Programa Manuel Querino qualifica trabalhadores do DF na área de energia solar

Em um cenário de mudanças no mercado de trabalho, a qualificação profissional se torna fundamental para uma transição justa e inclusiva para todos. Para facilitar a inclusão produtiva dos trabalhadores no mercado de trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego iniciou em dezembro no Distrito Federal novos cursos na área de energia fotovoltaica, numa parceria com a Associação Alternativa Terrazul. O objetivo é qualificar até 750 pessoas, em sete regiões administrativas do Distrito Federal, até o meio do ano.

Os cursos fazem parte do Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional (PMQ) do MTE, lançado pelo governo no final de 2023, que é executado por meio de parcerias com organizações da sociedade civil (OSC), universidades, institutos federais e entes do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em todo país.

O secretário de Qualificação, Emprego e Renda do MTE, Magno Lavigne, destaca que a energia fotovoltaica é uma fonte renovável e sustentável que vem crescendo cada vez mais no mercado, contribuindo para a redução dos impactos ambientais. “A capacitação em energia fotovoltaica surge como uma oportunidade para os trabalhadores se qualificarem e ingressarem em um setor promissor e em expansão”, explicou Lavigne.

No Distrito Federal, os cursos já ocorreram no ano passado, sendo as primeiras turmas do curso de energia fotovoltaica concluídas em dezembro, na Região Administrativa do Varjão. Na Estrutural, as primeiras turmas se formarão no dia 25 de janeiro de 2025, com outras já previstas para iniciarem até o final mês, ministradas na Central de Cooperativa de Materiais Recicláveis do Distrito Federal e Entorno (CENTCOOP), com foco nos catadores e seus familiares.

Para os alunos, como a catadora Vanessa Santos das Neves, de 37 anos, o curso proporciona uma oportunidade de aprender uma profissão nova e rentável. “Essa é uma oportunidade de um novo negócio. Se houver uma cooperativa aqui, será uma boa fonte de renda. Sem falar que ajuda os catadores, pois se produzirá energia aqui e distribuirá para a casa dos catadores”, fala Vanessa.

O coordenador pedagógico do curso, Artur Moret, ressalta que o objetivo não é retirar os trabalhadores de sua função original, mas sim propiciar novas fontes de renda em um mercado em crescimento, como o da transição energética. Nas aulas, os alunos aprendem a dimensionar a quantidade de energia que o cliente precisa, a instalar o sistema e a fazer a manutenção das placas.  Moret adianta que, por meio de parcerias, já estão previstas a instalação desse sistema de energia com os alunos dos cursos. “No Varjão, por exemplo, os alunos vão ajudar a instalar um sistema fotovoltaico em um chafariz. Uma alternativa também é organizá-los em associações ou cooperativas”, adianta Moret.

O mercado na área é amplo e não se restringe somente à instalação do sistema de energia solar.  Segundo a engenheira elétrica, Rebecca Valle Zinho, professora do curso, os alunos podem atuar também como vendedores - por terem conhecimento de como funciona o sistema - e, no pós-venda, acompanharem o cliente. Como carteira assinada, Vanessa calcula que é possível auferir salários entre R$ 1.700,00 e R$ 2.400,00, já como autônomo, a instalação do sistema é cobrada por placa. “Cada placa instalada é R$ 100,00. Se instalar oito placas, que dura em média de um a dois dias, é possível tirar R$ 800,00. Se trabalhar com diária, dá R$ 200,00”, avalia Rebecca.

O aposentado Carlos Moares, 73 anos, conta que veio de outra região do Distrito Federal para fazer o curso na Estrutural, com o objetivo de aprender um negócio novo para complementar a sua renda. “A energia fotovoltaica é um mercado promissor, que trata com a energia limpa, o que é bom para o meio ambiente e me interessa estar cooperando. A minha intenção é trabalhar nesta área que está se abrindo no Brasil”, ressaltou.

Com 100 horas de duração, sendo 40 horas de cidadania e alfabetização digital e 60 horas de conhecimento específico e prático, o curso de energia fotovoltaica também será oferecido em outras regiões do Distrito Federal, como Sol Nascente, Brazlândia, Riacho Fundo 2, Ceilândia e Samambaia.

O Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional - Por meio do Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem como objetivo dar autonomia aos trabalhadores, garantindo acesso ao trabalho decente e a novas oportunidades de renda, oferecendo cursos alinhados com as demandas dos setores produtivos locais, com foco em áreas estratégicas, como economia verde e azul, cuidado e saúde, digital e neoindustrialização, cultura e criatividade, turismo e economia popular e solidária.

Para execução do programa, foram celebrados entre 2023 e 2024 parcerias com 12 universidades federais, oito institutos federais e 20 organizações da sociedade civil (OSC), além dos entes autorizados por meio do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

 Ao todo, foram investidos cerca R$ 309 milhões, sendo R$ 172 milhões de recursos oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e outros R$ 137 milhões via emendas parlamentares, sendo pactuadas 157 mil vagas para qualificação profissional. As parcerias firmadas em 2023 foram executadas no ano passado. As firmadas em setembro de 2024 com as OSCs, ainda estão em desenvolvimento este ano.