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Evento do Pró Integridade do Ministério da Gestão debate mulheres na liderança e combate ao assédio
9ª "Pró-Integridade convida" debate sobre o enfrentamento ao assédio e os desafios das mulheres em posições de liderança na administração pública. Foto: Washington Costa
Nesta quarta-feira (26/2), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) promoveu a 9ª sessão do evento "Pró-Integridade convida", com o tema "Vamos falar sobre mulheres na liderança e assédio?". O encontro promoveu um debate relevante sobre o enfrentamento ao assédio e os desafios das mulheres em posições de liderança na administração pública. Especialistas e representantes do governo discutiram medidas e soluções para promover a equidade de gênero, combater e prevenir violências institucionais.
A abertura foi conduzida por Daniela Gorayeb, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MGI e curadora da sessão, que destacou o papel do Ministério na formulação de políticas públicas inovadoras para o serviço público brasileiro. “Temos essa incumbência permanente de trazer mudanças e novidades com potencial transformador para o ambiente de trabalho, especialmente no combate a essas adversidades”, afirmou.
A mediação ficou a cargo de Patrícia Vieira da Costa, secretária-adjunta de Relações do Trabalho do MGI. Antes do debate, ela apresentou o Plano Setorial de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação (PSPEAD), iniciativa do Governo Federal que estabelece diretrizes para prevenir e combater essas práticas no ambiente de trabalho.
Segundo Patrícia, as ações do Plano estão organizadas em três eixos: prevenção, acolhimento e tratamento de denúncias. “Cada órgão deve analisar o Plano, estruturar e implementar ações alinhadas às diretrizes estabelecidas na portaria, priorizando capacitação e disseminação de informações”, explicou.
A professora e pesquisadora de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Michelle Fernandez, apresentou resultados de uma pesquisa realizada em 2024 com servidoras do Governo Federal, evidenciando que a presença feminina em cargos de liderança ainda enfrenta barreiras significativas. O estudo aponta que sexismo, maternidade e sobrecarga de trabalho são os principais desafios para as mulheres no setor público, além de dificultarem sua ascensão na carreira. O assédio também se destaca como um fator limitador da atuação feminina.
“O combate ao assédio é essencial para que as mulheres possam alcançar e se manter em cargos de liderança. Precisamos de estratégias eficazes para enfrentar o assédio institucional, pois a presença feminina em espaços de poder, por si só, não garante que essa problemática seja eliminada”, ressaltou Michelle.
Ela enfatizou a necessidade de análise contínua das desigualdades de gênero na burocracia federal, destacando a diversidade como fator fundamental para fortalecer a gestão pública. “Evidências científicas indicam que a inclusão de mulheres em cargos de liderança resulta em melhores respostas aos desafios sociais. Além disso, ampliar a diversidade para incluir pessoas negras e outros grupos sub-representados contribui para soluções mais eficazes diante de problemas complexos”, afirmou.
Eduardo Gomor, subsecretário de Temas Transversais do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), trouxe reflexões sobre a dinâmica de gênero na sociedade e a responsabilidade dos homens brancos cisgênero na perpetuação do assédio e da discriminação.
“A masculinidade, alinhada a outros fatores, influencia tanto homens quanto algumas mulheres a reproduzirem o assédio e a discriminação no ambiente da administração pública”, pontuou Eduardo. Ele destacou a importância da criação de grupos reflexivos para homens discutirem comportamento e relações de gênero, além da implementação de ações voltadas para mudanças estruturais.
“Buscamos homens responsivos, que reflitam sobre seu poder e atuem não apenas em sua esfera pessoal e familiar, mas também no combate às desigualdades de gênero em nível social e estrutural”, enfatizou.
O Pró-Integridade é uma iniciativa dedicada ao fortalecimento da cultura de integridade na administração pública, promovendo debates, capacitações e ações para prevenir e enfrentar práticas de assédio, corrupção e discriminação no setor público.
O evento reafirmou o compromisso do MGI com a equidade de gênero e a criação de ambientes de trabalho mais seguros, inclusivos e democráticos. As discussões promovidas contribuem para o aprimoramento das políticas públicas e para um serviço público mais representativo.