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Trabalho aborda teatro com artistas com deficiência visual

- Imagem: Bolsista Lucas Pinheiro (Arquivo pessoal)
Lucas de Almeida Pinheiro é bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), mestre e doutor em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, atualmente, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Bolsista da CAPES/MEC na etapa final de seu doutorado, o pesquisador foi premiado com o Prêmio Jabuti Acadêmico de 2025 pela tese que aborda o trabalho de grupos brasileiros de teatro que contam, em seus elencos e equipes criativas, com pessoas e artistas com deficiência visual. Em sua segunda edição, a premiação, entregue em agosto, valoriza a excelência da produção científica, técnica e profissional nacional.
Sobre o que é o seu livro? Explique o conteúdo da sua produção.
O livro é resultado da minha tese de doutoramento defendida em 2022, e que aborda o trabalho de 13 grupos brasileiros de teatro que possuem, nos seus elencos e equipes criativas, pessoas e artistas com deficiência visual — incluindo toda a gradação que abrange essas deficiências. Na obra, trato dos processos criativos desses grupos, bem como de suas perspectivas éticas, estéticas e políticas em relação ao acesso à criação cênica, à fruição artística e aos processos de ensino-aprendizagem voltados para a linguagem teatral. Identificando as particularidades de cada grupo, o que há em comum entre eles e o que diverge, organizei suas produções e perspectivas em torno de três eixos temáticos: os sentidos, as palavras e a mimese.
O que vale destacar de mais relevante?
Considero mais relevante destacar a potência desses artistas, que, por conta das suas condições e de todo o capacitismo arraigado na sociedade, encontraram muita dificuldade para fazer teatro. Ainda assim continuaram fazendo teatro e criando um teatro próprio e particular. Entendendo a cegueira ou a sua baixa visão não como uma dimensão debilitante, que as impediria de fazer teatro, mas, justamente, como algo que provoca um outro tipo de fazer teatral.
De que forma o seu livro pode contribuir para a sociedade?
Entendo que, por tratar o teatro como um espaço de arte que deve ser para todas as pessoas, independentemente de quem sejam, o livro contribui nessa dimensão. Ao mesmo tempo, ele demarca, destaca e traz para o âmbito acadêmico a relevância, a potência e a existência desses artistas com deficiência visual no teatro brasileiro. São artistas que ainda têm suas narrativas e histórias pouco tratadas no ambiente acadêmico, felizmente, algo que tem se modificado nos últimos anos. O livro se configura, assim, como um dos dispositivos que pode corroborar com essa mudança, não só no ambiente acadêmico, mas também na sociedade, na compreensão de que a arte é para todos. No entanto, dependendo da pessoa, sua criação artística, sua fruição e seu processo de aprendizagem daquela linguagem serão diferenciados, devem ser diferenciados, e essa diferença é potência.
Qual a importância para você de ter sido premiado?
A importância é o reconhecimento desse trabalho que eu desenvolvi nos últimos dez anos. É também a relevância da visibilidade que o prêmio trouxe para a obra e para os artistas que compõem essa obra comigo.
De que forma a bolsa da CAPES/MEC contribuiu para sua formação?
Todo o meu último ano de escrita da tese foi financiado pela CAPES/MEC, e esse recurso foi fundamental para que eu pudesse me dedicar centralmente, durante um ano, à organização de todo o material, das entrevistas e de tudo o que havia levantado ao longo da pesquisa, para então organizá-lo no livro. A bolsa foi, portanto, essencial. Tenho demarcado isso constantemente nas entrevistas que tenho concedido: sem a bolsa, seria muito difícil o trabalho atingir o nível e a qualidade de organização que teve, pois foi um ano em que pude me dedicar única e exclusivamente à escrita e à organização desses materiais. Sem o apoio da bolsa da CAPES/MEC, isso teria sido impossível.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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