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Ciência em Rota de Volta: CCT alerta para importância de investir e reter cientistas brasileiros
Foto: Reprodução/ABIFINA
O anúncio do presidente Lula sobre a intenção de repatriar cientistas brasileiros ameaçados por cortes e restrições nos Estados Unidos sob a administração Trump, reforça uma pauta que já vinha sendo discutida pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). Ainda em 2024, a Comissão Temática I do CCT havia alertado para a urgente necessidade de valorização e retenção de talentos científicos no país — um ponto estratégico para o futuro do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI).
A movimentação do governo é respaldada por diagnósticos já realizados pelo próprio CCT. A chamada “fuga de cérebros” foi um dos principais pontos debatidos pela Comissão I, responsável pelo tema “Recuperação, Expansão e Consolidação do SNCTI”. Em análise da nota técnica elaborada pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), a Comissão Temática Setorial do CCT destacou que a baixa remuneração, a falta de infraestrutura e a escassez de recursos comprometem não apenas a permanência de pesquisadores no Brasil, mas também a capacidade de o país competir em setores de tecnologia avançada.
Como solução, a comissão defendeu a criação de programas robustos de financiamento à pesquisa, instalação de centros de excelência com tecnologia de ponta e estímulo à produção científica e à inovação. A nota técnica aprovada ainda recomenda que, além de políticas internas, o Brasil deve buscar se inserir em redes globais de pesquisa, estabelecer programas de intercâmbio e posicionar-se como um polo atrativo para talentos científicos do mundo inteiro.
Ações em curso
Nesse sentido, programas como o “Conhecimento Brasil”, lançado em 2024 pelo CNPq, surgem como instrumentos promissores. A iniciativa atua em duas frentes — atração e fixação de pesquisadores brasileiros no país — e já está sendo integrada ao esforço mais amplo de recuperação do protagonismo científico nacional.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a repatriação de cientistas deve dialogar diretamente com prioridades nacionais, como o fortalecimento da pesquisa em vacinas, estudos clínicos e biotecnologia, além do lançamento de um edital pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI) para facilitar o financiamento das pesquisas científicas e fortalecer o cenário nacional. “Estamos falando de investimento direto em soberania científica e tecnológica”, frisou.
A convergência entre o debate técnico do CCT e a diretriz política do governo Lula indica que o Brasil pode estar diante de uma inflexão importante: o reposicionamento estratégico da ciência como eixo estruturante do desenvolvimento e da soberania nacional.
Segundo a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a medida busca responder à "efervescência de cérebros" diante da crise geopolítica global, especialmente em países que restringem a liberdade acadêmica. “Estamos formatando um edital que possa atrair esses talentos, que estão dispostos a vir onde há liberdade para criação, pesquisa e desenvolvimento. Afinal, esse é um grande patrimônio da nossa ciência”, afirmou.