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SEMANA DE INOVAÇÃO
Enfrentar os desafios climáticos passa pelo fortalecimento das capacidades estatais, concordam palestrantes na Semana de Inovação
Foto: Humberto Araújo/Enap
A Semana de Inovação 2025, promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), abriu espaço para um dos temas mais urgentes da atualidade: a crise climática e a capacidade do Estado em responder a seus impactos. Na palestra Capacidades Estatais para resiliência e adaptação climática: Mobilização para um Futuro Comum, especialistas e gestores públicos debateram estratégias diante de eventos climáticos extremos e desafios do desenvolvimento sustentável.
Inovação em políticas públicas
Representando o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), a diretora de Programa, Mariana Brito, destacou o papel da gestão pública e de estruturas de mitigação dos efeitos da crise climática. “O desafio do Estado é preparar órgãos e carreiras para lidar com essas necessidades. A COP 30 será um marco, mas apenas o início de um processo que deve estruturar políticas e ações duradouras”, afirmou.
Segundo Brito, a adaptação climática exige que governos estejam preparados não apenas em termos de políticas públicas, mas também de pessoal qualificado, instituições sólidas e coordenação federativa
A diretora-executiva da Enap, Natália Teles da Mota, reforçou o papel das escolas de governo na criação de ferramentas que possibilitem lidar com problemas reais. “Quando falamos em escola, pensamos em cursos. Mas nosso papel vai além: é gerar redes, ferramentas e produtos que apoiem o desenvolvimento de soluções práticas, construídas em conjunto com os órgãos públicos”, ponderou.
Economia verde e sustentabilidade
A gerente de projetos do Ministério da Fazenda (MF) e atual presidente do Conselho de Administração do Banco do Nordeste (BNB), Sávia Gavazza, abordou os instrumentos econômicos e regulatórios que estão sendo implementados para promover a transição ecológica.
Entre os destaques mencionou a estruturação do “Tropical Forests Forever Fund” (TFFF), fundo que busca mobilizar até US$ 125 bilhões em títulos voltados à proteção de florestas tropicais. Citou ainda a Taxonomia Sustentável brasileira, a consolidação do mercado de carbono, além de avanços regulatórios no setor energético, como o marco legal do hidrogênio de baixa emissão.
“Tomamos posse da necessidade da descarbonização da economia para gerar empregos de qualidade, atrair investimentos e reposicionar o Brasil no cenário internacional. A reforma tributária será um divisor de águas, tornando o sistema mais simples e competitivo”, pontuou.
Lições práticas
A secretária para assuntos federativos da prefeitura de Porto Alegre e ex-prefeita de Novo Hamburgo (RS), Fátima Daudt, trouxe um relato concreto sobre a importância da preparação e da resposta rápida diante de catástrofes naturais.
“Na tragédia que atingiu 32 mil pessoas em Novo Hamburgo conseguimos evitar mortes porque a prefeitura, em conjunto com técnicos, realizou estudos que indicaram quais áreas seriam alagadas. Foi possível evacuar 23 mil pessoas a tempo. O exemplo recente do Rio Grande do Sul mostra que não há tempo a perder: precisamos focar na prevenção e mitigação”, alertou.
No debate, os palestrantes concordaram que os desafios climáticos exigem não apenas políticas públicas robustas, mas também a mobilização de diferentes setores do Estado, da sociedade e da economia. Como lembrou Mariana Brito, a COP 30 será um ponto de partida para iniciativas estruturantes, mas o trabalho precisa ser contínuo e integrado.