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GESTÃO DE PESSOAS
Gestão de pessoas baseada em evidências e fortalecimento das capacidades estatais marcam o 2º Seminário de People Analytics no MGI
Na semana do Dia das Servidoras e Servidores Públicos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) sediou 2º Seminário de People Analytics no Setor Público. A abertura do evento, realizado na quinta-feira dia 30 de outubro, discutiu o papel fundamental das pessoas que trabalham na administração pública para o avanço das políticas destinadas à população. Participaram autoridades do MGI e da Fundação Lemann, parceira do projeto, que convergiram na defesa das capacidades estatais, com uso de dados e valorização de pessoas e foco no interesse público.
A secretária executiva do MGI, Cristina Mori, destacou que “a gestão de pessoas é essencial para a transformação do setor público e da maneira de se entregar políticas.” Quando o MGI foi criado, lembrou a secretária-executiva, recebeu a missão de reconstruir e fortalecer as capacidades estatais, olhando para o futuro. Com transmissão ao vivo pelo canal do MGI no YouTube, o encontro trouxe exemplos e experiências sobre como o People Analytics vem ganhando espaço na administração pública.
Para ela, a realização desse segundo seminário é evidência de que a sociedade entendeu que é preciso usar mais os dados disponíveis. “E nós agora temos esses dados, que podem ser aproveitados para fazer uma melhor gestão de pessoas. Afinal, são as pessoas, junto com tecnologia, que de fato movem organizações. Saber usar esses elementos é um desafio, mas também uma necessidade imperativa.”
O secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Júnior, ressaltou a consolidação de uma nova postura na administração pública. “Neste governo, elevamos o patamar da gestão de pessoas. A People Analytics é uma abordagem que fortalece essa postura propositiva que queremos, ancorada em evidências, análise de dados, boas práticas e na ética de bem servir”, afirmou.
Celina Pereira, secretária adjunta da Secretaria Extraordinária de Transformação do Estado do MGI, também ressaltou a mudança de paradigma da administração estatal, antes autocentrada e alheia às políticas públicas. “Esse projeto, para além de incorporar novas ferramentas, promove uma verdadeira ruptura de paradigma na maneira como se enxerga a gestão pública. Ela deixa de ser vista como um fim em si mesma. A que propósito ela se destina? Nós nos voltamos para a questão de como qualificá-la para que ela atenda as pessoas. Pensando em servidoras e servidores, mas com o foco nas pessoas fora do setor público, na sociedade, que é o propósito de toda atuação estatal.”
A inversão da lógica de condução do Estado também foi destacada pelo secretário de Gestão e Inovação, Roberto Pojo, que apontou a missão do MGI nessa recosntrução, fundamental em um país com desigualdades como o Brasil. “Pouco se sabia sobre o que havia à disposição, porque a lógica anterior era de desmonte. Conhecer e valorizar os ativos que temos é crucial – e as pessoas são o principal ativo da administração pública”.
Representando a Fundação Lemann, Weber Sutti, reconheceu a importância de fortalecer capacidades estatais e o trabalho do Ministério da Gestão nesse sentido: “São mudanças graduais, mas estruturantes”. Encerrou com uma provocação, ao levantar a necessidade de uma política nacional de gestão de pessoas. “É inescapável pensar esse tema de maneira ampla no Brasil, e o MGI pode liderar esse processo”, lançou.
People Analytics
A metodologia People Analytics aplica técnicas de estatística, ciência de dados e inteligência artificial para transformar informações sobre o comportamento e desempenho dos servidores em evidências que orientam decisões estratégicas. O método substitui percepções subjetivas por análises objetivas, promovendo uma gestão mais eficiente, transparente e alinhada às metas institucionais.
A consultora Juliana Almeida, da Minder People Analytics, apresentou o painel “Liderança e Clima de Diversidade com People Analytics”, destacando como os dados podem apoiar lideranças inclusivas. “Ao contrário de outras inovações que demoraram para chegar ao Brasil, com o People Analytics, pela primeira vez temos a possibilidade de caminhar simultaneamente com o que acontece em outros países”, afirmou.
Juliana também apresentou o Projeto Liderando com People Analytics, implementado em 204 órgãos públicos, que introduz a metodologia como política de Estado. “Essa é uma nova forma de pensar e de compartilhar conhecimentos, a única forma verdadeira de transformação do mundo”, disse.
Programa de Gestão e Desempenho
Outro destaque do seminário foi o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), apresentado por Juliana Legentil (Seges/MGI) e Priscila Aquino (SGP/MGI), com mediação de Ana Claudia Mendonça (TSE). As palestrantes apresentaram as principais características do PGD, que redesenha a gestão do trabalho na administração pública ao alinhar o planejamento estratégico das organizações, resultados e entregas de cada unidade, ao trabalho de cada indivíduo da instituição, por meio da elaboração e execução de planos de entrega e de trabalho.
A pactuação de metas, monitoramento de resultados, responsabilidades individuais, avaliação de desempenho, o novo papel das lideranças e o protagonismo dos servidores e servidoras junto ao processo de mudança de gestão impulsionado pelo PGD foram destaques no debate, que apresentou ainda dados da pesquisa Vozes do Serviço Público com os participantes do programa e os desafios a serem superados para a consolidação do PGD como instrumento de gestão.
Uso de dados para transformar a gestão de pessoas
Após a mesa de abertura, o 2º Seminário de People Analytics no Setor Público iniciou com o painel “People Analytics para todos: como começar?”, com Mirian Bittencourt, diretora de Governança e Inteligência de Dados do MGI; Mayara Nascimento de Farias, coordenadora-geral de Informações Gerais do MGI; e Talitha Pedrosa, líder do núcleo ConectaGente (SGP/MGI). A mediação foi do secretário José Celso Cardoso.
O debate abordou os primeiros passos para consolidar uma cultura de dados na gestão de pessoas, destacando a importância da capacitação, da governança e da integração entre áreas. Foi apresentado o Observatório de Pessoal do Governo Federal, que reúne bases como o Painel Estatístico de Pessoal (PEP) e passou por revitalização em parceria com a Fundação Lemann.
“O Observatório de Pessoal foi relançado em 2023 num processo de fortalecimento de dados no governo. É um instrumento importante para capacitação dos servidores na área de dados. Realizamos, inclusive, um curso de letramento no tema para enraizar essa característica de produzir informações nos servidores”, contou o secretário José Celso.
Mirian Bittencourt destacou que o People Analytics deve priorizar as pessoas, não apenas os números. “Precisamos pensar nos impactos que o People Analytics pode causar no serviço público e na sociedade”, afirmou. “O CPNU é uma iniciativa exitosa do ponto de vista da eficiência, mas não seria tão relevante se não promovesse a diversidade na Administração Pública. O Observatório de Pessoal agora se renova com bons diagnósticos para apoiar o trabalho do governo federal”, completou.
Talitha Pedrosa ressaltou o papel da gestão de pessoas em estimular o engajamento e o bem-estar dos servidores. “Quando investimos no bem-estar e colocamos as pessoas no lugar certo, fazemos com que elas trabalhem melhor. O desafio é compreender como cada dado impacta no ciclo laboral do servidor”, observou.
Já Mayara Farias destacou que o Observatório está em constante aperfeiçoamento e contribui tanto para a transparência quanto para decisões mais eficazes. “Que esse novo Observatório possa nortear decisões importantes, ajudar a sociedade a compreender o funcionamento do Estado e guiar ações mais assertivas do Poder Público”, afirmou.
Confira mais detalhes sobre a Pesquisa Vozes do Serviço Público
Anuário de Gestão de Pessoas
Ana Luiza Pessanha e Paula Frias, da República.org, apresentaram o Anuário de Gestão de Pessoas – Volume 2, que reúne dados sobre servidores e práticas de gestão no Executivo Federal. Paula explicou que o objetivo da publicação é evidenciar a diversidade do serviço público. Segundo o Anuário, 81,5% dos vínculos civis do país estão no Executivo, e 60% dos profissionais atuam nas áreas de Educação, Saúde e Administração. “A Saúde, vale mencionar, teve crescimento representativo nos últimos anos, o que pode ser creditado à pandemia”, observou.
Ana Luiza Pessanha abordou a importância de um modelo contínuo de gestão de desempenho. “É essencial definir objetivos, metas, competências, pactuar com os servidores e ampliar a transparência, com acompanhamento, feedback e capacitação das lideranças”, ressaltou.
Iniciativas de People Analytics na Enap
Marcela Guimarães Côrtes Shakir, coordenadora-geral de Gestão de Pessoas da Enap, apresentou o painel “Iniciativas Práticas de People Analytics”, compartilhando experiências bem-sucedidas no uso de dados para enfrentar desafios cotidianos da administração pública. O ponto de partida ocorreu em 2023, com a análise do SIAPE, que revelou que 32% do quadro da Enap recebia Abono de Permanência, sinal de possível perda de conhecimento institucional. “Vimos que precisávamos valorizar essas pessoas e o papel de suas experiências para a instituição”, lembrou.
Entre os dados analisados, destacou-se também o predomínio feminino na força de trabalho da Enap - 55% dos profissionais, em contraste com o perfil de outros órgãos e entidades. Para Marcela, a grande virada no uso de People Analytics veio com a pesquisa Fala, Enap, realizada de 2023 a 2025, sob os temas Sua voz, nosso futuro; Sua voz transforma; e Nossa voz, nossa força. Os resultados mostraram que servidores mais jovens demonstram maior motivação, enquanto os mais experientes expressam maior desejo de mobilidade. A partir dessas percepções, foram desenvolvidas ações de valorização, crescimento e pertencimento, todos fundamentados na metodologia de People Analytics.
Revista Gestão de Pessoas em Evidência
O seminário também marcou o pré-lançamento da revista Gestão de Pessoas em Evidência Volume 3. A publicação é uma iniciativa da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) do MGI com a proposta de reunir artigos técnicos, análises de dados e reflexões sobre temas relevantes para a gestão de pessoas no setor público federal. "A nova RGPE reúne artigos conceituais, sobre o que o MGI quer sobre essa metodologia relatórios sobre tudo o que foi apreendido com o projeto Liderando com People Analytics e textos voltados aos cuidados com os servidores", revelou a diretora Mirian Bittencourt.
O primeiro exemplar da RGPE, publicado no início de 2025, foi dedicado ao tema Aposentadoria no Setor Público. O segundo volume, lançado no evento, aborda o PGD do governo federal. A terceira revista, com lançamento previsto até o fim do ano, será dedicada ao People Analytics.
Alguns artigos que estarão no periódico podem ser acessados no site de revistas publicadas do Observatório de Pessoal.
Dimensionamento da Força de Trabalho do MGI
Encerrando o seminário, a coordenadora-geral de Planejamento da Força de Trabalho do MGI, Lorena Ferreira apresentou a gestão da força de trabalho baseada em evidências, abordando a estratégia que vem sendo adotada para atrair talentos e recompor as capacidades estatais, que envolve etapas de planejamento, de dimensionamento e de delineação de soluções para as situações identificadas.
No planejamento, entre outros processos, são realizados o mapeamento de políticas prioritárias e da agenda setorial da unidade analisada, assim como a identificação de metas, objetivos estratégicos, prioridades e lacunas de atuação. Já a etapa de dimensionamento da força de trabalho (DFT) é uma das principais inovações do MGI para a melhoria dos processos de contratação e alocação de pessoal na Administração Pública Federal. Ela conquistou, em agosto deste ano, o segundo lugar no prêmio Agilidade Brasil 2025 — Setor Público.
O DFT permite estimar a quantidade ideal de pessoas para realizar as entregas de uma unidade organizacional, considerando o contexto e as características da força de trabalho. Essa metodologia de coleta de dados, desenvolvida pelo MGI em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), revela ao gestor os principais gargalos e demandas reprimidas da sua área, além de informações sobre o perfil profissional condizente com as entregas.
O uso do DFT permite aperfeiçoar, entre outras ações, as atividades de capacitação e os pedidos de concursos públicos, de contratações temporárias e de movimentação de pessoal. “Acredito que, em um futuro próximo, com ainda mais órgãos implementando essa estratégia, com a integração com o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), trazendo esses dados sobre o tempo que as equipes alocam nas entregas de forma sistemática e recorrente, teremos condições de aprimorar o planejamento da força de trabalho necessária para os próximos anos, com um plano de contratação de pessoal”, afirmou Lorena.
No último ano, a implantação do DFT foi acelerada graças a um programa de mentoria promovido pelo MGI, que permitiu sua disseminação assistida em diversas unidades simultaneamente. Até julho de 2025, o dimensionamento foi concluído em 4.727 unidades de 114 órgãos públicos, um crescimento expressivo em comparação com as 2.188 unidades dimensionadas em 85 órgãos até janeiro de 2025, e uma evolução ainda maior em relação às 1.143 unidades dimensionadas em 61 órgãos em 2024.
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