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PRÊMIO CAPES DE TESE
Reabilitação humanizada para PCDs é tema central da pesquisa
A ganhadora na área Interdisciplinar do Prêmio CAPES de Tese, Camila Dubow, uniu sua formação em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) à experiência como servidora na Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul – atuando como coordenadora regional da Política de Saúde da Pessoa com Deficiência durante o doutorado, com apoio da bolsa CAPES/MEC –, para que o atendimento a pessoas com deficiência seja transformado e humanizado. Este é o tema central da tese Singularidade no cuidado às pessoas com deficiência: implementando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde em um Serviço de Reabilitação Física do Sistema Único de Saúde. O estudo implementou com sucesso a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) em um serviço de reabilitação, criando um modelo de cuidado mais humanizado, interdisciplinar e focado na singularidade de cada paciente.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique o conteúdo da sua tese.
A Tese de doutorado teve como objetivo analisar a implementação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em um serviço de reabilitação física do Sistema Único de Saúde (SUS), localizado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O estudo, de abordagem qualitativa e do tipo pesquisa-ação, foi realizado entre 2021 e 2023, envolvendo profissionais de saúde, acadêmicos, pessoas com deficiência e integrantes da rede de atenção. A pesquisa foi estruturada em cinco eixos: entrevistas com usuários sobre o modelo de atenção à saúde; grupos focais com a equipe do serviço; oficinas de formação sobre a CIF; aplicação da CIF nas avaliações clínicas por meio de um software desenvolvido pela equipe; e avaliações permanentes dos processos. A análise dos dados foi feita com base na análise de conteúdo. Como resultado, foram produzidos cinco artigos científicos que abordam desde o uso de tecnologias do cuidado até a relação da CIF com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Além disso, diversos produtos técnicos foram desenvolvidos, como cartilhas, e-books, documentário, podcast e um software próprio, os quais contribuem para a disseminação do conhecimento e para o aprimoramento das práticas em reabilitação. A pesquisa evidenciou a importância de uma abordagem biopsicossocial e interdisciplinar no cuidado às pessoas com deficiência, podendo servir como modelo para outros serviços e para a qualificação de políticas públicas no SUS.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O principal destaque da minha pesquisa é a capacidade de gerar impacto real na sociedade. A ciência precisa extrapolar os muros das universidades e das revistas científicas para transformar a sociedade. A implementação prática da CIF em um serviço público mostrou ser possível aplicar o conhecimento acadêmico diretamente na rotina dos profissionais, o que qualifica o cuidado em saúde e promove inclusão. A pesquisa também proporcionou inserção social ao valorizar a singularidade de cada pessoa no processo de cuidado, tornando o atendimento mais humanizado, interdisciplinar e centrado nas reais necessidades dos usuários.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A pesquisa contribui com a sociedade ao propor um modelo de cuidado mais inclusivo e singularizado para pessoas com deficiência. Ao aplicar a CIF, os profissionais conseguem entender melhor os desafios e potencialidades dos usuários, o que melhora a qualidade do atendimento e fortalece a rede de cuidados, aprimora a comunicação entre equipes e promove a inclusão nos serviços de saúde. A integração entre diferentes áreas do conhecimento proporcionou um olhar ampliado sobre os determinantes da funcionalidade e contribuiu para a construção coletiva de soluções viáveis e sensíveis, potencializando o trabalho em rede e a integralidade do cuidado. A pesquisa também pode servir de base para políticas públicas e para a formação de profissionais de saúde. Assim, a tese gera impactos diretos para o SUS e para a população com deficiência, ao oferecer ferramentas concretas para a qualificação dos serviços, estimular processos de educação permanente e fomentar a inclusão da CIF como instrumento de planejamento e avaliação da atenção à saúde.
Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
Receber o Prêmio Capes de Tese foi uma honra imensa e um momento de grande emoção em minha trajetória acadêmica. Quando soube que a tese havia sido premiada, senti uma mistura de surpresa, gratidão e alegria. É muito gratificante ver anos de dedicação reconhecidos dessa forma. Esse reconhecimento em nível nacional reforça a relevância da pesquisa e motiva a dar continuidade à contribuição para a ciência e para o SUS. É também uma forma de dar visibilidade à luta das pessoas com deficiência por um cuidado mais justo e respeitoso. O prêmio representa não apenas o esforço individual, mas também o apoio coletivo de orientadores, bolsistas e instituições que estiveram ao meu lado durante o doutorado.
De que forma a bolsa da CAPES/MEC contribui para sua formação?
A bolsa foi fundamental para que eu pudesse me dedicar integralmente aos estudos, e à pesquisa, além de participar de eventos científicos e realizar formações. Por essa modalidade de bolsa permitir vínculo empregatício, foi possível conciliar a atuação profissional com o doutorado. Sem esse apoio, teria sido muito mais difícil alcançar os resultados obtidos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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