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Discurso na solenidade de abertura da XXII Reunião de Conferencistas Estrangeiros - Brasília-DF, 20 de setembro de 1994
Senhoras e Senhores,
É com grande prazer que recebo os participantes da 22ª Reunião de Diretores de Academias Diplomáticas e Institutos de Relações Internacionais.
Com este evento, o Instituto Rio Branco comemora os 50 anos de sua criação. Nesse mesmo ano de 1994, festejamos o sesquicentenário do nascimento de José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, patrono de nossa diplomacia.
A presença de Vossas Excelências em Brasília nesta ocasião é mais uma homenagem a Rio Branco, a quem o Brasil deve tanto na delimitação de suas fronteiras, sempre pela via da negociação, como o estabelecimento dos princípios fundamentais, que até hoje orientam a nossa diplomacia, voltados para a convivência pacífica entre as Nações.
É cada vez mais importante e também mais difícil a tarefa dos diplomatas. A dinâmica das relações internacionais, com suas crises e sua problemática, estão a exigir, continuamente, a presença de diplomatas capacitados a lidar com toda sorte de dificuldades.
O desaparecimento do confronto entre o capitalismo e o comunismo não trouxe de imediato a paz por todos almejada. Crises, em diferentes pontos do mundo, e problemas globais como o desenvolvimento, a proteção do meio ambiente, a democratização das relações internacionais, o fortalecimento do sistema multilateral de comércio que desejamos verdadeiramente aberto, o acesso à tecnologia para os países em desenvolvimento e outros exigem a participação ativa dos diplomatas de todos os países. Daí a importância do treinamento desses profissionais.
Nos seus 50 anos de vida o Instituto Rio Branco tem honrado o legado do seu patrono, José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco. Os diplomatas formados pelo Instituto encontram-se hoje nos quatro cantos do mundo colaborando para a aplicação dos princípios nos quais se baseia a política externa brasileira.
A seleção rigorosa para ingresso no Instituto é seguida por um processo de formação cuidadosa, que prepara o aluno para as suas atribuições na carreira de diplomata. Tem sido ampla a cooperação do Instituto com países amigos, especialmente da América Latina, da África, e mais recentemente da Europa Oriental na preparação de diplomatas.
O Brasil tem um compromisso histórico com a paz. Nossa diplomacia tem por base fundamental os princípios da solução pacífica de controvérsias, da igualdade soberana dos Estados, da autodeterminação dos povos, da não-ingerência e do respeito às normas do Direito Internacional.
Foi com base nesses princípios que o Brasil acabou de dar há pouco tempo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o seu voto em relação à problemática do Haiti, o problema da não ingerência e o respeito às normas do Direito Internacional.
Esse é o grande legado de Rio Branco, em que a diplomacia brasileira atual se inspira para desenvolver os instrumentos que lhe permitam representar um país em transformação e atuar em uma conjuntura internacional em mudança acelerada.
Finalmente, a ação externa brasileira de hoje segue respeitando esses princípios e sua busca de objetivos como o desenvolvimento do país, a afirmação dos valores democráticos, a defesa da paz e da segurança internacionais e a luta em favor de uma ordem global mais democrática, econômica e politicamente mais justa.
Muito obrigado.