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Brasil reforça papel global na diplomacia dos minerais críticos e estratégicos
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A Agência Nacional de Mineração (ANM) participou do Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos 2025, realizado em 28 de maio em Brasília. O diretor-geral Mauro Sousa representou a agência na mesa final do evento ao lado do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, e de Benjamin Gallezot, assessor do gabinete do primeiro-ministro da França.

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O seminário reuniu autoridades de diversos países, especialistas e representantes da sociedade civil para debater o papel do Brasil na geopolítica dos minerais críticos e estratégicos (MCEs), como lítio, terras raras e cobalto. Um dos marcos do evento foi o lançamento do Green Paper “Os minerais críticos e estratégicos na COP30 – Avançar com uma política para os brasileiros e para o mundo”, que defende a criação de um modelo nacional de governança para os MCEs, articulando soberania, justiça climática e valor agregado.
Em sua fala de encerramento, Mauro Sousa destacou que o debate sobre os minerais críticos deve ultrapassar a lógica de acesso restrito por parte de potências econômicas e incluir princípios de equidade global. “Quando falamos em acesso aos minerais estratégicos, discutimos acessibilidade não só de nações, mas de pessoas. É preciso garantir que a riqueza produzida a partir desses minerais também beneficie o desenvolvimento econômico e social de todos os países e povos do mundo”, afirmou.
O diretor-geral da ANM lembrou que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada no Brasil, precisa incorporar a mineração como parte essencial da transição energética. “Não se trata apenas de garantir o fornecimento de minerais, mas de pensar em multilateralismo, cooperação e trocas justas que reduzam as desigualdades entre países com alta capacidade tecnológica e aqueles com recursos naturais estratégicos”, pontuou.
Sousa também fez uma crítica ao distanciamento entre a mineração e a pauta climática: “É necessário que a mineração entre definitivamente na agenda das grandes cúpulas. Não como sinônimo de extração bruta, mas como setor capaz de contribuir com inovação, economia circular e desenvolvimento sustentável”. Para ele, o conceito de “licença social” para operar deve ser central na regulação moderna, com diálogo contínuo com as comunidades e foco no bem-estar social.

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Reunião bilateral com França mira cooperação estratégica
Durante o evento, Mauro Sousa se reuniu com Benjamin Gallezot para discutir uma possível cooperação entre Brasil e França na área dos minerais críticos. A conversa tratou da convergência de interesses estratégicos entre os dois países na regulação e rastreabilidade da cadeia mineral, com destaque para o ouro.
Foram abordados temas como o papel da ANM na governança da energia nuclear, as oportunidades de cooperação técnica com a França, a formulação de políticas públicas que assegurem segurança às populações locais e o desenvolvimento da mineração na Guiana Francesa. Também houve troca de experiências sobre a atuação da Coalizão Global para Ação sobre a Mineração Artesanal e em Pequena Escala de Ouro (ASGM), além de caminhos para melhorar a percepção pública sobre a atividade mineral.
Outro ponto discutido foi o impacto da inteligência artificial na análise de dados minerários, especialmente no aprimoramento de processos regulatórios e na previsão de riscos socioambientais. As partes manifestaram interesse em aprofundar os diálogos para alinhar propostas de gestão, inovação e regulação que coloquem a mineração a serviço da transição energética global.