Obras de Madeleine e Concessa Colaço no Itamaraty
As artistas
Madeleine Colaço (Tânger, Marrocos, 1907 – Rio de Janeiro, RJ, 2001)
Artista plástica e tapeceira. Mudou-se para Paris (França) aos 12 anos, onde completou seus estudos. Em 1925, tornou-se aprendiz em tapeçaria na escola do Palácio de Kasbah, em Tânger (Marrocos), e em 1928, aprendeu a técnica do ponto de Arraiolos em Lisboa (Portugal). Chegou ao Brasil em 1940 e estabeleceu-se em Petrópolis, onde desenvolveu o "ponto brasileiro", registrado no Centro Internacional da Tapeçaria Antiga e Moderna, na Suíça.
Na década de 1940, fundou a Escola Thomaz Colaço, voltada à formação de artesãs. Sua primeira exposição individual ocorreu em 1953, e entre 1960 e 1990, participou de diversas mostras no Brasil e no exterior, incluindo bienais na Galeria Jacques Ardies. Em 1987, foi agraciada com a comenda da Ordem de Rio Branco. Sua filha, Concessa Colaço, dedicou-se à música e à tapeçaria, e obra de sua autoria também é parte do acervo artístico do Itamaraty.

A obra de Madeleine Colaço é marcante na tapeçaria brasileira, refletindo sua convivência com a natureza e cultura do país. Seus "sambas bordados" incorporam ritmos do samba à técnica, com uma abordagem livre e criativa. Ao invés de seguir normas rígidas, a artista desenha diretamente na tela, usando uma variedade de materiais e cores ousadas. Suas obras são inspiradas na fauna, flora, festas populares, azulejos e na arquitetura colonial brasileiras.
No Itamaraty, suas tapeçarias auxiliam a diplomacia brasileira na função de representar o Brasil.
Concessa Colaço (Lisboa, Portugal, 1928 – Maricá, RJ, 2005)

Tapeceira e musicista. Imigrou para o Brasil com a família aos doze anos. Filha de artistas – sua mãe foi a tapeceira Madeleine Colaço, autora de diversas obras do acervo do Itamaraty - desde cedo desenvolveu talentos para a música e a poesia, tornando-se conhecida como compositora na década de 1960. Suas canções foram interpretadas por artistas como Altemar Dutra, Agnaldo Rayol, Elizeth Cardoso e Ney Matogrosso. Após a morte de seu pai e de seu marido, concentrou-se na tapeçaria e criou um ateliê em Maricá.
Cada tapeçaria sua levava, em média, seis meses para ser confeccionada. Além de usar o ponto arraiolo e o brasileiro (desenvolvido por sua mãe, Madeleine), Concessa usava uma variante do ponto corrido inspirado nas tapeçarias medievais. Empregava lãs e sedas naturais em seus tapetes, confeccionados com cerca de 140 mil pontos em cada metro quadrado. Para obter as inúmeras tonalidades de uma mesma cor, que dão profundidade à tessitura e criam um efeito cambiante, usava lãs já coloridas, mas encomendava tingimentos específicos. No auge de sua produção, a artista trabalhava com dez artesãs.
Em 1985, participou de exposição na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, e em 1989, realiza sua última exposição, na Embaixada do Brasil em Lisboa. Em 1991, recebeu o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, por sua contribuição às artes têxteis no Brasil.
Obras de Madeleine e Concessa Colaço no acervo histórico, artístico e de representação do Itamaraty
As tapeçarias são obras marcantes no Palácio Itamaraty, e muitas delas têm um mesmo sobrenome: o das artistas Madeleine e Concessa Colaço, mãe e filha. Nas fotos, tapeçaria (1967) de autoria da artista plástica e tapeceira Madeleine Colaço (1907-2001), inspirada no planisfério de Marini (1512), o primeiro mapa a usar o nome Brasil para designar o território nacional.
A tapeçaria e o mapa original são parte do patrimônio artístico, histórico e de representação do Itamaraty, e estão, respectivamente, em Brasília e no Rio de Janeiro. Em Brasília, a tapeçaria se encontra instalada no Gabinete do Ministro de Estado das Relações Exteriores, local em que, com frequência, são recebidas autoridades estrangeiras e interlocutores do Brasil no cenário internacional.
A quarta e última foto abaixo mostra “Sou bonito demais”, de Concessa.
Ambas as peças são feitas de lã em ponto brasileiro (ou ponto samba), técnica criada por Madeleine.
Quer visitar o Palácio Itamaraty?
O Palácio Itamaraty oferece visitas mediadas gratuitas, de terça a domingo, em vários idiomas. Saiba mais e agende a sua visita.
Quer saber mais sobre o Palácio Itamaraty e seu acervo?
Acesse a exposição virtual “Elas no Itamaraty: Artistas Mulheres no Acervo do Ministério das Relações Exteriores”.
Baixe a publicação "Palácio Itamaraty" (edição bilíngue português-inglês).
Referências
MADELEINE Colaço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/2528-madeleine-colacowww.enciclopedia.itaucultural.org.br . Acesso em: 14 de janeiro de 2025. Verbete da Enciclopédia. (adaptado)
MATTAR, Denise. Concessa Colaço: concertos bordados / Denise Mattar; organização Arte132 Galeria. -- 1. ed. -- São Paulo: Arte132, 2024. -- (Coleção Concessa Colaço). Disponível em: https://arte132.com.br/wp-content/uploads/2024/11/Arte132_Concessa_Digital.pdf (adaptado)
COLAÇO, Jorge R. B. R. Madeleine Colaço. Rio de Janeiro: Editora Index, 1998.





