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Invisibilidade e inclusão de servidores autistas são desafios para agência
Algumas vezes invisível. Em outras, discriminada. Ao longo dos anos, as pessoas com deficiência (PCDs) se depararam com essas duas realidades ao buscar se inserir no mercado de trabalho. No âmbito legal, as coisas começam a mudar com a publicação da Lei 13146/15, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Desde então, a sociedade vem se moldando para criar um ambiente cada vez mais inclusivo. Nesse 3 de dezembro, quando se comemora o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, conheça algumas das ações que a Agência Nacional de Mineração desenvolve em prol da diversidade.
De acordo com Pedrina Viana Gomes, gerente de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho, da Superintendência de Gestão de Pessoas (GESQV/SGP), um dos principais desafios vem sendo proporcionar a inclusão de pessoas com transtorno de espectro autista (TEA). A agência, que já reunia dois servidores com a condição, recebeu outros seis através o novo concurso público, sendo cinco deles lotados em sua sede em Brasília.
“Tivemos toda uma preparação dentro da casa que envolveu desde gestores e mentores até funcionários. A ideia era encontrar a melhor maneira de lidar com esse público. Nossos psicólogos fizeram uma avaliação individual para entender as características de cada um e mapear suas necessidades”, explica.
Esse trabalho de conhecimento revelou vários traços comuns, como a facilidade com rotinas, cronogramas e metas estabelecidas, o que ajudou a direcionar os servidores para atividades mais associadas a um perfil analítico, técnico e de revisão. “Mas além das similaridades, nossas conversas também identificaram características individuais específicas, como aqueles que precisam de uma sala exclusiva, enquanto outros preferem dividir o espaço com os demais colegas.”
Agora, a SGP planeja um trabalho de sensibilização junto ao público interno, para que os demais servidores entendam as diferenças e saibam como lidar melhor com elas. Nesse sentido, uma das ações previstas é o lançamento de uma cartilha sobre o tema. Outra iniciativa de apoio será disponibilizar uma sala de regulação sensorial, que está em fase de estruturação.
“Em geral, quando as pessoas TEA se veem diante de uma situação estressante, sentem desconforto de forma mais evidente e muitas vezes precisam sair para retomar o equilíbrio emocional. Sem um espaço adequado, elas precisam descer na entrada do prédio ou se trancar no banheiro até se acalmar. Agora, teremos uma sala com controle de luz e temperatura para esses momentos”, diz.
Da invisibilidade à diversidade
Além de servidores com transtorno do espectro autista, também integram o quadro da agência pessoas com diversos tipos de deficiência, como físicas, auditivas, visuais e limitações de mobilidade. “É um tema muito recente na casa. Ainda estamos em um processo de conhecer melhor essas diferenças e pensar em formas de inclusão”, revela.
Nesse sentido, a SGP realizou um realizou uma chamada para que as pessoas com deficiência declarem sua condição. Para isso, deve-se preencher a seção “Outros Dados Pessoais” no perfil do SouGov, onde é possível especificar, inclusive, o tipo de deficiência do servidor. Os dados vão integrar um levantamento sobre a presença de PCDs no quadro da ANM, que deve ser divulgado em janeiro.
“Hoje, temos arcabouço legal bastante avançado que não trata apenas da entrada de quem é PCD, mas também da sua permanência e ascensão. Mas para isso é essencial que as pessoas acabem com a invisibilidade e se declarem. Só assim podemos entender suas necessidades e promover um debate mais qualificado sobre inclusão para construir uma instituição efetivamente acessível”, encerra.
Bruno Meirelles — ASCOM da Agência Nacional de Mineração