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COP30
Legado da Casa da Ciência impulsiona inovação, educação e proteção da Amazônia
A sede temporária do MCTI em Belém durante a COP30 deixou um legado de pelo menos R$ 1,2 bilhão em fomento à tecnologia e à sustentabilidade para o Brasil. Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
A Casa da Ciência, em Belém (PA), deixou um legado de, pelo menos, R$ 1,2 bilhão em fomento à tecnologia e à sustentabilidade para o Brasil. No período em que ela ficou aberta, de 11 a 21 de novembro, foram anunciados mais de R$ 760 milhões ao futuro sustentável da Amazônia e R$ 460 milhões destinados a editais estratégicos que vão fortalecer instituições, valorizar saberes tradicionais, impulsionar inovação e aproximar a ciência da vida das pessoas.
A sede temporária do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), instalada no Museu Paraense Emílio Goeldi, funcionou durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30). Foi um lugar de debate de soluções climáticas sustentáveis, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Lá, houve exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral.
Para a ministra do MCTI, Luciana Santos, a pasta deixa um legado que vai além dos debates científicos. “Com esses investimentos, reafirmamos que ciência, tecnologia e conhecimento tradicional caminham juntos para promover o desenvolvimento, a justiça social e a proteção ao nosso patrimônio natural e cultural”, destaca.
Programa Nacional de Bioinformática
Também foi na Casa da Ciência que o MCTI lançou o Programa Prioritário de Interesse Nacional em Bioinformática (PPI BioinfoBR), iniciativa voltada ao desenvolvimento de tecnologias nacionais em bioinformática, que abrange o desenvolvimento de hardware, software, algoritmos, infraestrutura de dados e serviços digitais aplicados à biotecnologia. A iniciativa tem como metas criar uma plataforma nacional interoperável e segura, formar e reter talentos especializados, integrar a política industrial de TICs à agenda de bioeconomia e soberania tecnológica, facilitar o acesso a tecnologias avançadas — incluindo computação quântica aplicada à bioinformática — e estimular a inovação aberta ao aproximar empresas de institutos de pesquisa.
Parceria com a prefeitura de Belém
Durante a COP30, a prefeitura de Belém firmou uma parceria de R$ 9 milhões com o MCTI para instalar salas de tecnologia e laboratórios de experimentação científica nas escolas municipais, com o objetivo de aproximar crianças e jovens da ciência, estimular a criatividade e prepará-los para a nova economia digital. Ao longo de 36 meses, o acordo prevê ações conjuntas nos programas Mais Ciência na Escola e Pop Ciência, integrando tecnologias digitais, sustentabilidade e popularização científica ao currículo, além de apoiar atividades educacionais relacionadas à COP30.
Pacto Global da ONU
O MCTI também anunciou, em Belém, um acordo de cooperação técnica com o Pacto Global da ONU para desenvolver e aprimorar ferramentas de adaptação às mudanças climáticas. Ainda em elaboração, a parceria está estruturada em três eixos centrais: o compartilhamento de dados e informações para apoiar decisões de empresas e governos; a realização de estudos, capacitações, pesquisas e eventos voltados à formação técnica e disseminação de conhecimento; e a troca de experiências e o alinhamento de metodologias para criar ferramentas de adaptação climática aplicadas ao setor empresarial, incorporando também a temática da biodiversidade.
Chamada pública internacional para pesquisas na Amazônia
Durante sua passagem por Santarém, o MCTI lançou uma chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq) em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Instituto de Radioproteção e Dosimetria, destinada a incentivar projetos conjuntos entre grupos de pesquisa brasileiros e franceses, com investimento superior a R$ 2,8 milhões.
A iniciativa abrange cinco eixos estratégicos: compreensão, monitoramento, conservação e documentação da biodiversidade amazônica; contribuições presentes e passadas de povos indígenas e comunidades locais para a biodiversidade; cobertura florestal, observação da Terra, mudanças ambientais regionais e sustentabilidade; biodiversidade, saúde humana e alimentação sob a abordagem One Health; e bioeconomia para meios de subsistência inclusivos, economias plurais, bem viver e sistemas alimentares saudáveis.
Protocolo de resposta a desastres climáticos
Junto ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), à Marinha do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o MCTI assinou um protocolo de intenções para fortalecer a prevenção, o monitoramento e a resposta a desastres naturais, unindo capacitação, pesquisa, inovação e melhorias na gestão de riscos climáticos. A cooperação, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 e ao Marco de Sendai, pode mobilizar até R$ 100 milhões para a criação de um Plano Nacional de Enfrentamento às Emergências Climáticas, envolvendo estudos, fortalecimento institucional e novas tecnologias de monitoramento.
Pró-Amazônia
Outro anúncio feito no Pará foi o Pró-Amazônia, programa do MCTI que destina R$ 650 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para impulsionar ciência, tecnologia e inovação voltadas à proteção da Amazônia e ao desenvolvimento sustentável da região. Criado após a instituição da Subsecretaria de Ciência e Tecnologia para a Amazônia (SCTA), em 2023, o programa coordena ações que fortalecem a pesquisa científica, a infraestrutura tecnológica, a bioeconomia e a inclusão social.
Entre as iniciativas, está o apoio ao Museu Paraense Emílio Goeldi, com investimentos em pesquisas, modernização de laboratórios, formação de redes de inovação e revitalização de espaços como o Museu Zoobotânico. O Pró-Amazônia atua em cinco frentes: biodiversidade e biotecnologia; monitoramento ambiental e climático; energia limpa e tecnologias sociais; valorização de povos e comunidades tradicionais; e desenvolvimento territorial sustentável.
Editais
Outro legado deixado foi o anúncio de editais que reforçam o compromisso de transformar ciência e tecnologia em motores de desenvolvimento, especialmente para a Amazônia e áreas de alta relevância socioambiental:
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O Edital Pró-Amazônia 2025 investe R$ 150 milhões em institutos de ciência e tecnologia (ICTs) da Amazônia Legal para financiar projetos em biotecnologia, biodiversidade, energias renováveis, recursos hídricos, urbanismo sustentável, saúde, TICs, inteligência artificial e conectividade. O edital cobre equipamentos, serviços, bolsas e a formação de redes de pesquisa com até três ICTs, inclusive uma de fora da região.
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O Edital Recuperação e Preservação de Acervos 2025, com R$ 250 milhões do FNDCT, apoia ações de recuperação, digitalização e preservação de acervos científicos, históricos e culturais. As propostas variam de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, com execução de até 36 meses e exigência de acessibilidade física e digital, dividindo os recursos igualmente entre acervos científicos e acervos históricos e culturais.
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O Edital Fundos de Investimento em Bioeconomia e Sustentabilidade destina R$ 60 milhões do FNDCT para selecionar até dois Fundos de Investimento em Participações (FIPs) que apoiarão empresas brasileiras focadas em bioeconomia e sustentabilidade. A seleção inclui habilitação, análise de mérito, avaliação técnica e due diligence, valorizando certificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e diversidade nas equipes gestoras. Os fundos escolhidos terão o FNDCT como cotista e financiarão empresas com projetos de economia circular e uso sustentável da biodiversidade.