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Guia ilustrado recria flora e fauna do RJ a partir de fósseis de 50 milhões de anos
Já parou para imaginar como era o Brasil há 50 milhões de anos? Ainda que pensar sobre o passado remoto do planeta seja algo fascinante, nem todos conseguem visualizar concretamente como eram essas formas de vida tão antigas. Pensando nisso, um grupo de paleontólogos resolveu criar o “Guia Ilustrado da Paleobiota de Itaboraí”. Lançada em um evento no início de dezembro, a obra reúne ilustrações retratando a flora e a fauna da Bacia de Itaboraí, e um dos principais sítios de fósseis do país.
Uma das autoras é a paleontóloga e especialista em recursos minerais da Agência Nacional de Mineração Márcia Polck. Ela destaca a relevância científica do Parque Natural Municipal Paleontológico de São José de Itaboraí, localizado a apenas 50 quilômetros do Rio de Janeiro.

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O sítio foi descoberto em meio a uma atividade minerária de extração de calcário que se desenvolveu na região até os anos 1980. Esse material foi utilizado em grandes obras de engenharia, como o estádio do Maracanã e a ponte Rio-Niterói. Ao longo do processo de extração, os mineradores encontraram vestígios históricos e acionaram o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), então responsável pelo patrimônio paleontológico do Brasil.
“É um ótimo exemplo de como a mineração pode acontecer de maneira responsável e concomitante com a paleontologia. Todo o material foi preservado e, nos anos 1990, deu origem a esse parque paleontológico que existe até os dias de hoje”, explica.
Ilustrar para encantar
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A Bacia de Itaboraí abriga um dos poucos registros fósseis de vertebrados continentais do período Paleogeno (entre 54 e 57 milhões de anos atrás) dentro do território brasileiro. Essa época ficou marcada pelo protagonismo das aves e mamíferos, que encontraram oportunidades evolutivas após ao evento que resultou na extinção dos grandes répteis.
O acervo fóssil do parque é bastante rico, pois além das aves e mamíferos ainda inclui espécies dos mais diferentes grupos biológicos, como moluscos, anfíbios (sapos e cobras-cegas), escamados (lagartos e serpentes), testudinos (tartarugas), crocodiformes (crocodilos e jacarés) e sementes e pólens de vegetais.
“Não é o osso do fêmur do dinossauro que encanta as pessoas. Elas precisam ter maneiras de visualizar como seriam aqueles animais. Por isso, resolvemos fazer um livro com um conteúdo mais lúdico e convidamos paleoartistas para reconstituir em imagens as mais diferentes formas de vida a partir dos fósseis, além de explicar como eram sua dieta e habitat”, encerra.
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Bruno Meirelles — ASCOM da Agência Nacional de Mineração |
