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SETOR AGROPECUÁRIA
Oficina debate desafios e oportunidades para reduzir as incertezas associadas às estimativas de emissões do setor Agropecuária
Técnicos representantes de cinco países do Cone Sul debateram oportunidades e desafios para reduzir as incertezas associadas às estimativas de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor Agropecuária. A oficina ‘Fortalecimento da transparência e das metodologias para a quantificação das emissões do setor agropecuária do Cone Sul’ foi realizada em Santiago, no Chile, no início de dezembro.
O evento organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) reuniu representantes técnicos da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. A delegação do Brasil foi composta por técnicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Agricultura (Mapa), Embrapa e Instituto Federal de Alagoas (IFAL).
“Um dos principais desafios é reduzir a incerteza nas estimativas de GEE e aprimorar as metodologias aplicadas nos inventários nacionais. Ao superar esses desafios regionais, os países melhorarão seus reportes”, explica o especialista em transparência climática do MCTI, Ricardo Araujo. Os aprimoramentos também permitirão que os países se alinhem às Medidas, Procedimentos e Diretrizes (MPGs, na sigla em inglês) e à Estrutura de Transparência Aprimoradas (ETF, na sigla em inglês) do Acordo de Paris, que guiam a elaboração dos relatórios bienais de transparência.
Na análise sobre as informações do setor Agropecuária dos mais recentes Inventários Nacionais de GEE dos países participantes da oficina, houve destaque para o Brasil, que utiliza níveis de metodologia mais avançados para as categorias-chave do setor, que são aquelas que contribuem de modo significativo para as emissões totais nacionais. Segundo dados do Inventário Nacional de GEE do Brasil de 2022, o setor Agropecuária contribui com 30,5% das emissões totais. As emissões de metano (CH4) provenientes da fermentação entérica do setor, por exemplo, é uma categoria-chave.
Contudo, é comum entre os países a necessidade de desenvolver e aprimorar fatores de emissões específicos para pecuária e solos manejados, que são consideradas categorias-chave. “Isso considera a caracterização adequada dos sistemas de produção e dos parâmetros da pecuária, como peso vivo, dietas, taxas reprodutivas, sistemas de pastoreio, entre outros aspectos. E, de modo geral, a necessidade de aprimoramentos na documentação, na consistência temporal e na rastreabilidade metodológica dos Relatórios Nacionais de Inventário”, detalha o especialista.
A cooperação entre os países que integram o Cone Sul, pode contribuir para desenvolver uma rota de ação que contemple uma estratégia em âmbito regional, de modo a fortalecer as metodologias de estimativas e os sistemas de transparência no setor agrícola. “A colaboração permite identificar lacunas comuns, obstáculos estruturais e possíveis linhas de ação regionais”, avalia Araujo.
O pesquisador do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Stoécio Maia, que integrou a delegação brasileira na oficina, avalia que há duas frentes que precisam ser trabalhadas em âmbito regional para enfrentar o desafio de desenvolver e aprimorar os fatores de emissão específicos para pecuária e solos manejados: melhorar os fatores de emissão e melhorar os dados de atividade. “Para os fatores [de emissão] não vejo outra opção a não ser ações de fomento para pesquisas com foco em derivar fatores regionais. Já para os dados de atividades, é preciso melhorar os censos, e nisso o IBGE pode ter papel essencial”, comenta o pesquisador. Maia ainda menciona a necessidade de estreitar a relação com o setor privado, incluindo as associações das indústrias e os produtores.
Para conhecer melhor os níveis metodológicos e as categorias-chave do Inventário Nacional de GEE do Brasil acesse o Relatório Nacional de Inventário.