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ARQUIVO NACIONAL
Ministra da Gestão e nova diretora-geral do Arquivo Nacional reforçam compromisso com a memória e a gestão documental
Cerimônia de posse ocorreu na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), e contou com a presença da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Foto: Lucas Landau
O compromisso com o projeto de reconstrução do Arquivo Nacional, a preservação da memória, a gestão documental e o caminho do diálogo marcaram a cerimônia de posse de Monica Lima como nova diretora-geral do Arquivo Nacional (AN), o órgão central do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos (Siga) da Administração Pública Federal, integrante da estrutura do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
O evento, realizado nesta segunda-feira (24/2), na sede do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro (RJ), contou com a participação da ministra Esther Dweck, do presidente do Fórum Nacional das Associações de Arquivologia do Brasil (FNArq), Wagner Ridolphi, do diretor da Escola de Arquivologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Flavio Leal, da coordenadora do Acervo Virtual de História da Mangueira, Claudiene Esteves, e da professora da Universidade Estadual da Paraíba, Ismaelly Trajanno, além de inúmeros servidores do Arquivo Nacional.
A ministra da Gestão, Esther Dweck, deu boas-vindas à Monica Lima e compartilhou uma reflexão sobre a pluralidade e a diversidade das memórias históricas. “A memória não pertence a um único segmento ou a uma única vertente: ela é plural, diversa, formada por múltiplas vozes e experiências. A memória de um país se constrói a partir da junção das grandes realizações, das pequenas lutas cotidianas, das figuras imortais e das histórias invisíveis. Acredito que a Mônica saberá construir esse valoroso projeto para o Arquivo Nacional”, salientou.
Dweck relembrou diferentes avanços no Arquivo Nacional, nos últimos dois anos, como o suporte à recuperação de arquivos afetados pela calamidade pública no Rio Grande do Sul, e mencionou a recriação do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, que havia sido encerrado no governo anterior. “Isso é um exemplo do compromisso do governo do presidente Lula com a valorização e a promoção da memória e do nosso patrimônio documental, fundamentais para a construção de um país mais igualitário e democrático”, reforçou.
A ministra também falou sobre a realização da 2ª Conferência Nacional de Arquivos, com o tema "Arquivos: agentes da cidadania e da democracia". “São 14 anos depois da 1ª edição. Esperamos que a iniciativa proponha avanços na Política Nacional de Arquivos pensando no fortalecimento dos arquivos públicos, na valorização dos arquivos comunitários, na modernização da gestão documental e como promover mais acesso à informação”, pontuou ao complementar que outro esforço importante em andamento é o da construção do Plano Nacional de Recolhimento, junto com o Conselho Nacional de Arquivos e outros atores.
A nova diretora-geral do AN, Monica Lima, destacou seu compromisso com o fortalecimento do Arquivo Nacional e a importância do diálogo na nova gestão. “Tenho à frente um desafio e sei disso. Quero poder fazer muito pelo fortalecimento do Arquivo Nacional e sei que não estou sozinha nesse projeto. Precisamos exercitar a transparência, o diálogo e o reconhecimento”, afirmou.
A diretora-geral também anunciou ações concretas para a instituição. “Já teremos as primeiras ações de recolhimento no mês de março, a serem anunciadas dentro de um processo de fortalecimento do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil — Memórias Reveladas. Consideramos muito importante que esse centro recupere o que de melhor pode ter e possa alcançar uma dimensão ainda maior de reconhecimento e conhecimento sobre suas possibilidades”.
No cenário internacional, o objetivo é retomar e ampliar a presença em espaços estratégicos. “Pretendemos seguir na retomada da ocupação de espaços importantes, grupos de trabalho e novas redes em instituições arquivísticas e de memória, ao mesmo tempo em que seguiremos ocupando novos espaços. Por exemplo, integramos recentemente a coalizão Sítios de Consciência, que reúne instituições que recebem, guardam e preservam documentos de caráter sensível. Em breve, será anunciado um edital para integrantes da Comissão Consultiva do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo, da Unesco, ampliando a presença da sociedade e de estudiosos no tema”, disse Monica.
Fortalecimento do diálogo e da governança
Outro ponto abordado no discurso da diretora-geral foi a necessidade do diálogo contínuo e do fortalecimento da governança do Arquivo Nacional. “Com o diálogo e a consideração de possibilidades, vamos reconstruir pontes, retomar e talvez reformular projetos, recuperar e criar espaços. Nacionalmente, demos um grande passo, cujas bases não são de agora, mas sua efetivação se aproxima, que é a proposta de regionalização, a partir da criação de escritórios, de superintendências regionais nas regiões Sul, Norte e Nordeste. Trata-se de um movimento importante que pretende tanto atender ao cumprimento da missão do Arquivo Nacional, relativa ao recolhimento, como também fortalecer sua atuação na gestão de documentos de uma maneira mais próxima e considerando as realidades locais”.
Monica salientou a relevância da aproximação com a área de Arquivologia, ressaltando a necessidade de reconstruir e abrir novos canais de discussão. Em sua fala, o presidente do Fórum Nacional das Associações de Arquivologia do Brasil (FNArq), Wagner Ridolphi, também destacou a importância dessa aproximação. “Esperamos que as diretrizes da arquivologia e da condução técnica direcionem a nova gestão no Arquivo Nacional e do Conarq [Conselho Nacional de Arquivos], ouvindo a comunidade e sintonizando-se com as demandas do campo. Enfim, torcemos, lutamos e merecemos a compreensão e o respeito à arquivologia brasileira, aos arquivos públicos, aos seus servidores e aos arquivistas”, declarou.