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ADAPTAÇÃO
Lacuna de financiamento em adaptação à mudança do clima é ‘alarmante’, aponta agência da ONU
O Relatório sobre a Lacuna de Adaptação 2025 publicado na quarta-feira (29) pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) aponta uma lacuna ‘alarmante’ no financiamento global de adaptação em meio ao aumento da temperatura global e da intensificação dos eventos climáticos extremos. O relatório apresenta um balanço global do grau de risco climático e avanço na adaptação.
A revisão do documento contou com a colaboração da equipe técnica de impactos, vulnerabilidades e adaptação do projeto Ciência&Clima, executado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Segundo a agência da ONU, as necessidades de financiamento para adaptação nos países em desenvolvimento são estimadas em mais de US$ 310 bilhões por ano até 2035, o que representa cerca de 12 vezes os fluxos atuais de financiamento público internacional para adaptação. O número é baseado em custos modelados.
O relatório sinaliza ainda que houve queda no fluxo de financiamento para adaptação dos países em desenvolvimento. Se as tendências continuarem, a meta do Pacto Climático de Glasgow, de dobrar o financiamento público internacional, não será alcançada.
A Meta Coletiva Quantificada para financiamento climático, acordada na COP29, de pelo menos US$ 300 bilhões por ano para ações climáticas até 2035 é insuficiente para fechar a lacuna de financiamento.
“Precisamos de um esforço global para aumentar o financiamento para adaptação – tanto de fontes públicas quanto privadas – sem aumentar o endividamento das nações vulneráveis. Mesmo com orçamentos apertados e prioridades concorrentes, a realidade é simples: se não investirmos em adaptação agora, enfrentaremos custos crescentes a cada ano”, afirmou a diretora executiva da UNEP, Inger Andersen, em comunicado.
Qualidade das informações - O relatório apresenta avaliação sobre as informações sobre impactos climáticos e adaptação contidas nos primeiros relatórios bienais de transparências que foram submetidos pelos países até 31 de agosto de 2025 à Convenção do Clima.
O relatório brasileiro está classificado com pontuação entre 101 e 300 pontos, considerada uma boa avaliação. O país também foi destacado como ‘exceções notáveis’ por apresentar informações detalhadas sobre gênero, raça e etnias. O capítulo de adaptação do BTR1 do Brasil apresenta um panorama atualizado sobre as circunstâncias, que detalha o perfil da população brasileira e a perspectiva de gênero; sobre impactos, vulnerabilidades e adaptação, em que compila os números mais relevantes sobre as mudanças observadas no clima nos últimos 60 anos; acompanhado de prioridades, estratégias e o progresso na implementação das ações, entre outras informações.
Brasileiras revisoras – As integrantes da equipe técnica da componente de Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação do projeto Ciência&Clima, participaram do processo de revisão do documento apoiando diretamente os autores.
As especialistas brasileiras, Mariana Paz e Natália D’Alessandro, destacam que a experiência no fornecimento de subsídios técnico-científicos para a elaboração do Plano Clima Adaptação e do Primeiro Relatório Bienal de Transparência do Brasil ajudaram na revisão do relatório global sobre as lacunas de adaptação, pois a estrutura metodológica utilizadas três documentos estão alinhadas.
Os documentos brasileiros seguiram a metodologia consolidada internacionalmente sobre o ciclo iterativo da adaptação, que considera as fases de análise de rico climático, planejamento, implementação e monitoramento e avaliação. “A experiência [nacional] foi importante para contribuir com algumas lacunas e desafios encontrados em nível global. Também contribuímos com a indicação de destaques no texto que consideramos importantes”, explica D’Alessandro.
As contribuições enviadas pelas especialistas também envolveram a recomendação para incorporação adicional de dados, considerações e destaque sobre desigualdades, justiça climática e gênero, e da utilização dos documentos que respaldam a transparência climática.
“É importante que países do Sul global contribuam para esses relatórios”, afirma Mariana Paz sobre a importância da representatividade.
Acesse o Relatório de Lacuna de Adaptação na íntegra aqui (disponível em inglês).
Saiba mais: Ciência&Clima é o projeto de cooperação técnica internacional executado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na sua implementação e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que elabora as Comunicações Nacionais, os Relatórios de Atualização Bienal e os Relatórios Bienais de Transparência do Brasil à Convenção do Clima. O projeto trabalha para fortalecer as capacidades nacionais na implementação da Convenção do Clima e promover a conscientização sobre os impactos da mudança do clima no país. Acesse: https://www.gov.br/mcti/cienciaclima