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STATES OF THE FUTURE 2
Encerramento do States of the Future 2 destaca desafios e oportunidades para o Brasil durante a COP 30
Francisco Gaetani (SETE/MGI), Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) e co-presidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU, e Emmanuel Guérin (European Climate Foundation) discutem estratégias para fortalecer o protagonismo do Sul Global nas negociações climáticas. Foto: Ana Carolina Fernandes
No encerramento do seminário States of the Future 2, promovido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o 7º seminário intitulado, “A Caminho da COP 30”, abordou caminhos para fortalecer o protagonismo do Sul Global nas negociações climáticas internacionais. Diante de um cenário global desafiador, o debate destacou a COP 30 como uma oportunidade de construir consensos e coalizões voltadas à promoção de uma transição justa e equitativa, com foco no financiamento, na governança e no papel estratégico dos Estados.
Participaram do debate o secretário extraordinário de Transformação do Estado (SETE/MGI), Francisco Gaetani; a ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) e co-presidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU, Izabella Teixeira; E o diretor-executivo de Políticas Globais na European Climate Foundation, Emmanuel Guérin.
O secretário extraordinário de Transformação do Estado do MGI, Franscico Gaetani, abriu o painel destacando o papel do Brasil nas negociações climáticas e a importância de construir coalizões internacionais. "O Brasil tem uma trajetória estratégica na implementação dos acordos de Paris e, hoje, é essencial consolidar parcerias com o setor privado, organizações da sociedade civil e parceiros internacionais. A COP30 representa uma oportunidade única de reforçar a liderança do Sul Global, fortalecendo instrumentos econômicos e iniciativas que promovam uma transição justa e equitativa”, disse.
Gaetani também chamou atenção para a importância da construção de coalizões estratégicas, destacando que Izabella Teixeira, que já foi ministra do Meio Ambiente do Brasil, atuou na formação de alianças com o setor privado, o terceiro setor e parceiros internacionais. Segundo ele, essas articulações evidenciam que o movimento coletivo do Brasil busca gerar impactos concretos e consistentes, enfrentando o desafio de negociar hoje com visão de futuro.
Desafios para uma transição climática justa
Nesse contexto, Izabella Teixeira apresentou uma análise detalhada sobre a situação climática global e os desafios estratégicos para o país. Para ela, “a crise climática deixou de ser apenas uma questão ambiental; hoje ela envolve geopolítica, geoeconomia e desenvolvimento, com disputas de poder, dependência tecnológica e acesso a recursos estratégicos”.
Ela também enfatizou que a ação climática precisa ser pensada considerando segurança alimentar, mercados estratégicos e desenvolvimento sustentável, integrando as demandas da população às oportunidades para o Brasil se posicionar como provedor de soluções globais. Teixeira ressaltou ainda que o desafio é articular políticas e decisões que unam visão de futuro, responsabilidade ambiental e viabilidade econômica, garantindo que a sociedade esteja preparada e engajada na transformação necessária.
O diretor-executivo de Políticas Globais na European Climate Foundation, Emmanuel Guérin, destacou a necessidade de conectar a COP30 às demandas concretas da sociedade. “O desafio é como ligar a COP30 a tudo que discutimos nos últimos dias, erosão da democracia, necessidade de reconstruir a capacidade do Estado, combate às desigualdades e criação de instrumentos econômicos para a transição justa. Precisamos transformar a retórica em ações concretas”, disse.
Nesse sentido, Guérin ressaltou a importância da participação ativa de cidadãos, setor privado e governos locais, reforçando que engajar todos os setores é essencial para tornar as políticas climáticas sustentáveis e economicamente viáveis. Ele acrescentou que cidades e estados devem estar presentes desde o início, garantindo que planos climáticos, como os projetados para 2035, possam ser implementados de forma eficaz.
Guérin também destacou áreas prioritárias que exigem atenção imediata, como a proteção da floresta tropical, a redução de emissões de metano e a construção de finanças adaptativas. Para ele, “proteger o que resta da floresta tropical, reduzir rapidamente as emissões de metano e promover solidariedade global são pilares críticos para que a COP30 tenha impactos concretos, tanto internacionalmente quanto no contexto brasileiro” explicou.
Encerrando o seminário, Gaetani destacou a importância de enfrentar os desafios do presente olhando para o futuro e aprendendo com experiências passadas. “Temos que usar o futuro para tirar a gente dos impasses presentes, processar os conflitos e encontrar modos de agir de forma prática e eficiente”. Ele reforçou que o Brasil dispõe de recursos, capacidades e oportunidades únicas, mas precisa superar impasses institucionais e desenvolver uma postura política madura para transformar potencial em resultados, avançando em direção a um país mais justo, sustentável e eficiente.