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Inclusão em Foco: Estudantes do INES avaliam recursos de acessibilidade em sessão de cinema no Rio de Janeiro
Na última sexta-feira, 30 de maio, em uma ação pioneira pela inclusão audiovisual, a ANCINE e o Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, em parceria com a Paris Filmes, o CineCarioca José Wilker (Grupo Casal) e a RioFilme, promoveram uma sessão especial dedicada ao entretenimento e à avaliação de soluções de acessibilidade no cinema. O filme exibido, “Minha irmã e eu”, da Paris Filmes, foi o ponto de partida para que os alunos do INES, instituição referência na educação de surdos, vivenciassem uma experiência enriquecedora no cinema e analisassem recursos como legendas descritivas e tradução em Libras.
O CineCarioca José Wilker, reaberto com apoio da Prefeitura do Rio e da Lei Paulo Gustavo, por meio da RioFilme, foi escolhido não apenas pela sua estrutura, mas por seu compromisso com a democratização do acesso à cultura. O filme “Minha irmã e eu”, lançado em 2023, representa o retorno do público ao cinema brasileiro no pós-pandemia, como o primeiro filme a ultrapassar a marca de 2 milhões de espectadores desde 2020. O evento simboliza a união de esforços entre governo, setor audiovisual e sociedade civil para garantir que a experiência cinematográfica seja, de fato, para todos.
A atividade educacional e de entretenimento vai além da exibição de um filme. Foi uma oportunidade concreta de protagonismo: os jovens espectadores surdos participaram ativamente da avaliação dos recursos tecnológicos oferecidos. As experiências compartilhadas e as contribuições reunidas ajudarão a orientar melhorias contínuas em políticas públicas de acessibilidade no cinema e no audiovisual.
Durante a atividade, foram levantadas percepções sobre as barreiras enfrentadas nas salas de cinema, hábitos de consumo cultural e sugestões sobre formatos mais inclusivos. Essa participação ativa e qualificada representa um passo importante para o desenvolvimento de soluções que atendam desde os usuários que se comunicam prioritariamente em Libras até os fluentes na leitura em português - revelando a pluralidade da comunidade surda brasileira.
Dados e Estratégias de Inclusão
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o Brasil tem mais de 14,4 milhões de pessoas com deficiência, das quais 2,6 milhões enfrentam limitações auditivas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo IBGE, entre as pessoas de 5 a 40 anos com deficiência auditiva severa (muita dificuldade ou nenhuma capacidade de ouvir), cerca de 22,4% sabiam usar a Língua Brasileira de Sinais - Libras. O mesmo levantamento revelou que 67,6% dessa população não tem instrução ou tem baixa escolarização, o que reforça a necessidade de múltiplas estratégias de acessibilidade.
A ação faz parte de uma diretriz institucional da ANCINE de aprimorar permanentemente os recursos de acessibilidade no setor audiovisual. Com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SNDPD, a Agência vem implementando ações voltadas ao aperfeiçoamento das políticas públicas e à efetiva promoção da acessibilidade nos cinemas e no audiovisual. A estratégia e as ações são de âmbito nacional.
Próximas Etapas e Novas Ações
As experiências e avaliações dos estudantes do INES serão consideradas no desenvolvimento de novas tecnologias e formas de atuação. A inclusão definitiva de pessoas surdas no cinema requer o desenvolvimento contínuo de tecnologias e a articulação de práticas que considerem não apenas os recursos técnicos, mas também sua adequação às diferentes realidades da comunidade surda.
Paralelamente, uma nova etapa, voltada à acessibilidade visual acontece nesse mês de junho, também no Rio de Janeiro, com alunos do Instituto Benjamin Constant.
Na sequência as ações serão ampliadas para São Paulo e Brasília, e depois expandidas para outras cidades.
Ao articular esforços com exibidores, distribuidores e sociedade para garantir experiências cinematográficas, e ao valorizar a participação direta das pessoas com deficiência na criação e avaliação de soluções, a ANCINE reafirma seu compromisso com a construção de um cinema brasileiro inclusivo, de todos e para todos.