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2º Fórum de Líderes dos Planos de Transformação Digital reforça foco na melhoria da vida do cidadão
A personagem virtual “Dona Maria”, criada com Inteligência Artificial para representar os cidadãos que mais devem se beneficiar da digitalização dos serviços públicos, foi destaque no evento. Foto: Washington Costa
O 2º Fórum de Líderes dos Planos de Transformação Digital (PTDs) foi realizado nesta quinta-feira (9), na sede do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), com a participação de representantes de 53 órgãos do governo federal. Um dos destaques do evento foi a apresentação da personagem virtual “Dona Maria”, criada com Inteligência Artificial para representar os cidadãos que mais devem se beneficiar da digitalização dos serviços públicos.
A personagem foi inspirada em uma pesquisa recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o uso de serviços digitais no Brasil. O estudo revelou que um dos grandes desafios da transformação digital é incluir e acolher pessoas afastadas do contexto tecnológico — como trabalhadores rurais com baixa escolaridade, renda e letramento digital.
“Ela representa as pessoas que precisamos atender, para quem devemos olhar quando falamos em transformação digital”, afirmou o secretário de Governo Digital do MGI, Rogério Mascarenhas. Ele destacou a importância de uma transformação que seja, acima de tudo, inclusiva: “É preciso fazer a transformação digital sem deixar ninguém para trás.”
O fórum reuniu os líderes responsáveis pela implementação dos PTDs em seus respectivos órgãos. Durante o encontro, os participantes — presenciais e remotos — debateram temas centrais da digitalização, dialogando com membros da mesa em diferentes momentos do evento. Também houve espaço para perguntas da plateia e uma fala de abertura do secretário de Governo Digital.
Na abertura, Rogério Mascarenhas resumiu o propósito da transformação digital no Estado brasileiro: “Nosso objetivo é fazer com que, em cada interação do cidadão conosco, ele sinta que o Estado está pronto para atendê-lo, de forma personalizada”.
Além de enfatizar esse propósito, o secretário ressaltou que a digitalização vai além da simples automação de serviços. Ela envolve revisão de processos, simplificação e também economia de recursos públicos. Segundo Mascarenhas, a integração de sistemas e bancos de dados já evita um gasto estimado em R$ 4 bilhões.
Na palma da mão
O diretor substituto de Difusão da Transformação Digital da Secretaria de Governo Digital (SGD), Walid Ghazale, reforçou a importância da digitalização, lembrando que o Brasil tem a quinta maior população conectada do mundo — com 187 milhões de usuários de internet — e que 73% dos brasileiros já utilizaram algum serviço público digital por meio de dispositivos móveis.
“Aquela ideia de que o cidadão precisava ir até os órgãos para acessar os serviços públicos já não faz sentido. Hoje, as pessoas querem resolver tudo ali, na palma da mão”, afirmou.
No entanto, ele alertou que ainda há barreiras: muitas pessoas continuam precisando pagar alguém que saiba usar tecnologia para acessar serviços públicos, especialmente em cidades do interior. “Apenas 24% das pessoas com mais de 55 anos declararam realizar atividades digitais de forma autônoma. Em áreas rurais, esse número é de apenas 36%. Precisamos lembrar disso”, completou.
Ecossistemas de dados
O diretor do Departamento de Infraestrutura de Dados Públicos, Renan Gaya, falou sobre como o compartilhamento inteligente de dados entre os órgãos pode tornar os serviços mais eficientes. Ele citou como exemplo programas como o Bolsa Família, Identidade Jovem e Pé-de-Meia, que, muitas vezes, precisam validar as mesmas informações. “Por que cada política pública precisa coletar os dados separadamente, se eles já existem no governo?”, questionou.
Foi dessa reflexão que surgiu o conceito de ecossistema de dados, apoiado por ferramentas como o Conecta GOV.BR. “Cada área tem um grupo de atores que lida com um conjunto de dados. Fazer isso de forma colaborativa é mais eficiente. A soma desses ecossistemas é o que chamamos de Infraestrutura Nacional de Dados (IND)”, explicou Renan.
Ele reforçou que a proposta da IND não é centralizar os dados, mas integrá-los. “Estamos falando de visão integrada. A IND é um conjunto de políticas, normas e ferramentas que ajuda a integrar, qualificar, analisar, abrir e proteger os dados, promovendo mais cidadania.”