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MULHERES E MENINAS NA CIÊNCIA
Uma cientista em defesa dos oceanos e do meio ambiente
No dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data instituída pela UNESCO — agência da Organização da Nações Unidas (ONU) especializada na promoção da educação, da ciência e da cultura — para destacar a importância da participação feminina no campo científico. Neste contexto, a trajetória da oceanógrafa Isana Barreto se destaca como um exemplo de dedicação, inovação e impacto social. Desde criança, Isana era curiosa, criativa, gostava de explorar, fazer experiências e ler temas científicos. Hoje, como doutora, ela atua em um dos maiores desafios ambientais do Brasil: os derramamentos de óleo.
Graduada em Oceanografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente (Pospetro) da mesma instituição, a trajetória de Isana é um reflexo da importância de políticas públicas de incentivo à mulher na ciência. Participante do intercâmbio acadêmico na Université d'Aix-Marseille, na França, pelo Programa Ciência sem Fronteiras, ela considera “que a experiência, única e enriquecedora, ampliou seu interesse e envolvimento na pesquisa acadêmica”.
Aos 35 anos, Isana é pesquisadora no Pospetro, vinculado ao Instituto de Geociências da UFBA, em Salvador, na Bahia. O programa recebe recursos da CAPES por meio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP) para desenvolver projetos nas áreas de petróleo e meio ambiente, com ênfase na geoquímica do petróleo e ambiental, nos temas de remediação de áreas impactadas por petróleo e na geoquímica e avaliação de ecossistemas. Mais recentemente, o Pospetro tem atuado em temas relacionados à transição energética.
Para Isana, o aporte financeiro do PROAP é importante para a realização e a continuidade das atividades, sendo usado para o custeio dos trabalhos de campo, a coleta de dados e análises, e a participação em eventos científicos. Além disso, o recurso também garante a manutenção da estrutura geral do curso, incluindo laboratórios, equipamentos e materiais de suporte. “O apoio garante condições adequadas para conduzirmos pesquisas de alta qualidade e para o aperfeiçoamento de profissionais qualificados”, diz.
Foi no doutorado que ela desenvolveu, junto com uma equipe de pesquisadores sob a orientação da professora Olívia Maria Cordeiro de Oliveira, a OilSpillBR, uma plataforma digital integrada em WebGIS que armazena, visualiza e disponibiliza informações sobre acidentes de derramamentos de óleo na zona marinha e costeira do Brasil. "A ferramenta surgiu como resposta ao maior derramamento de petróleo da história do Brasil, ocorrido em 2019”, explica Isana. Na época, o grupo percebeu a falta de dados consolidados e a necessidade de integrar pesquisadores e instituições para ações conjuntas.
O acervo reúne dados de 42 anos (1980 a 2022), incluindo a distribuição espacial, a evolução temporal, as causas, os tipos de óleo e os ecossistemas atingidos. Além disso, ele conecta pesquisadores, promovendo a colaboração para soluções de enfrentamento a esses desastres ambientais.
"Ser mulher na ciência é um desafio constante, mas também uma grande motivação. Quero inspirar outras meninas a seguirem carreiras científicas e mostrar que a ciência pode transformar realidades", diz Isana. Sua pesquisa preenche lacunas do conhecimento e também conscientiza sobre os prejuízos dos derramamentos de óleo, contribuindo para a preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros.

- Imagem: Realização de análises laboratoriais no Programa de Pós-Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente – Pospetro, IGEO, UFBA (Arquivo pessoal)
Ações da CAPES
Atualmente, 50.629 mulheres são bolsistas da CAPES em cursos de mestrado e doutorado no País, o que representa 57,4% do total. As ações da Fundação abrangem tanto o combate à desigualdade existente quanto o incentivo ao interesse das jovens pela ciência, como o Prêmio CAPES Futuras Cientistas, que reconhece o trabalho de estudantes do ensino médio nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Já o Programa Abdias Nascimento, retomado em 2023, destina 50% das bolsas de missões no exterior às pesquisadoras autodeclaradas pretas, pardas, indígenas, pessoas com deficiência ou com altas habilidades. Também foi recriado o Comitê Permanente de Ações Estratégicas e Políticas para Equidade de Gênero que vai sugerir ações e iniciativas para aumentar a representatividade feminina em posições de decisão e de comando na pós-graduação. No Brasil, há 234,1 mil mestrandas e doutorandas, totalizando 54,6% dos matriculados.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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