentável do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha; e a oficial de assuntos econômicos do escritório no Brasil da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações Unidas, Camila Grankow. Realizado em paralelo à COP30, o encontro é promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), no Rio de Janeiro.
Atuando como moderadora do debate, Camila Grankow destacou que a COP30 é vista como uma arena do sul global, dos países menos desenvolvidos e emergentes, o que implica que o tema “transição justa” será um dos grandes tópicos abordados no evento mundial, em Belém. Grankow considerou a ênfase na importação de tecnologia estrangeiras uma “oportunidade perdida” em termos de desenvolvimento econômico, afirmando que a transição justa passa necessariamente por uma agenda de desenvolvimento produtivo.
“Como asseguramos que esses postos de trabalho, esses multiplicadores econômicos fiquem no território e não sejam exportados? Por meio do desenvolvimento produtivo”, afirmou.
Trazendo a saúde ao centro da conversa, Carlos Gadelha enfatizou a importância do ramo no campo econômico do Brasil, o que obriga a discussão sobre a “dimensão social, ambiental e econômica do desenvolvimento”. Para ele, a visão do desenvolvimento econômico tem que estar intrinsecamente vinculada ao desenvolvimento social, ao desenvolvimento dos sistemas universais, como é o caso da saúde, e da própria transformação ecológica.
“Quando a gente discute a saúde, a gente tem uma oportunidade imensa de entrar em um diálogo com a sociedade que ajuda a rejuvenescer e a mostrar o valor da democracia e do próprio Estado. O SUS está em todas as casas, em todos os corpos das pessoas que habitam neste país. Não tem uma pessoa que não tenha tomado uma vacina do SUS”, disse Gadelha.
Já Virgínia de Ângelis afirmou que o cenário é oportuno ao Brasil para enxergar a emergência climática como um “chamado à ação já”. Ela afirmou que é preciso aproveitar também as oportunidades que essa transição energética e climática traz para as outras transições pelas quais nós estamos passando.
“Precisamos entender como a mudança climática afeta as nossas dinâmicas populacionais e territoriais e como podemos juntar tudo isso para alavancar o desenvolvimento do país, para gerar intencionalidade, para que a gente possa sair da condição que estamos hoje e de fato se posicionar no mundo aproveitando todo o potencial que a gente tem”, disse.
O professor Luiz Awazu, durante sua fala no seminário, trouxe à tona a importância da compatibilidade entre o combate às mudanças climáticas, ao aquecimento global, e o desenvolvimento econômico e social. Para ele, a incompatibilidade do assunto causa ressentimento e alimenta os populismos de extrema-direita no mundo, enfraquecendo o processo democrático.
“Não vai existir solução para as mudanças climáticas se não houver o rompimento do círculo perverso onde o clima agrava a desigualdade, agrava a pobreza, agrava o ressentimento”, disse. “A subida ao poder de regimes autoritários populistas impede as políticas climáticas de serem implementadas. Esse círculo virtuoso aumenta a fragmentação no mundo”, completou.
Para alcançar o objetivo de alinhar agenda climática e desenvolvimento, Nabil Kadri destacou os instrumentos econômicos para um futuro sustentável, “fruto do nosso histórico com a Rio-92". Para Kadri, o Brasil traz exemplos de finanças climáticas que “vão além da questão da escala e do valor do recurso”, sendo referência na participação social para o desenvolvimento no setor. Ainda segundo o chefe de departamento do BNDES, incentivos como esses, envolvendo o aspecto econômico e social da agenda, são fundamentais.
“É importante reconhecermos esse histórico do Brasil na agenda tanto de sustentabilidade quanto de finanças e de instrumentos econômicos para a agenda de clima; reconhecer o papel de um banco de desenvolvimento nacional trazendo estratégias de implementação de soluções para setores como um todo e na integração de instrumentos econômicos”, disse Kadri.
States of the Future 2
Às vésperas da 30ª Conferência das Partes (COP 30), o seminário "States of the Future 2" propõe um diálogo estratégico sobre um pré-requisito fundamental para o desenvolvimento sustentável: a Capacidade do Estado. Esta é a segunda edição do seminário. Em 2024, em paralelo ao grupo de trabalho de desenvolvimento do G20, o evento reuniu cerca de 200 painelistas e líderes mundiais para debater as capacidades estatais necessárias para que governos e sociedades respondam de forma coordenada aos choques e às demandas do século XXI.
Este ano, o debate recai sobre as mudanças climáticas, especialmente as transformações institucionais, tecnológicas e climáticas necessárias para a construção de sociedades mais resilientes, justas e sustentáveis.
O evento promovido pelo MGI é realizado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com apoio da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), e da Fundação Getúlio Vargas.
O seminário States of the Future 2 se consolida como um espaço estratégico de reflexão e construção coletiva sobre os rumos do Estado diante dos desafios contemporâneos. Às vésperas da COP30, o encontro reforça a importância da capacidade estatal como condição essencial para o desenvolvimento sustentável e para a legitimidade das instituições públicas.
Dando continuidade aos debates iniciados durante a Presidência brasileira no G20, o evento reúne especialistas e lideranças para discutir caminhos que fortaleçam as estruturas institucionais, financeiras e sociais, em busca de um futuro mais justo, resiliente e sustentável.