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Ministério da Gestão garante maior participação de mulheres na direção da Caixa Econômica Federal
Secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI, Elisa Leonel, durante evento de lançamento do Plano de Enfrentamento ao Assédio Sexual da Caixa Econômica Federal
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) esteve presente no lançamento do novo Plano de Enfrentamento ao Assédio Sexual da Caixa Ecônomica Federal, nesta terça-feira (06/05). Na ocasião, a estatal apresentou as atualizações do Estatuto Social da empresa com mudanças que reforçam a transparência, a governança e a promoção da equidade de gênero. Uma das principais novidades no documento, construído em parceria com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST/MGI), é a obrigatoriedade de que ao menos um terço dos cargos da Diretoria Executiva seja ocupado por mulheres até 2026.
A medida não é apenas simbólica. Para a secretária da Sest, Elisa Leonel, que representou a ministra Esther Dweck no evento, essas alterações expressam um novo posicionamento das empresas estatais frente aos desafios sociais que devem cumprir, ao compreender que equidade e governança caminham juntas. “A Caixa está servindo de exemplo, sendo a primeira estatal a trazer para o estatuto a previsão de 1/3 da participação das mulheres na diretoria executiva”, afirmou. Ela destacou ainda que o novo estatuto consolida o papel da empresa como agente de políticas públicas, ao estabelecer que uma parte dos lucros seja destinada a projetos de impacto socioambiental.
O presidente da Caixa, Carlos Vieira, defendeu o protagonismo da empresa. Para ele, as mudanças estatutárias representam uma ruptura com a lógica burocrática e uma aposta em valores. “Essas mudanças [...] trazem a oportunidade de nós, na condição de empresa pública, sermos pioneiros numa ação efetiva de mudança da compreensão do papel executivo que é destinado ao gênero feminino na Caixa”, disse. Ele lembrou ainda que o plano contra o assédio deve transformar a cultura institucional. “A força da governança da Caixa não terá nenhuma serventia se a gente não vivenciar uma organização que respeita o seu próximo”, disse.
Essa transformação passa por encarar os dados de frente. A vice-presidente de Riscos da Caixa, Henriette Bernabé, trouxe números que demonstram como é necessário enfrentar o problema: “Mais de 50% dos casos de assédio sexual ocorridos na Caixa têm como vítimas prestadoras de serviço, estagiárias ou adolescentes aprendizes. E 100% dos assediadores nos casos que chegaram ao nosso canal de denúncias são homens.” A fala emocionada de Henriette reforçou a urgência da pauta. “Essa estatística me emociona, gente.” E completou: “O que vai fazer a diferença na empresa são as ações do dia a dia de cada um de nós.”
A secretária Elisa Leonel aproveitou o momento para lembrar que o enfrentamento ao assédio exige compromisso institucional contínuo e letramento das lideranças. “O topo da organização precisa não só se engajar [...] mas também se abrir para o letramento, porque muitas vezes o nosso desafio não está já no assédio, e sim na gente se abrir para conhecer sobre o tema”, disse. Ela citou o decreto que prevê a reserva de vagas em contratos terceirizados para mulheres vítimas de violência como uma das frentes estruturantes dessa política pública.
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional e presidente do Conselho de Administração da Caixa, também destacou a importância de criar condições para que as mulheres avancem. “As mulheres da Caixa [...] vão ser o que elas quiserem ser, do jeito que elas quiserem ser.”, disse. Para Ceron, é preciso construir ambientes seguros e respeitosos. Ele citou o programa de formação de lideranças femininas apoiado pela Caixa, com etapas no Brasil e em Harvard, como exemplo de ação concreta para promover a autonomia. “Para que essas mulheres nunca mais tenham qualquer dúvida de ostentarem e com tranquilidade saberem que elas têm tanto ou mais condições de ocupar qualquer vaga.”, afirmou.
A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, também esteve no evento e reforçou a importância de transformar compromissos em regras claras. “Uma coisa é ter um plano para a igualdade. Outra coisa é estar no estatuto”, afirmou. Ela defendeu metas ousadas e a mobilização dos homens nessa pauta. “Se você quer 30%, você tem que buscar 50% para conseguir os 30%.”
Lurdinha Lopes, do Movimento Nacional de Luta por Moradia, representou a sociedade civil organizada no evento. Ela lembrou por que é tão importante ter mulheres nos espaços de decisão. “A gente se sente mais à vontade para saber que as mulheres têm esse lugar respeitado dentro da Caixa [...] com muito maior capacidade de compreender o porquê que as mulheres chefes de família servem fileira na frente das lutas pelo direito à cidade.”
“Não haverá justiça social, inclusão ou desenvolvimento econômico sem um Estado forte.” Foi com essa afirmação que Elisa Leonel ao resumir a importância do evento para a Caixa Econômica.