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EDUCAÇÃO INTERIORIZADA
UEA forma professores no interior da Amazônia

- Imagem: Primeira turma do curso de Licenciatura em Pedagogia do Campo da UEA formou 34 professores (Divulgação)
Desenvolvido via Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema coordenado pela CAPES, o curso de Licenciatura em Pedagogia do Campo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) concluiu sua primeira turma no mês de julho. Foram formados 34 professores com base em um projeto pedagógico desenvolvido especificamente para o contexto de comunidades situadas em Unidades de Conservação.
O curso foi realizado no Território Médio Juruá, no município de Carauari (AM), situado no oeste do Amazonas, a cerca de 800 quilômetros em linha reta da capital Manaus, e 1600km em meio fluvial. O Território contabiliza nada menos que três Unidades de Conservação, uma Floresta Nacional e quatro terras indígenas, porções que, somadas, representam 48% da área. Ao longo do rio Juruá, existem cerca de 60 comunidades ribeirinhas, que enfrentam um deslocamento de até dois dias entre a sede do município e a comunidade mais distante. O Juruá engloba áreas consideradas prioritárias para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, incluindo áreas que variam de importância alta a extremamente alta.
A história dessa oferta iniciou há mais de 10 anos, quando diversos órgãos e entidades parceiras que atuam na região perceberam a dificuldades de adaptação dos professores da cidade, que eram deslocados para atuarem nas comunidades. Iniciaram, então, a luta pelo curso de Pedagogia do Campo, com foco em uma educação de qualidade, com respeito à identidade das crianças que cuidarão das florestas no futuro. Hoje, vinte e sete dos 34 egressos já estão contratados como professores e lecionam em suas comunidades de origem.
Maria José da Silva é uma das formadas pelo curso. Atualmente, é professora de Educação de Jovens e Adultos em sua comunidade. “Mais do que uma oportunidade, experiências incríveis e conhecimentos riquíssimos — acadêmicos e de vida —, cursar Pedagogia do Campo, acima de tudo, permitiu-me compreender a minha realidade cultural, regional, local e humana, sobre o meu território: o Médio Juruá”, afirmou.
Fábio Gondim, egresso do curso, leciona na comunidade Bauana, onde nasceu e viveu. "A educação do campo, das águas e das florestas transforma, amplia horizontes e molda o caráter e a perspectiva do sujeito, nesse sentido, contribui para o crescimento de educadores críticos e reflexivos, que não medem esforços na busca por uma educação de qualidade, que valorize os conhecimentos e saberes tradicionais das populações ribeirinhas."
Flávio do Carmo é representante da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC). Ele reconhece a importância do curso para a região do Médio Juruá, agradece à CAPES e a todos as instituições e aos parceiros envolvidos. “Este momento de formatura é muito importante para relembrarmos todas as dificuldades, mas também de projetarmos o futuro. Esperamos formar mais turmas.”, disse Flávio.
Servidora da CAPES, Silvia Rodrigues acompanhou a implementação do curso na Diretoria de Educação a Distância. A analista em Ciência e Tecnologia classifica o momento da formatura como “emocionante”, uma vez que a logística atípica da região trouxe inúmeros obstáculos para a realização das atividades. “As dificuldades só foram superadas com organização e empenho de todos os parceiros.”
Na visão da coordenadora do curso, Lucinete Gadelha, pensar a formação de professores da educação básica no Brasil exige “fortalecer o processo de resistência dos grupos sociais sub-representados, a partir de aspectos teóricos-metodológicos cujos pilares são o conhecimento, prática e engajamento, que façam a articulação dos sujeitos com o outro, com a vida e com o trabalho”, finalizou.
O intuito é que o projeto se torne referência para outras localidades da Amazônia e demais biomas brasileiros que apresentem o desafio de levar educação a populações extremamente isoladas.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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