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MULHERES NO BRICS
Esther Dweck defende maior protagonismo feminino e equidade de gênero na gestão pública
Ministra Esther Dweck, ao lado de lideranças brasileiras e representantes globais, defendeu o protagonismo feminino na transformação social durante a Reunião Ministerial das Mulheres no BRICS. Foto: Jhonathan Braga
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, participou nesta quinta-feira (24/4) da Reunião Ministerial das Mulheres do BRICS, realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva; das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Cida Gonçalves (Mulheres); além de representantes da sociedade civil e lideranças internacionais, a ministra compôs a mesa de abertura do evento. Dweck destacou a importância de uma gestão pública comprometida com a superação das desigualdades de gênero, reconhecidas como barreiras estruturais ao desenvolvimento. Segundo ela, políticas de Estado voltadas à transformação social devem fortalecer o papel das mulheres como protagonistas.
Durante sua fala, Esther ressaltou a relevância do Brasil no cenário internacional, especialmente no enfrentamento dos desafios globais por meio de uma governança mais inclusiva e sustentável. “O Brasil tem o papel de ser um ponto de força para a construção de uma governança mais inclusiva e sustentável no mundo, diante dos desafios globais que todos enfrentamos”, afirmou. Ela também destacou a inclusão digital de mulheres e meninas como prioridade da pasta. “Nosso ministério atuou no debate do Pacto Global Digital da ONU, destacando a importância da inclusão digital de mulheres e meninas, da governança de dados e do uso responsável da inteligência artificial”, afirmou.
O encontro reforçou o protagonismo feminino em três eixos centrais para a construção de um futuro mais justo e sustentável. O eixo Mulheres, Desenvolvimento e Empreendedorismo trouxe os desafios para a autonomia econômica das mulheres, com ênfase na necessidade de políticas de igualdade salarial - com atenção especial às mulheres negras, indígenas e periféricas - incentivo ao empreendedorismo, ampliação do acesso ao crédito e à inovação, e valorização do trabalho de cuidado. “É muito simbólico estarmos hoje debatendo o papel das mulheres no desenvolvimento e no empreendedorismo. Essa pauta tem relação direta com a minha pasta e com os caminhos que precisamos fortalecer para a inclusão”, afirmou. A ministra ressaltou a importância de ampliar a presença feminina em espaços de decisão econômica e financeira.
No tema Governança Digital, Misoginia e Desinformação, foi enfatizada a urgência de regulamentações e políticas públicas que assegurem a proteção das mulheres contra ataques sexistas e campanhas de desinformação. A ministra sublinhou que a tecnologia deve estar a serviço da justiça e da inclusão, e não da perpetuação de desigualdades. “Esses tipos de violências emergentes precisam ser reconhecidos e enfrentados coletivamente por meio de regulações comuns, compartilhamento de informações e evidências, bem como de práticas exitosas na segurança das mulheres em meio digital”.
Por fim, o eixo Empoderamento das Mulheres, Justiça Climática e Desenvolvimento Sustentável tratou dos efeitos desproporcionais das mudanças climáticas sobre as mulheres, em especial aquelas que integram comunidades vulnerabilizadas, como indígenas, quilombolas e periféricas. Para a ministra, a valorização dos saberes tradicionais e o protagonismo feminino na construção de soluções sustentáveis reforçam o discurso que o Brasil e os demais países do BRICS têm papel decisivo na condução de uma agenda ambiental comprometida com a equidade, a justiça social e a resiliência climática. “Mulheres indígenas, racializadas e periféricas carregam um acúmulo imenso de saberes e práticas sustentáveis. Elas devem ser vistas como protagonistas na busca por soluções climáticas globais”, afirmou Dweck.
A primeira-dama Janja Lula da Silva destacou que a igualdade de gênero é essencial para o crescimento do Sul Global e que o Brasil tem implementado políticas públicas com esse olhar. “As mulheres têm papel central no desenvolvimento das economias”. E ressaltou que o Brasil tem construído diversas políticas públicas com essa perspectiva de gênero. “É urgente avançar na igualdade de gênero. É inaceitável que em pleno século 21 as instituições financeiras não contem com mulheres na sua representação” salientou, lembrando a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff, como exceção ao ser reeleita como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS.
União e inclusão
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou que o Brasil tem defendido diversas pautas sobre a inclusão e a igualdade de gênero durante sua presidência do BRICS. Ela lembrou que, embora haja avanços, ainda há muito a fazer em todos os países. “Existe um debate profundo sobre vida digna, equidade e direitos para nós mulheres da vida global, que, no final das contas, engloba um debate sobre distribuição de renda, poder e riqueza. Um debate que nunca pode ser neutro, pois ele tem que ser de gênero, de cor e de geografia”, defendeu.
Durante sua participação no encontro, a ministra de Direitos Humanos Macaé Evaristo destacou a importância do pacifismo como valor essencial a ser reafirmado pelas mulheres frente aos desafios globais. “Atualmente, em que os ideais democráticos e de direitos humanos são constantemente desafiados pela força bruta, é essencial que as mulheres reafirmem o valor do diálogo e do pacifismo como caminhos de transformação”, disse. Ao tratar da presença feminina nas estratégias de desenvolvimento, Macaé defendeu a união das mulheres como força política e social para enfrentar desigualdades. “Que possamos, com firme presença das mulheres, fortalecer estratégias do Sul global e atuar juntas para barrar toda forma de misoginia e de violência, especialmente contra crianças e meninas.”
A ministra Cida Gonçalves salientou como os trabalhos realizados no grupo são essenciais para promover a inclusão das mulheres e reforçou que o avanço da agenda de gênero exige compromisso coletivo. "Somente com o engajamento de todas e todos poderemos construir um BRICS mais comprometido, avançando nas políticas públicas que promovem a igualdade de gênero e enfrentam as desigualdades estruturais que afetam as mulheres", afirmou. Ela lembrou conquistas recentes do governo federal em políticas que priorizam as mulheres. “Aprovamos a lei da igualdade salarial, combatemos a sobrecarga do cuidado e promovemos políticas públicas que priorizam as mulheres, seja no Bolsa Família, no Minha Casa Minha Vida ou nas bolsas de pesquisa para mães estudantes”, lembrou.
BRICS e o Sul Global
A Reunião Ministerial das Mulheres integra a agenda da presidência brasileira do BRICS em 2025, que tem como lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. A presidência brasileira concentra seus esforços em áreas estratégicas de cooperação, como política e segurança; economia, finanças e comércio; desenvolvimento sustentável e mudança do clima; ciência, tecnologia e inovação; desenvolvimento humano e social; além do fortalecimento do pilar social, por meio de ações voltadas ao engajamento entre os povos .
Neste contexto, a ministra Esther Dweck reafirmou o compromisso da pasta em enfrentar com firmeza qualquer tentativa de retrocesso nas conquistas das mulheres nos espaços multilaterais. Ela lembrou ainda que os países do BRICS reúnem uma parte significativa da população mundial e, por isso, têm responsabilidade nas decisões que afetam o planeta. “Com quase um terço da população mundial, as decisões dos países do BRICS têm repercussão planetária. E não reconhecer o papel das mulheres nesses processos é perder potencial econômico, social e ambiental”, ponderou.
O grupo BRICS, agora ampliado, é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além dos novos integrantes: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia, Indonésia e Irã. Juntos, esses países representam cerca de 39% do PIB mundial, 48,5% da população global, 24% das trocas comerciais internacionais, 72% das reservas de minerais e terras raras, e 43,6% da produção mundial de petróleo.