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STATES OF THE FUTURE 2
Gestão promove debate sobre o futuro da democracia e a construção de pactos sociais
Equilibrar a eficiência governamental com a qualidade dos processos democráticos foi um dos desafios atuais em discussão no painel. Foto: Ana Carolina Fernandes
O terceiro painel do primeiro dia do evento internacional “States of the Future 2”, tratou do tema Futuro da Democracia: Nacionalismo, Desinformação e o Contrato Social. O evento, promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), ocorre no Centro Cultural da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, entre 6 e 7 de outubro.
Diante de um cenário atual de descrédito nas soluções oferecidas pelas democracias, o painel reuniu especialistas para refletir sobre novos caminhos no sentido de fortalecer o contrato social democrático.
A moderação ficou a cargo de Celina Pereira, secretária extraordinária adjunta de Transformação do Estado do MGI, que destacou que “as democracias são processos demandantes por natureza”. Enfatizou o desafio de equilibrar a eficiência governamental com a qualidade dos processos democráticos e a representatividade.
Em seguida, Edilene Lôbo, advogada e ex-ministra do TSE, afirmou que o desafio central é garantir que a representação política reflita verdadeiramente a população, apontando o déficit de legitimidade — especialmente, no Brasil, na sub-representação de mulheres negras. “Fora do Estado de Direito há barbárie, é o que aprendemos. Mas também aprendemos que o direito pode ser usado para opressão. O direito tem um papel na busca pelos consensos possíveis”, refletiu.
Miguel Lago, diretor executivo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, apontou para o dilema entre as emergências globais, sejam epidêmicas, climáticas ou existenciais, e a natureza deliberativa da democracia. Ele defendeu a criatividade democrática e a necessidade de construir futuros possíveis, afirmando: “Democracia é movimento. Precisamos de discursos que voltem a criar horizontes de expectativas e evitar o ‘cancelamento do futuro’”.
Por fim, participou Mônica Sodré, CEO da empresa Meridiana, que abordou a crise de significado da democracia entre diferentes grupos políticos. Também falou sobre a expansão da pauta climática para além de seu nicho inicial: “A mudança do clima é cada vez menos uma agenda ambiental, ela afeta a economia, a política, os direitos humanos, a vida das pessoas”. Assegurou que o tema afeta toda a sociedade brasileira, dada a relevância do agronegócio para o PIB nacional e a vulnerabilidade do país ao impacto do clima no uso do território. Recordou que “o clima é um produtor e acelerador de desigualdades”, sendo esse um dos elos principais na relação do tema com a política e a democracia.
States of the Future 2
Às vésperas da 30ª Conferência das Partes (COP 30), o seminário "States of the Future 2" propõe um diálogo estratégico sobre um pré-requisito fundamental para o desenvolvimento sustentável: a Capacidade do Estado. Esta é a segunda edição do seminário. Em 2024, em paralelo ao grupo de trabalho de desenvolvimento do G20, o evento reuniu cerca de 200 painelistas e líderes mundiais para debater as capacidades estatais necessárias para que governos e sociedades respondam de forma coordenada aos choques e às demandas do século XXI.
Este ano, o debate recai sobre as mudanças climáticas, especialmente as transformações institucionais, tecnológicas e climáticas necessárias para a construção de sociedades mais resilientes, justas e sustentáveis.
O evento, que se encerra nesta terça-feira (7/10), é promovido pelo MGI e realizado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e apoios da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) e da FGV.
O evento pode ser acessado pelo Youtube do MGI: https://www.youtube.com/@gestaogov_br