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Estudo destaca a evolução de mulheres no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
"Não sei se todos vocês tiveram a sensação que eu tive: este Conselho é um 'clube do bolinha'." A declaração feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, durante uma reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), tornou-se um marco simbólico.
Segundo estudo da Assessoria do CCT, a participação de mulheres atingiu neste ano o patamar mais elevado desde a criação do órgão, em 1975: 28,17% das cadeiras são ocupadas por mulheres. Embora a paridade ainda não tenha sido alcançada, o crescimento é expressivo, considerando que entre 1975 e 1996 há o registro de apenas uma mulher ter sido membro do CCT, a química e professora, Yeda Pinheiro Dick e entre 1996 e 2002, nenhuma mulher havia feito parte do colegiado.
A pioneira, após a institucionalização do Conselho, foi Wrana Maria Panizzi, indicada em 2003 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Desde então, a presença de mulheres se ampliou de forma progressiva, com destaque para os últimos anos.
Outras mulheres tiveram a liderança destacada ao longo dessa trajetória. Dilma Rousseff, antes de assumir a Presidência da República, integrou o Conselho como Ministra da Casa Civil e, entre 2011 e 2016, foi a primeira mulher a presidi-lo como chefe de Estado. Já Luciana Santos, atual Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, ocupa desde 2023 a vice-presidência do colegiado — também como primeira mulher na função.
Para Luciana Santos, a inclusão das mulheres na ciência precisa ir além da abertura de portas. "Mais do que o acesso, é necessário assegurar a permanência e a ascensão das mulheres na ciência e tecnologia. Isso não é só uma questão de justiça, é também uma questão de excelência", destaca a Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação.

- Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e vice-presidenta do CCT, defende a ascensão de mulheres na ciência como questão de excelência e desenvolvimento nacional. Foto: Rodrigo Cabral/MCTI
O estudo aponta diversos nomes relevantes para a história do colegiado. Entre eles cientistas da academia e/ou de instituições de pesquisa, como Helena Bonciani Nader (ABC) e Silvia Massruhá (EMBRAPA), do governo federal, em sua turma de dez mulheres, reitoras das universidades, como Sandra Goulart (UFMG) e Aldenize Xavier (UFOPA), representantes dos estados, caso de Francilene Garcia e Denise Carvalho (CONSECTI) e Maria Zaira Turchi (CONFAP), bem como o setor empresarial, Gianna Sagazio. A diversidade de trajetórias dessas mulheres fortalece o papel do CCT como espaço de formulação de políticas públicas mais representativas e eficazes. Em 2024, a cientista Altaci Corrêa Rubim entrou para história como a primeira mulher indígena a integrar o CCT, representando o segmento de produtores e usuários de ciência e tecnologia.

- Evolução da presença de mulheres no colegiado pode ser visualizada no gráfico abaixo, que mostra a variação do número de conselheiras ao longo das décadas
Com a consolidação das conquistas recentes, o CCT segue em processo de transformação. Ao completar 50 anos, o Conselho reafirma o compromisso de refletir, cada vez mais, a pluralidade da sociedade brasileira.
Acesse o estudo completo sobre a presença de mulheres no CCT: Estudo - Presença de Mulheres no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (2023).
