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Previsto para 2027, relatório do IPCC abordará metodologias sobre captura, remoção e armazenamento de carbono
Delegação brasileira participante da 63ª Sessão Plenária do IPCC, realizada no Peru. Crédito foto: Acervo pessoal.
A 63a Sessão Plenária do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) realizada na última semana de outubro, em Lima, Peru, aprovou o escopo do relatório de metodologias de remoção, captura, armazenamento e uso de carbono. Este é um dos dois relatórios metodológicos que serão elaborados durante o Sétimo Ciclo de Avaliação. A previsão é que seja publicado em 2027.
O relatório considerará remoção, captura ou estocagem de dióxido de carbono, abrangendo processos capazes de remover CO₂ da atmosfera e o armazená-lo de forma duradoura em reservatórios geológicos ou em produtos. O escopo menciona ainda os termos transporte e utilização.
O relatório metodológico não vai revisar as diretrizes de 2006 do IPCC, que são utilizadas em âmbito global para a elaboração do Inventário Nacional de gases de efeito estufa, mas sim prover novas e adicionais orientações onde foram identificadas lacunas ou necessidade de atualização científica.
Depois do processo de elaboração, o documento será revisado por especialistas e só então seguirá para a aprovação no âmbito do IPCC. Para serem incorporadas de forma obrigatória nas orientações de elaboração dos inventários nacionais de GEE, as orientações metodológicas precisam ser aprovadas no âmbito da Convenção do Clima. “Uma vez aprovado pelo IPCC, os países devem tomar essa decisão no âmbito da UNFCCC. Isso pode demorar porque vai implicar em muitas negociações”, explica Andrea Araújo, analista de ciência e tecnologia da Coordenação-Geral de Ciência do Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que integrou a delegação brasileira participante da sessão.
Mais de 300 delegados, incluindo representantes dos governos e organizações observadoras, participaram da sessão que também aprovou o orçamento do órgão científico para 2026 e a realização de uma reunião de especialistas sobre informações climáticas regionais.
Os atlas interativos do IPCC oferecem dados climáticos regionais detalhados por meio de plataformas digitais avançadas, facilitando decisões sobre adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Conforme detalha Araújo, a reunião aprovada vai impulsionar a implementação técnica dos atlas dos Grupos de Trabalho I, dedicado à ciência base da mudança do clima, e II, que aborda os impactos e a adaptação, no ciclo do AR7. A expectativa é de que a medida fortaleça a utilidade científica, ao preencher lacunas de conhecimento, e torne as informações mais acessíveis para cientistas, formuladores de políticas e demais interessados.
Apesar de avanços técnicos, o cronograma de publicações com os resultados dos três grupos de trabalho ainda segue incerto, pois não houve consenso para aprovação da proposta apresentada pelo IPCC. De acordo com Araújo, o debate revelou posições divergentes entre os países que defendem prazos mais curtos, com objetivo de disponibilizar produtos científicos antes de marcos políticos internacionais, como o Global Stocktake previsto para 2028, e aqueles que solicitam um calendário mais longo e inclusivo, de modo a assegurar ampla participação e qualidade das contribuições científicas.
O Sétimo Ciclo de Avaliação do IPCC se iniciou formalmente em julho de 2023 e se encerrará em 2029 com o lançamento do Relatório Síntese.
Acesse aqui o documento que aprovou o escopo do relatório sobre captura, remoção e armazenamento de carbono.
Acesse aqui os sumários para formuladores de políticas traduzidos para o português e demais informações sobre os ciclos de avaliação do órgão científico sobre mudança do clima da ONU.