Pesquisa analisa transformações no uso de espaços urbanos

Imagem: Imagem ilustrativa (iStock)

Pesquisadores das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio Grande do Sul (UFRGS), Ceará (UFC) e Pará (UFPA) analisam, nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, as transformações no uso dos espaços públicos provocadas pela Covid-19, que, segundo o estudo, acirraram desigualdades e vulnerabilidades sociais e urbanas. O objetivo do trabalho é definir elementos relevantes para contribuir com a formulação de projetos e políticas para as cidades, principalmente em relação ao convívio no ambiente doméstico, de uso comum e do trabalho. Coordenado pela professora Denise Pinheiro Machado, do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, o projeto “Espaço, redes de apoio e rotas de fuga: cidades em transformação” foi um dos 40 selecionados pelo Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação – Impactos da Pandemia, lançado pela CAPES em 2021. A iniciativa investirá, até 2026, cerca de R$ 25 milhões na concessão de 353 bolsas mestrado, doutorado e pós-doutorado além de recursos de custeio para estudos relacionados aos aspectos sociais, econômicos, culturais e históricos decorrentes da pandemia.  

Qual foi o objetivo do projeto?
Nosso projeto analisa os impactos da pandemia na cidade, especialmente no que diz respeito ao uso dos espaços públicos, à forma de morar e à saúde pública. Aborda as transformações advindas da pandemia do Covid-19, que impôs novos modos de viver incidindo sobre a cidade e a moradia, e acirrou desigualdades e vulnerabilidades sociais e urbanas. O estudo foca em estratégias de enfrentamento com abordagem transescalar e comparativa em quatro regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, identificando a partir das especificidades regionais e culturais as diferentes facetas dos impactos da pandemia.

O que você destacaria de mais relevante na pesquisa?
A pesquisa envolve quatro contextos regionais distintos e a comparação entre as diferentes realidades é bastante enriquecedora. Os impactos da pandemia nas cidades foram expressivos, seja pela mudança de modos de vida e, consequentemente, no uso e convívio nos ambientes domésticos, seja pela não utilização dos espaços públicos e abertos. Tais aspectos são relevantes para o pós-pandemia, pois de certa forma definem novas práticas sociais e de trabalho que conformam a cidade. Conhecer o funcionamento e os impactos destes arranjos constituem elemento importante para a formulação de projetos e políticas para a cidade.

Quantos pesquisadores se envolveram no trabalho?
Participam do projeto dez docentes das quatro instituições envolvidas: Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ (coordenadora), a UFRGS, a UFC e a UFPA. Além dos docentes, estão envolvidos dois pesquisadores pós-doutorandos, quatro mestrandos, três doutorandos e quatro bolsistas de Iniciação Científica.

Quais os resultados alcançados?
Até o momento, o projeto já formou dois mestres e um doutor. Além da formação de recursos humanos, produziu várias publicações em anais de evento e periódicos. Também propiciou a ampliação de redes de pesquisa por meio da interação entre os membros da equipe. As conclusões parciais da pesquisa remetem à constatação que para além dos desafios na saúde pública, a pandemia afetou os modos de vida. Confinou a população, impôs o trabalho remoto, privou os cidadãos de usufruir da cidade, dos espaços públicos e das atividades de trabalho, lazer, educação e produção.

A pandemia e as medidas decorrentes realçaram desigualdades sociais, econômicas e espaciais pré-existentes no Brasil. As desigualdades e dificuldades que populações marginalizadas enfrentam no acesso à moradia digna se tornaram ainda mais evidentes, principalmente no que diz respeito a deficiências projetuais e construtivas das moradias, bem como às limitações impostas por carências urbanísticas de toda ordem. Verificamos também que a propagação da Covid-19 não é homogênea devido a diferenças socioeconômicas regionais, e nos espaços intraurbanos.

De que forma esse trabalho pode contribuir com a sociedade?
A reflexão sobre os impactos da pandemia nas cidades pode dar subsídios à formulação de políticas públicas, uma vez que conhecer essas novas formas de habitar e conviver na cidade contribui para a definição de prioridades para a sociedade. Ademais, o projeto fornece reflexões sobre a questão da saúde pública nas cidades, tema fundamental no contexto urbano atual. Tais questões podem contribuir para termos cidades mais justas e inclusivas.

Qual a importância do investimento neste tipo de pesquisa?
Consideramos de fundamental importância o investimento neste tipo de pesquisa, pois além de propiciar o avanço do conhecimento, permite a interação entre diversos grupos e instituições, contribui para a formação de recursos humanos e fornece subsídios para a formulação de políticas públicas em diversos setores da sociedade. No nosso projeto especificamente, os impactos urbanos da pandemia constituem tema relevante. A comparação de realidades regionais distintas permite um olhar ampliado e diversificado que enriquecem as análises e resultados.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES